Renata Sorrah
Foto: TV Globo/Divulgação
As personagens vividas por Renata Sorrah costumam fazer muito sucesso. Quem não se lembra, por exemplo, de Heleninha Roitman, a alcoólatra de Vale Tudo (1988), ou de Nazaré Tedesco, que roubava a filha de Maria do Carmo (Susana Vieira), em Senhora do Destino (2004)? Mesmo assim, a atriz, de 67 anos, abusa da modéstia e diz que tudo não passou de sorte. Atualmente, atrai os olhares como a barraqueira Gláucia Beatriz, de Geração Brasil, que, com certeza, já entrou para a história!
Como está o novo trabalho?
A novela é bem escrita e tem essa ideia de falar sobre tecnologia, que significa poder. Quando bem usada, claro. Com ela, pode-se ter acesso ao conhecimento. Fui convidada pelos autores (Filipe Miguez e Izabel de Oliveira) e pela Denise Saraceni (diretora) e não pude recusar.
Você é adepta da tecnologia?
Não sou profissional, mas tenho computador e uso bastante. Mas prefiro conversar cara a cara a me relacionar por meio do computador.
Acha que a nova geração está se comunicando só pela internet?
Acho, mas acredito que isso se equilibre. Outro dia, alguém me contou uma história sobre uma mulher, dizendo que eram muito amigas, mas que nunca tinha ouvido a voz dela. Quer dizer, são amigas virtuais. Pensei e disse: “Que pena!” É ruim perder o contato humano, e espero que isso se equilibre, e que a gente não se transforme em robôs.
Então, a modernidade afasta?
Olha, para mim, o teatro é uma das coisas mais modernas que existem, porque é o lugar aonde você vai e assiste àquela história, com uma pessoa na sua frente lhe oferecendo o que ela tem de melhor, sem máquina no meio. Acho moderníssimo! Então, depende de como as novidades são vistas e usadas. Pode afastar ou não.
Gláucia é mesmo uma vilã?
Na sinopse, ela aparece como vilã, mas sempre fico na dúvida. Mas acho que a pior coisa que fez foi rejeitar o filho, que ela odeia. Entrei até em sites para me informar, porque há sites de mães que não gostam dos filhos, e achei difícil falar disso.
Entre Titina Medeiros (Marisa), Luiz Henrique Nogueira (Silvio), Miguel Roncato (Danilo) e Valentina Bandeira (Danusa), sua família na ficção
Foto: TVGlobo/Divulgação
E o lado sedutor da personagem?
Ela provoca bastante, né? Talvez, na juventude, com essa coisa de ficar batendo perna para lá e para cá, ela tenha conquistado muitos homens (risos). Mas não é tipo Nazaré (sua personagem em Senhora do Destino) nem chega perto.
Você escolhe seus papéis?
No teatro, sim. Tenho orgulho da minha história nos palcos. Na TV, não tem tanto essa de escolher, mas tive muita sorte. Sempre me convidaram para ótimos papéis. Não me lembro de ter feito nada que não quisesse.
Você se inspirou em alguém para fazer Gláucia?
Não (risos)! Fui a Taquara (zona oeste do Rio) e achei o máximo. O bairro é alegre, não um subúrbio que quer ser zona sul. Há muitas pessoas interessantes. E espero que consiga passar esse orgulho das pessoas que moram lá, porque a Gláucia sente isso. Tenho a impressão de que, mesmo rica, não sairia de Taquara.
Concorda quando dizem que Gláucia tem um quê de Nazaré?
Ela não tem nada da Nazaré. A única coisa em comum é o tom de comédia. A Nazaré passou. Não dá para comparar com todas as outras que interpretei, que também são ótimas.
Em cena inesquecível, a vilã rapta o bebê de sua filha adotiva
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