Edward VIII: a história do rei que abdicou do trono britânico por amor
O tio da Rainha Elizabeth II mudou os rumos da Família Real ao se apaixonar pela americana Wallis Simpson. Conheça os detalhes dessa história.
Em 1936, uma reviravolta impressionante mudou completamente os rumos da realeza britânica. Menos de um ano depois de assumir o trono, o rei Edward VIII simplesmente abdicou da coroa – e fez isso pela mulher que amava, Wallis Simpson.
Assim, o trono passou a ser ocupado pelo irmão de Edward, Albert, que viria a ser chamado de George VI após tornar-se rei. A rainha Elizabeth II é filha de George VI e era apenas a sobrinha mais velha do rei antes de tudo isso acontecer. Na ordem natural das coisas, ela teria visto algum primo ou prima assumir o trono, mas Edward nunca teve filhos.
Essa renúncia foi um dos maiores baques da trajetória da monarquia britânica. O filme O Discurso do Rei, cujo personagem principal é o rei George VI, traz um recorte inusitado da história, que mostra o quanto a Família Real se desestabilizou naquele momento.
Wallis Simpson e a renúncia de Edward VIII
Wallis era plebeia e americana, mas esse não foi o detalhe mais polêmico do romance. Em plena década de 30, ela envolveu-se com o monarca enquanto ainda era casada – e com seu segundo marido, ainda por cima. Os rumores começaram quando Edward ainda era príncipe e foi um prato cheio para as manchetes, obviamente.
Eles se conheceram em 1934 e, dois anos depois, Edward tornou-se rei. Wallis se divorciou logo em seguida e o casal oficializou o relacionamento. O alvoroço foi imenso e a opinião pública se dividiu: até hoje muita gente considera essa uma história de amor fantástica, mas, por outro lado, Wallis obviamente foi – e continua sendo – vista como “aproveitadora” por boa parte da população.
Essa história, digna de Hollywood, é contada no filme W.E.: O Romance do Século, dirigido por Madonna.
O fato é que, naquela época, pessoas divorciadas não podiam entrar para a realeza. Antes de abdicar do trono, Edward tentou, sem sucesso, encontrar soluções para contornar essa regra da monarquia – mais especificamente, da Igreja Anglicana. Com isso, comunicou sua renúncia com um discurso que entraria para a história.
“Vocês precisam acreditar em mim quando eu digo que descobri que é impossível carregar o pesado fardo da responsabilidade e de cumprir meus deveres como rei, como eu gostaria de fazer, sem a ajuda e o apoio da mulher que eu amo”.
Infelizmente, os acontecimentos que se sucederam à renúncia são bem menos fofos, por assim dizer. O casal jamais lidou bem com a rejeição da Família Real. Apesar de terem ficado com o título de duque e duquesa de Windsor, Wallis nunca foi chamada de Sua Alteza, o que a incomodava.
Mas o grande problema é que os dois eram muito favoráveis ao nazismo. Há quem diga que o casal conspirou para ajudar os alemães no plano de invadir a Inglaterra, na esperança de que Edward recuperasse o trono – o que nunca aconteceu. Especulações à parte, em 1937, Edward e Wallis fizeram um tour pela Alemanha e foram recebidos por Hitler em pessoa.
A modernização da realeza
De qualquer forma, é interessante ver que episódios como o da renúncia de Edward VIII evidenciam o fato de que a monarquia acaba tendo que modernizar suas regras ao longo da história. O casamento de Charles e Camilla é uma prova disso.
Camilla era divorciada quando casou-se com o filho mais velho da rainha Elizabeth II. De acordo com as novas regras da Família Real, ela poderia receber o título de Princesa de Gales e, posteriormente, de rainha. Em respeito à princesa Diana, Camilla tornou-se duquesa da Cornualha – já que o segundo título de Charles é o de duque da Cornualha.
Ainda não se sabe se Camilla irá receber o título de rainha quando Charles tornar-se rei, mais uma vez, por conta do carinho que a população britânica ainda tem por Diana. Mas é seguro dizer que Camilla construiu um bom relacionamento com os membros da Família Real e sofre cada vez menos rejeição da sociedade. William e Charles sempre lhe demonstram simpatia e respeito, o que é um detalhe importante no processo de moldar a opinião pública.
Por enquanto, o que se sabe é que, legalmente, nada impede que Camilla se torne rainha. As coisas evoluíram de 1936 para cá.
Nesse sentido, é válido traçar um paralelo com o mais recente acontecimento que está dando o que falar quando o assunto é Família Real – o do afastamento de Harry e Meghan. Muitos apontam essa atitude como uma afronta e colocam Meghan no papel de vilã, inclusive. Faz sentido pensar assim em pleno 2020? Ainda mais tendo em vista que Harry cumpre um papel meramente “decorativo” na realeza – ele era o sexto nome na linha sucessória do trono.
Nos bastidores, sejam quais forem os detalhes que levaram a essa escolha, ela deveria ser vista como o que realmente é: mais um sinal de que tudo muda com o tempo, até mesmo na monarquia.