Bianca Müller lutou contra anorexia e bulimia: ‘Era louca, um esqueleto’
A atriz, que hoje enfrenta cenas de nudez em O Rebu, passou por um teste maior na adolescência
Bianca Müller em ensaio no restaurante KAA, em São Paulo
Foto: Marco Pinto
Aos 24 anos, Bianca Müller estreou na TV aberta com uma missão nada fácil: protagonizar um ménage à trois com Camila Morgado, 39, e Jesuíta Barbosa, 23, em O Rebu. Amante do personagem de José de Abreu, 68, não foram poucas as cenas de nudez no papel da sedutora Mirna. Mas quem vê a desenvoltura e a naturalidade da atriz na hora de tirar a roupa nem desconfia que alguns anos atrás ela enfrentou graves distúrbios alimentares. Bianca teve anorexia e bulimia, emagreceu 10 quilos e mal conseguia comer e trabalhar. “Eu era louca, um esqueleto”, admite. Após tratamentos com terapias alternativas e livros de autoajuda, a atriz pôde, finalmente, focar na carreira. Não demorou para conseguir resultados positivos. Participou da série Sessão Terapia, de Selton Mello, no GNT, e já filmou três longas: Boa Sorte Meu Amor, de Daniel Aragão, Jeitosinha, de Johil Carvalho e Sérgio Lacerda, e Amor em Sampa, que tem roteiro de Bruna Lombardi e direção de Carlos Alberto Riccelli. A seguir, um pouco mais sobre a história da jovem nascida em Caieiras, interior de São Paulo.
Onde tudo começou…
“Eu me apaixonei por teatro ainda no colégio. Aos 12 descobri que podia ser uma profissão e fui atrás disso. Esperei ter 16 para fazer um curso profissionalizante em São Paulo. Eu me formei em teatro e depois fiz rádio e TV. Moro com meus pais e saía todos dias de Caieiras (interior paulista) para estudar. Comecei então a trabalhar com publicidade em uma agência de modelos. Com a grana das fotos pagava meus cursos. Fiz alguns curtas até ser chamada para um teste com o Selton Mello em Sessão Terapia. Foi ele quem me indicou para várias pessoas da Rede Globo e é amigo do diretor José Luiz Villamarim. Gostaram da minha atuação na série e entrei em O Rebu.”
No meio de um ménage
“Ficamos um mês em Buenos Aires gravando O Rebu e viramos uma família. Na hora da cena foi engraçadíssimo gravar. É uma situação atípica, porque nunca teve um ménage na TV brasileira. De repente, protagonizamos isso e ficamos perdidos a princípio. Eu tinha de ter um cuidado de não avançar na Camila (Morgado) para não ter a relação de duas mulheres, só podia em cima do bofe (Jesuíta Barbosa). Era muita mão, pé na barriga, mas no fim deu tudo certo. Na vida pessoal sou tímida. Tenho vergonha de colocar biquíni na praia, na piscina, de verdade!”
Sexo, só se for a dois
“Namoro há sete anos (o engenheiro Thiago Gonçalves, 28) e, sinceramente, não imagino sexo a três na nossa relação. Se um dia um dos dois quiser vai ter de rolar terapia e uma longa conversa (risos), porque existe aquela posse. Ficaria com ciúmes. Agora, se você é solteira, é diferente, porque não existe uma relação séria ou compromisso com alguém. Fica mais fácil. Tudo é válido, não tenho preconceito com nada!”
Foto: Marco Pinto
Longe da igreja
“Meu namorado briga comigo dizendo que não tenho nada de mulher, porque não quero casar de véu e grinalda, colocar aliança. Ele falou que tem medo de me pedir em noivado (risos). A única coisa que imagino é uma cerimônia num lugar incrível como a Chapada dos Veadeiros. Thiago é bem ciumento, conversei com meu namorado antes das cenas de sexo e nudez. No dia que ele assistiu, mandou uma mensagem: ‘Nossa, não acredito!’ (Risos) Mas ele se controla, não fica surtando.”
Anorexia e bulimia
“Eu tinha uns 16 anos, havia começado a fazer teatro. Minha mãe estava com depressão e eu tive uma crise de ansiedade muito grande. Comecei a comer compulsivamente e engordei 10 quilos em dois meses. Entrei em pânico! A profissão de artista também exige demais, sofri um certo bullying e na câmera eu parecia uma orca assassina. Então, resolvi não comer mais. Fiquei doente por três anos. Tinha dia em que engolia um panetone inteiro e vomitava. Outros, comia um tomate ou meia barrinha de cereal. Na minha cabeça não podia passar de 300 calorias diárias. No começo, escondi dos meus pais. Em um mês perdi 6 quilos, em dois, quase 10. Cheguei aos 52 (ela tem 1,74 metro). Hoje vejo fotos da época, eu era um esqueleto. E olhava no espelho e me achava gorda.”
A cura da doença
“No começo neguei ajuda, claro. Achava que era um problema no estômago. A doença me presenteou com uma gastrite. Eu fiquei quase um ano sem menstruar, meu corpo não tinha energia. Apesar de fazer academia enlouquecidamente. Não comia nada e malhava, era uma hora de esteira, bicicleta… era louca! Cheguei a ir a uma psicóloga que odiei. Depois fui a uma segunda e fiquei só dois meses. O que me ajudou mesmo foi a espiritualidade, fé! Eu passei a ler Osho, Deepak Chopra, Joseph Murphy, enfim, um monte de livros de autoajuda e terapia holística. Fiz sessões que tinham florais, cristais, equilíbrio de chacras… Tudo ajudou. Na época, eu estava insuportável, ficava com raiva quando as pessoas vinham brigar comigo por ter vomitado. Isso até me ajudou a pedir ajuda, porque eu ia acabar sozinha.”
De bem com a saúde
“Hoje não sei quanto peso, acho que 60. Eu desencanei de balança, isso não me interessa. Sei que não tenho o corpo perfeito. Não gosto da minha barriga, acho minha perna muito fina, branca, mas estou bem! Eu sou vegetariana há 17 anos. Parei ainda menina, descobri que carne era bichinho e cortei com tudo. Minha alimentação é até melhor. Quase não como arroz e feijão, por causa do problema (anorexia e bulimia) meu estômago diminuiu muito. Hoje me entupo de salada, legumes, como purê de abóbora, pão integral… Faço tudo de soja, estrogonofe, lasanha de berinjela, abobrinha gratinada… Depois pratico pilates e está tudo certo. Também gosto de esportes radicais, já fiz rapel, escalada, pulei de paraquedas…”
Hoje, a atriz se sente bem com seu corpo e não controla mais o peso
Foto: Marco Pinto