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O impasse do título é o principal problema para Harry e Meghan

O registro da marca Sussex Royal revela a dependência do casal da aprovação da Família Real

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 21 set 2020, 09h45 - Publicado em 11 jan 2020, 12h09

A solução para o desejo (e anúncio) de Harry e Meghan se afastarem oficialmente da Família Real é esperada para o início da semana.  Meghan já deixou a Inglaterra, está com o pequeno Archie no Canadá e já está em pleno uso da marca Sussex Royal, que o casal registrou como deles e está no site oficial dos dois. Harry, no entanto, está ainda em Londres para ‘fechar’ o contrato e resolver as pendências de desligamento da Família Real.

É um universo estranho considerar que sua família é também seu trabalho e que o contrato é vitalício. Certamente não é um ambiente saudável onde não há uma linha clara que separe as duas coisas.

O Palácio de Buckingham, que usualmente diz que não assiste nada sobre eles na TV ou lê os jornais, certamente está acompanhando como nós todas as notícias sobre o Sussexit (apelido dado ao anúncio de afastamento).  Isso porque depois que um amigo de Harry falou na televisão que o casal se sente enxotado pela família e que a decisão de oficializar a saída foi forçada depois que souberam que as conversas iam vazar para imprensa (não porque foram descuidados), um comunicado oficial negou que Harry e Meghan estejam sendo isolados e afirmou que nunca estiveram fora dos planos de uma monarquia mais enxuta.Sabe o que parece? Que a família está se comunicando apenas por redes sociais e estão em um disse-me-disse que só piora. O uso de ‘fontes’ para vazar para os meios de comunicação são fáceis de identificar.

E não tem inocente na história: Charles, Harry e William são retratados de forma diferente a cada nota que é publicada. O que está claro é que Harry, que tem mínima chance de um dia ser Rei, quer viver a vida dele com a família dele e não está conseguindo. Quer dizer, está, mas de forma traumática e sufocante. Sobra para Meghan, uma mulher de 38 anos que nunca precisou pedir aos pais autorização para fazer nada, ser taxada de vilã porque ela não quer (com razão) passar o resto da vida levando bronca se postar uma foto no dia e horário que os parentes discordam.  Se tem uma coisa que ela domina é marketing e o bom gosto dos Sussex ficou claríssimo, desde a logo – onde o H e o M se entrelaçam – aos fundos claros e letras suaves, a conta dos Sussex Royal é linda.

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Mas se a questão fosse mesmo ‘só isso’, então seria fácil. O problema é político assim como financeiro.  A Coroa representa o Reino Unido, não é possível para Harry e Meghan terem independência – como membros da Família Real – e fazerem o que quiserem.    Quando o príncipe Charles recebeu o Dalai Lama para um jantar na sua casa no mesmo dia que sua mãe estava recebendo representantes do Governo Chinês, isso é um problema diplomático. De novo: a família é o trabalho, não é possível fazer o que quer como qualquer plebeu. Então a independência de Harry e Meghan, infelizmente, tem que ser negociada mesmo. Diana negociou a saída dela. É uma profissão que parece celebridade, mas tem responsabilidade política.

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O que ficou claro quando a poeira foi baixando é que Harry e Meghan tentaram atender aos pedidos da Rainha, o problema é que eles sabem que nos dias acelerados de hoje o ritmo da Família Real está desatualizado. Mesmo de férias, Harry estava conversando com os parentes e avisando que queria sair, ele avisou que se colocasse por escrito e seguisse o protocolo a informação vazaria e seria problemática de qualquer forma. Acertou em todos os sentidos. Pelo menos agora a Rainha demandou que tudo fosse fechado em questão de dias, não meses.

A chuva de críticas sobre o casal, com índice de rejeição acima de 70% na Inglaterra, se deve muito pelo desejo dos dois de manter o título de realeza.  Hoje o estilo de vida dos dois é 100% paga pelos impostos dos súditos. Ao avisar que querem alcançar a independência financeira, os dois reconhecem que não querem que o povo pague pelo estilo de vida deles, mas não apresentam solução imediata uma vez que a estrutura não muda para os outros. A implosão do Sussexit pode deixar muita gente ‘sem ganha pão’, daí o grande problema de dar a Harry o que pede.  O mais fácil (e correto) seria abrir mão do título e direito sucessório, passar a ser um plebeu, mas ao registrar a marca Sussex Royal como  uma firma independente da Família Real demonstra que ser realeza hoje importa para os dois. É o ponto franco da negociação para Meghan e Harry e quem tem o poder de decisão é a Rainha, não a avó de Harry, mas a Rainha.

A figura de Charles nesse cenário é mais enigmática. William está chateado, não tem voz ainda na solução, e os irmãos estão em caminhos diferentes. Já Charles vem ganhando proeminência e crédito de estar à frente de muitas das decisões familiares desde que o pai se aposentou e a Rainha vem dividindo mais as tarefas com o herdeiro.  Em um ano ela completa 95 anos de idade, não seria surpresa se enfim fosse abdicar a  Coroa para Charles.

Príncipe Charles com William e Harry
Príncipe Charles com William e Harry (Pool/Samir Hussein/WireImage/Getty Images)

A imprensa tem duas imagens do príncipe de Gales no momento: a do pai que está preocupado em abraçar o caçula e ajudá-lo e a do príncipe que está furioso com a proposta do filho de manter título e salário, mas fazer o que quiser.  Se tem uma posição clara do futuro Rei é a de que ele é contra que a folha de pagamento da família seja extenso. Aliás, essa é uma das questões que teria gerado ruído: Meghan e Harry se sentiram excluídos depois que a Rainha ficou divulgando as fotos apenas com os herdeiros diretos e tomado a decisão de se virar sem esperar o corte.

Ao que voltamos ao problema da família-trabalho. De parentes podemos nos afastar, mas de trabalho precisamos pedir demissão. Meghan e Harry pediram transferência, mas vamos ver o que a gerência vai decidir…

 

 

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