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Louis Garrel: “Que demais as pessoas me considerarem um símbolo sexual”

Aclamado pela crítica por seus papéis, dirigiu. À ESTILO, o ator veio ao Brasil para a estreia do ele falou sobre a nova fase da vida e desconstruiu a imagem de francês blasé.

Por Olívia Nicoletti
Atualizado em 21 jan 2020, 15h06 - Publicado em 31 jan 2016, 13h00
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Precoce e dono de uma inteligência ácida, ganhou ainda mais destaque no ano de 2003, aos 20 anos, quando interpretou Theo em Os Sonhadores, drama erótico do diretor italiano Bernardo Bertolucci. Louis chamou a atenção após ostentar cenas de nu frontal e de relações homossexuais, que, aliás, são comuns em suas atuações – ele diz, brincando, que é 100% heterossexual e 49% gay. Atualmente, aos 32 anos, diz viver uma de suas maiores realizações profissionais: dirigir um filme, Dois Amigos. Nada que o faça perder o foco, a humildade e, veja só, o bom humor, revelado em cada resposta da entrevista a seguir.

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Que tal atuar em um filme dirigido por você? Dirigir é mais cansativo que atuar, no sentido físico mesmo. Ser um bom ator, para mim, é conseguir ir além do roteiro, mantendo-se fiel ao personagem. Por isso, achei uma experiência estranha: como sair do clichê do diretor sendo que o diretor sou eu? Na primeira cena que gravamos, começamos às 2 horas da tarde e terminamos às 4 da manhã. Isso é muita coisa! Nesse momento, eu refleti: “Que má ideia atuar no meu próprio filme”. No final, consegui transgredir o roteiro, mas alguns dias foram mais difíceis que outros.

Dois Amigos é um filme sobre dois homens, mas tem muito do universo feminino. Era sua intenção? Eu queria criar uma ligação de amizade verdadeira que mostrasse dois homens frágeis que precisam um do outro e querem continuar sendo crianças. Portanto, era minha intenção. Digo que não é um bom filme para a reputação dos franceses, já que os personagens são idiotas. (risos) Queria que tivesse humor, mas, como é um filme francês, acabou sendo profundo também. Após assistir, um amigo me disse: “Você é engraçado. Eu não sabia”. E eu
pensei: “Mas eu sempre fui muito engraçado”.

Reparei que você está fumando cigarro eletrônico.
Parou de fumar há quanto tempo? Parei aqui, no Brasil,
há pouco mais de cinco horas. (risos) Na França, eu
estava fumando muito por causa da ansiedade com a estreia do filme. Cheguei aqui e vi que as pessoas
são mais tranquilas. Então, resolvi parar.

O que você acha de ser considerado um símbolo
sexual? Todo dia, quando eu acordo, me olho no
 espelho e penso: “Que demais as pessoas me considerarem um símbolo sexual”. Se você me visse
em uma pista de dança, mudaria de ideia. Você já atuou em 29 filmes, dirigiu alguns curtas e 
agora seu primeiro longa, mas é raro vermos você no teatro.

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Por quê? Muitos atores acham incrível atuar
no teatro e pensam que isso os alça a um nível mais elevado. Pode até ser, mas eu não sou essa pessoa.
Tenho grandes crises de angústia na minha vida e
tinha muitas durante as minhas atuações no teatro,
que foram poucas. Por isso, achei melhor parar.

Até hoje, qual foi o personagem que você mais gostou de fazer? Jacques de Bascher, no filme Yves Saint Laurent (2014). Mesmo eu já tendo interpretado homens que têm relações homossexuais, senti que esse foi inédito.
Além de eu ter me aproximado do mundo da moda.

Gosta de moda? Como escolhe uma roupa para uma ocasião especial? Gosto. Eu mesmo escolho minhas roupas. Geralmente, misturo uma calça de smoking e uma camiseta casual. Gosto de fazer um hi-lo. Qual é o seu filme preferido? Na verdade, são dois:
Viver a Vida (1962), de Jean-Luc Godard, e Magnólia (1999), de Paul Thomas Anderson. Já tem alguma ideia de roteiro para o próximo filme?
Sim, mas é só uma ideia. Não tenho como adiantar nada.

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