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Otaviano fala sobre ter programa próprio e a relação com Flávia Alessandra

Ele já se casou quatro vezes com a atriz e sonha com programa de auditório

Por Elizabete Antunes | Beleza Brenno Melo/Capa MGT | Assistente de fotografia Nathalia Atayde
16 jul 2018, 20h09
Otaviano Costa (Jorge Bispo/CLAUDIA)
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No jardim da frente, um pula-pula divide o espaço com a escultura moderna de uma mulher, assinada pelo artista mineiro Leopoldo Martins. Na sala, vê-se um piano branco, de cauda, imponente, e também obras de Carybé, Nina Pandolfo e Juarez Machado.

A casa aconchegante, de muito bom gosto, fica em um condomínio de luxo da carioca Barra da Tijuca. O apresentador, ator, radialista e dublador Otaviano Costa, 45 anos, recebe a reportagem de CLAUDIA demonstrando carinho. “Venham aqui para dentro; tá friozinho”, convida, enquanto a equipe toma um café perto da piscina e da churrasqueira. Há conchinhas decorativas espalhadas por todo canto.

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(Jorge Bispo/CLAUDIA)

Na conversa, Ota – como é chamado pelos amigos – fala do forte desejo de ter um programa de auditório para chamar de seu. Com o Vídeo Show fora do ar, por causa da Copa do Mundo, ventila-se que, na volta, ele e a atriz Sophia Abrahão, com quem divide a ancoragem, serão substituídos [A entrevista foi dada anteriormente, e, nesta segunda-feira, 16 de julho, Otaviano se despediu do “Vídeo Show”. No Instagram, deixou no ar a preparação de um novo programa].

Na renovação, Otaviano enxerga boas chances de emplacar o projeto dos seus sonhos. “Ainda não tem nada definido, mas sempre deixei muito claro para a emissora que eu quero retomar o trabalho de comunicador”, explica. “Eu estou depositando o meu futuro na Globo? Sim, e já tive várias conversas com a direção. Sou louco pelo contato com o público”, justifica ele, que permanece há cinco anos no Vídeo Show.

Ota entende isso como hora de mudar. “Quero improvisar, brincar mais, cantar, chorar… Eu sou um comunicador, ora!” Para ele, “apresentador gosta só de ler teleprompter (equipamento que mostra o texto a ser dito pelo profissional diante das câmeras)”.

O que é bonito de ver nele é a sinceridade. Outros nomes globais esconderiam o desejo, não o revelariam numa entrevista – pois ele pode não vingar. Nem admitiriam, como Otaviano, a campanha de convencimento sobre quem decide na empresa. Esse comportamento é comum na seara política.

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Se um candidato a ministro do Supremo faz visitas a políticos influentes pedindo que o indiquem ao presidente da República para, então, ascender à seleta corte máxima da Justiça, por que um artista não pode deixar claro o seu propósito de subir de patamar e comandar um auditório? Além da aspiração vocacional, será também um upgrade na carreira dele.

Comunicadores de programas assim enriquecem com salários atrelados a merchands e se mantêm por anos no ar. Diferentemente da maioria dos atores, que só ganha quando está na novela. Silvio Santos, do SBT, Faustão, da Globo, e Rodrigo Faro, da Record, fizeram seus respeitáveis e invejáveis patrimônios nesse formato.

Um teimoso eterno

Otaviano sabe vender seu peixe. Vencer uma batalha à base de insistência é com ele mesmo. Mudou-se de Cuiabá para São Paulo aos 14 anos com a desculpa de estudar e jogar vôlei profissional pelo Esporte Clube Banespa. O que queria, na verdade, era o rádio.

Fazia plantão na porta da Jovem Pan todos os dias. “Imitava vozes, som de sirene, bateria eletrônica”, recorda. Não demorou a invadir os corredores da emissora para intensificar a peleja. “As pessoas me olhavam como se eu fosse um maluco. Mandavam eu ir embora, mas eu pedia para trabalhar ali. Era um chato, um cara de pau”, lembra, divertindo-se com o passado.

Acabou ganhando um programa, o Pandemônio, que ia ao ar das 22 horas à meia-noite. Escondeu a conquista dos pais. “Claro! Quem vira a madrugada falando no microfone vai dormir na sala de aula. Era o que acontecia comigo.”

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(Jorge Bispo/CLAUDIA)

Ota já fez de tudo. Foi animador de palco, ator de pegadinhas e repórter do Domingão do Faustão, nos anos 1990. Com cursos e workshops de interpretação, estreou como ator no humorístico Escolinha do Golias, no SBT. Trabalhou na MTV, Record e Band.

Nesta última, assumiu, em 1999, o lugar de Luciano Huck, que acabara de ser contratado pela Globo, ungido pelo sucesso estrondoso de um programa com as personagens eróticas Tiazinha e Feiticeira. “Nos tempos atuais, isso não funcionaria na TV. Não é mais o status que a mulher quer”, avalia.

Ao que tudo indica, se depender do voto, do apoio de Huck, um dos nomes mais influentes da TV, existem chances de ter um programa. “Adoro o Otaviano. Ele tem sempre um sorriso e um bom humor peculiares”, afirma. “Está na batalha há anos e merece cada espaço que conquista.”

De volta à Globo, em 2008, depois de fazer o folhetim Amor e Intrigas, na Record, no ano anterior, atuou nas tramas Caras & Bocas, Morde & Assopra e, por último, Salve, Jorge, em 2012. Não quer mais seguir na teledramaturgia. “Novela é um trabalho muito extenso, dura nove meses”, explica. Por isso resolveu correr atrás de Ricardo Waddington, diretor da Globo, e dar uma cartada. “Eu virei para ele e disse: ‘Me ajuda a ficar? Porque recebi propostas para ir embora e vou’ ”, relembra.

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Competente na negociação, entrou naquele ano na sexta temporada de Amor & Sexo. No programa, liderado por Fernanda Lima, sob a batuta de Waddington, surpreendeu fazendo um strip-tease no palco. “Tudo que aconteceu – tirar a roupa, ficar só de cueca, encarar o pole dance – foi muito divertido. E virei uma persona, o cara que topava qualquer parada”, afirma. “Serviu também para dar um clique na casa. Acho que eles começaram a ver em mim a figura do entertainer (animador)”, afirma, sendo interrompido pelos latidos de Lola, uma lulu-da-pomerânia, e de Totó, um buldogue francês – ambos soltos pela sala.

Amor e sexo de verdade

A atriz Flávia Alessandra, 44 anos, desce para cumprimentar a equipe (a casa tem dois andares), de cabelo preso, bem à vontade. Juntos desde 2006, após cinco meses de namoro, mantêm um hábito pra lá de romântico: adoram casar. Já disseram “sim”, um para o outro, quatro vezes.

Ela já era separada, mas vestiu-se de branco na primeira cerimônia, para 150 convidados, realizada na casa onde morava, no Rio de Janeiro. Pouco depois, assinaram os papéis em um almoço para os familiares.

O segundo casamento com Flávia se deu em Las Vegas e contou com carruagem e celebrante. “Foi engraçado, nós nos divertimos, mas encaramos com muito sentimento.” O terceiro aconteceu à beira-mar, na Tailândia, num evento inesquecível. “Era um desejo antigo de Flávia”, conta. Tem ainda o que Otaviano considera o quarto casamento, realizado de surpresa – deixando a noiva enternecida.

Ocorreu em Santorini, ilha da Grécia, com muitas juras de amor e a renovação do propósito de seguirem juntos. “Só faltou um celebrante, mas foi um ritual lindo com um jantar ao som de harpas e pôr do sol mediterrâneo brilhando ao fundo”, derrete-se. “Flávia e eu gostamos de comemorar a vida; tudo é muito saboroso entre nós dois”, diz. “A gente pratica o namoro, a paquera, todo santo dia.”

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O casal tem uma adega no quarto; bebe vinho sempre que deseja um sexo diferente daquele feito na véspera. “Viver com o Otaviano é uma deliciosa aventura”, diz Flávia à repórter, dias depois da entrevista com o marido. “Tenho ao meu lado um grande companheiro, um paizão, um homem sensível e que ainda canta pra mim”, ela afirma. “Compartilhamos tarefas e desafios. Estar com ele é me sentir em casa. Buscamos no amor exatamente isto: a realização e o porto seguro.’’

À mesa, ninguém fala ao celular

Eles se sentem tão unidos que dispensaram a aliança. A primeira que usaram trazia gravado o desenho de um naviozinho – a dupla se conheceu num cruzeiro pela Europa. “A gente tirava para gravar novela e perdia. E não eram baratinhas”, choraminga Otaviano.

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(Jorge Bispo/CLAUDIA)

Desde 2009, os anéis foram trocados por tatuagens. O braço direito dele e o esquerdo dela exibem o desenho de uma coroa. “Ela representa nosso reino, nosso amor”, filosofa. No punho esquerdo, ele tatuou N.S.A, em devoção à Nossa Senhora Aparecida. Um pouco mais acima, estão cravadas as letras G, de Giulia, 18 anos, sua enteada – fruto da relação de Flávia com o diretor Marcos Paulo (1951-2012) –, e O, de Olívia, 7 anos, sua filha com a atriz. “São minhas duas meninas de ouro”, afirma. Logo aponta uma oliveira plantada no quintal, em homenagem à caçula. “Tem dois ninhos de passarinho. Tá vendo?”, pergunta, com simplicidade.

Otaviano revela que seu maior temor está no que possa acontecer às filhas do portão para fora. “É a rua! Não precisava ser tão violenta, torta, desrespeitosa, sem representantes dignos. A rua no sentido mais metafórico possível. O Brasil como um todo. Nunca houve tanta reviravolta, com políticos e empresários presos”, discursa.

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Para ele, no entanto, isso ainda é pouco. “O Brasil não está fácil. Nele vivem 14 milhões de desempregados e 5 milhões de desalentados. São os que não têm mais saco, coragem e fé para sair e tentar achar um emprego. Isso é grave, triste.”

Flávia e ele mantêm “regrinhas de convivência” com as filhas. Uma é tentarem almoçar todos juntos. “Como nos tempos da vovó”, brinca ele, que fala sério quando um celular vibra perto da mesa. “Se tocar, não atendemos. Não podem esperar 20 minutos?” Os pais não excluem Olívia do mundo digital. “É importante, gera uma série de estímulos. Eu, na idade dela, era um bobão”, admite. “Mas nas refeições, não.

É hora de colocar nosso papo em dia”, argumenta. Despregando-se do perfil “família comercial de margarina”, Otaviano enfrenta discussões com seus rebentos. Giulia começará a faculdade de cinema, namora, estreou em Malhação, em 2015. “Ela tem muita personalidade, já é uma mulher. Ocorrem tretas, fios desencapados, mas a gente resolve tudo com bom diálogo”, garante. “Eu sempre vou apoiar o que ela e a Olívia decidirem para a vida delas. Com 14 anos, saí de casa querendo conquistar o mundo. Eu entendo as meninas.”

Tesão pelo que o outro é

Com cabelos grisalhos, 85 quilos, 1,90 metro, Otaviano preserva a cara e o jeito de garotão. Revela que se vê diferente depois de participar de Amor & Sexo. “As velhinhas, as senhorinhas começaram a me falar: ‘Tá todo gostosinho, hein (risos)!’ Há oito anos não sabia administrar os elogios. E nem me achava bonito. Punha o talento na frente dos atributos físicos. A maturidade me fez equilibrar as coisas.”

Mesmo assim, o apresentador exibe nas redes sociais registros sensuais dele ao lado da mulher. “Não é um culto ao corpo, é o tesão pelo que o outro é. Sou louco pela Flávia. Eu a acho linda, adoro quando usa short curtinho, põe as pernas bonitas de fora. Amo suas costas nuas… É um jogo delicioso. Tem dia que eu já estou esperando, aqui embaixo, para sairmos, e, quando ela desce por essas escadas…. Eu suspiro: ‘Uau!’ É um jogo: ‘Você me provoca, que eu te provoco’. Flávia não e só bonita. Tem um sorriso que escancara, caráter, talento… Aí se torna insuportável (risos).”

Ele devora cinco cheeseburgers de uma vez. Por isso, malha em uma academia montada no fundo de casa. Mas não tem medo de envelhecer. “Cuido especialmente da mente. Toco piano, trabalho minhas ideias, minha religiosidade.” Vários olhos turcos se destacam em uma grande planta próxima ao portão de entrada. “Usamos esse amuleto como decoração na nossa primeira festa de casamento. Acho que traz proteção”, afirma.

Tem funcionado, acredita Otaviano, pois não lhe faltam o amor e o pão. Retornou ao rádio (uma paixão!) em 2017 com No Ar, 30 anos após o início. De segunda a sexta, das 8 horas às 11h45, na Rádio Globo, entrevista convidados, põe músicas, dá informações do dia a dia. Ele e Flávia dublaram os irmãos Wilson e Evelyn Deavor no longa da Disney Os Incríveis 2, em cartaz desde junho. Ainda este ano, será visto interpretando o professor Ptolomeu Pitágoras na nova temporada da Escolinha do Professor Raimundo. “Às vezes, as pessoas acham que estou a mil por hora.

No trabalho, sim, sou 220 volts, mas, na vida, eu não passo de uma lampadinha de 60 watts”, exagera. Basta saber qual versão de Otaviano o público vai ver depois da Copa. As fãs, claro, torcem pelo sucesso de sua insistente campanha nos bastidores da Rede Globo.

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