Conversamos com Sandra Annenberg sobre memes, Galvão e ‘Criança Esperança’
Da zoeira aos debates sérios, Sandra Annemberg falou como o MdeMulher sobre como é ser a jornalista mais comentada das redes sociais.
Bem humorada, sorridente e espontânea, Sandra Annenberg é hoje uma das jornalistas mais queridas da TV brasileira. Nas redes sociais, já virou meme diversas vezes, mas também se destaca nos momentos sérios, como quando deu a real sobre os aspectos obscuros da Rússia ou quando acendeu o debate sobre mansplaining, numa conversa com Galvão Bueno – ambos durante as transmissões da Copa 2018.
E como será que ela lida com essa repercussão toda? A gente bateu um papo sobre o assunto e também sobre uma nova experiência que a jornalista está vivendo: depois do envolvimento de 16 anos com o “Criança Esperança”, em 2018 Sandra tornou-se mobilizadora do projeto, o que faz com ela seja uma das principais pessoas a alavancar a ação a partir desse ano.
Primeiramente, vamos ao que todo mundo quer saber: será que Sandra Annemberg acompanha nas redes sociais o que é dito sobre ela? “Acompanho, claro. Não tem como estar fora da vida na internet. E eu vejo tudo isso como uma consequência do meu trabalho. Em primeiro lugar, eu acho que existe um grande reconhecimento e as pessoas gostam muito [do meu trabalho]. Eu tenho percebido cada vez mais as pessoas tendo essa relação. As redes sociais, eu acho que elas vieram para aproximar quem está do lado de cá do vídeo com quem está do lado de lá. A gente pode de alguma forma conversar fora da telinha. E os memes são uma consequência. Eu lido super numa boa, acho que eles são engraçados, divertidos. Enquanto eles forem inofensivos para o meu trabalho, para a minha vida, está tudo ótimo”.
Mesmo assim, Sandra chama a atenção para o fato de que, nas redes sociais, cada vez mais a gente deve estar atento às fakes news e ao quanto elas são nocivas. “Precisamos ter responsabilidade sobre aquilo a gente põe para a frente. Aquilo que a gente encaminha, não dá para se isentar dessa responsabilidade. Cada vez mais, o cidadão que tem um celular nas mãos também é responsável. Então é isso, enquanto os memes forem engraçados eu também me divirto, mas temos que estar atentos”.
E quando o assunto é sério? Relembramos a repercussão da conversa entre Sandra e Galvão Bueno durante a Copa do Mundo, quando a taça do Mundial estava no estúdio do “Jornal Hoje”. Na ocasião, Galvão advertiu Sandra sobre o fato de que ela não poderia tocar na taça – algo que a jornalista obviamente já sabia. Sandra diz com convicção que não se sentiu ofendida, mas a atitude de Galvão se enquadra perfeitamente na definição de mansplaining e isso gerou muito debate.
“Eu só fui me dar conta da polêmica que tinha sido criada quando eu vi nas redes sociais e na internet o que as pessoas estavam falando. Ou seja, eu não me senti atingida da maneira como as pessoas se sentiram ao ouvir aquilo tudo. Eu estava ali no calor do trabalho e foi uma interação natural, eu diria. Eu acho que o Galvão não teve de maneira alguma a intenção de ser machista, de me interromper daquela maneira”.
Sandra afirma que é uma mulher feminista e relembra o quão marcante foi participar da primeira bancada do Jornal Nacional com duas mulheres. Também diz que se preocupa em apoiar campanhas feministas e falar com seriedade sobre o Dia da Mulher.
“Eu sou pela igualdade de direitos de todos os gêneros e não só de dois gêneros. São tantos gêneros hoje em dia. Não é só uma questão feminista, mas é uma questão plural. Então, eu poderia ter me sentido muito ofendida e eu te digo com toda a tranquilidade que eu não senti absolutamente nada disso. Fiquei surpresa com a repercussão. Eu acho que às vezes a gente também tem que tomar muito cuidado para não ir para todos os extremos. A gente tem que olhar e falar assim: ‘será que ela se sentiu mal?’. Se eu tivesse me sentido mal, aí OK, todo mundo compra uma briga”.
E, para além dos ecos da internet, como Sandra se sente em meio ao público? A jornalista nos falou com muito carinho de uma experiência que teve na Associação Cultural Educacional Social e Assistencial Capuava (Acesa), em Valinhos/SP. Ela foi visitar a instituição e, à princípio, só estava lá para gravar uma reportagem. Na verdade, Sandra foi pega de surpresa, pois ficou encarregada de revelar ao pessoal da Acesa que eles haviam sido selecionados pelo “Criança Esperança” – em meio aos 90 projetos apoiados esse ano.
Sandra conta que a associação fica numa fazenda belíssima, com uma casa modernista, e que lá são atendidas pessoas com autismo. “É um trabalho incrível que eles fazem e é uma estrutura muito bonita que eles têm, muito grande, mas que estava sem dinheiro para funcionar. Eles têm uma piscina em que dá para entrar com cadeira de rodas, têm equoterapia, mas não estavam mais conseguindo cuidar dos cavalos. É um espaço gigantesco, mas que eles não estavam podendo usar, por falta de recursos”.
Entusiasmada, ela relatou o encontro com um jovem que desenha roupas. “Conheci algumas crianças, jovens e adultos que são atendidos pela Acesa. Foi incrível! Tem o Jackson que é uma figura. Ele desenha, é um estilista talentosíssimo. Ele fez um vestido para mim, a coisa mais linda. Ele desenhou e eu falei ‘olha, o dia em que eu tiver algum evento que peça um longo, eu vou mandar fazer esse vestido'”.
E a gente não tem a menor dúvida que os fãs de Sandra iam amar ver isso se tornar realidade, né? Seria maravilhoso!