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Jane Fonda fala sobre amor, empoderamento e expectativas para novo filme

Em entrevista a CLAUDIA, atriz defende que as mulheres vivem mais porque têm laços fortes de amizade

Por Mariane Morisawa
Atualizado em 22 jun 2018, 11h00 - Publicado em 22 jun 2018, 11h00
 (Getty Images/Reprodução)
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Ela ganhou dois Oscars de melhor atriz, enfrentou homens armados em protestos contra a Guerra do Vietnã e foi, nos anos 1980, a precursora das musas fitness em vídeos de ginástica. A longa e versátil carreira da americana Jane Fonda, 80 anos, continua florescendo e mantém a mesma relevância. Protagonista da série Grace e Frankie, da Netflix, ela chega aos cinemas este mês com Do Jeito Que Elas Gostam.

As duas tramas mostram como pode ser rica a vida feminina para além da juventude – algo bastante raro nos roteiros hollywoodianos. No longa, dirigido por Bill Holderman, Jane interpreta Vivian, dona de um hotel de luxo em Los Angeles que participa de um clube do livro com as amigas. Quando elas leem Cinquenta Tons de Cinza (de E.L. James), decidem explorar novas possibilidades na seara do sexo.

Ela fala a CLAUDIA sobre amizade, filhos, arrependimentos, amores…

CLAUDIA: O que mais chamou sua atenção na história desse grupo?

Jane Fonda: A amizade entre personagens maduras, robustas, com vida cheia de experiências. Sempre quis saber o motivo de vivermos mais do que os homens e descobri que tem a ver com o processo evolutivo. Eles costumavam sair solitários para caçar, enquanto as mulheres da aldeia se reuniam, dividiam o cuidado com as crianças, a coleta de alimentos.

Assim, criavam laços e conversavam, comportamentos que mantivemos. Aprendemos a pedir ajuda, chorar com a outra, sem medo. Eles não fazem isso – o que me dá pena. Há um hormônio de bem-estar liberado quando estamos com amigas, a oxitocina. Estudos comprovam que não ter amigas pode fazer tão mal para a saúde quanto fumar.

CLAUDIA: Com seus estudos e experiências, o que mais descobriu sobre os homens?

Jane Fonda:  Tanta coisa, especialmente tentando compreender meu pai e meu ex-marido, Ted Turner. Quando eles são pequenos, entendem logo que não devem chorar e precisam bater em quem os provoca. Desde cedo há uma separação entre as coisas da cabeça e do coração.

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Daí, quando eleitos presidentes, não têm empatia. E, quando não sustentam a casa, sentem a masculinidade enfraquecida. Nessas situações, é comum partirem para a violência. É por isso que movimentos como o Time’s Up são essenciais. Fico feliz de estar viva para assistir ao que anda acontecendo.

CLAUDIA: Que qualidades busca num parceiro?

Jane: Além das tradicionais, procuro por bondade, diferentemente da Jane de 20 ou 30 anos. Não tinha entendido o que é ser valorizada até os 70 anos, quando encontrei um par assim. Eles acham que reconhecer valor na mulher os deixa vulneráveis e têm medo disso.

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(Do Jeito Que Elas Gostam/Divulgação)

CLAUDIA: Você foi casada três vezes. Tentaria mais uma união?

Jane Fonda: Não! Terminei um relacionamento há um ano e amo minha condição de solteira. Não conseguiria ler três livros por semana casada. Nem dormir nove horas por noite.

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CLAUDIA: Gostaria de se apaixonar de novo?

Jane Fonda: Sempre amei me apaixonar. Fico meio doida. Mas não sinto que vá acontecer outra vez. Tive muitos amores e realmente gosto de estar sozinha.

CLAUDIA: Como vê o fato de ser modelo para tantas mulheres?

Jane Fonda: Levo isso muito a sério. Escolho papéis complexos, personagens que enfrentam problemas universais. Nesse filme, por exemplo, estou dizendo às jovens que não precisam temer o envelhecimento.

CLAUDIA: Você disse estar no terceiro ato da sua vida e que ele é o mais importante. Por quê?

Jane Fonda: É como no teatro. O terceiro ato é o que dá sentido. Quem você se torna antes de morrer é muito importante. Afinal, ninguém quer partir cheio de culpa e sem amor.

CLAUDIA: Qual é seu maior arrependimento?

Jane Fonda: Não ter sido uma mãe melhor (ela tem dois filhos, Vanessa Vadim, 49 anos, do casamento com Roger Vadim, e Troy Garity, 44 anos, da união com Tom Hayden). Penso nisso todos os dias, mas, na época, não sabia como.

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Minha mãe se matou quando eu tinha 12 anos, e meu pai era narcisista, estava sempre longe. Quando minha filha nasceu, eu era ativista. Havia violência, revolta no entorno do que eu fazia. Então, não estive presente em casa o suficiente. Tento compensar isso agora. Acho possível; nunca é tarde demais.

CLAUDIA: Como seria um mundo dominado por mulheres?

Jane Fonda: O paraíso para todos. A violência reduziria drasticamente. Tudo seria menos hierárquico, mais circular, uma verdadeira democracia, como não conhecemos. Mas temo que não vá acontecer. As consequências das mudanças climáticas nos pegarão antes.

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