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A Paula merece vencer o BBB19?

Polêmica do começo ao fim, Paula segue como uma das favoritas ao prêmio de um milhão e meio. Mesmo com tudo o que falou.

Por Fábio Garcia
Atualizado em 15 jan 2020, 20h22 - Publicado em 12 abr 2019, 13h27
 (Globo/Reprodução)
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Chegamos no dia da grande final do BBB19. Daqui algumas horas, o público vai decidir se o milhão e meio vai entrar na conta de Alan ou de Paula, os finalistas da atual temporada. Normalmente uma final é composta por pessoas que mereceram chegar até aquele ponto, mas não foi o que aconteceu dessa vez. Enquanto Alan optou por uma linha de jogo um pouco mais tímida, mas pelo menos respeitosa, Paula chocou a internet nos últimos 3 meses com uma quantidade absurda de impropérios, preconceitos e polêmicas. Afinal, ela merece levar esse prêmio pra casa?

As diversas enquetes feitas por portais para avaliar a probabilidade de vitória estão dando o prêmio para Paula. Mesmo após tecer comentários preconceituosos com negros, pobres, homossexuais e religiões de matriz africana, isso sem falar nas falas ignorantes sobre transplante de órgão ou ateismo, a sister mantém altas chances de ganhar. Mas a que devemos esse fenômeno? Pode ser uma mistura de fatores, e até a forma como a Globo editou o reality tem a ver.

Há dois tipos de realities acontecendo em simultâneo: o BBB19 que é exibido todas as noites, com uma edição das cenas mais importantes do dia, e o que o público acompanha no pay-per-view, sem cortes. O primeiro, transmitido para um número maior de pessoas, exibe uma Paula brincalhona, às vezes meio burrinha e alvo de muitas pegadinhas por parte do apresentador Tiago Leifert. Essa Paula é um personagem adorável, mas parece pouco condizente com a Paula do pay-per-view.

Diversas frases pavorosas de Paula dentro da casa viralizaram nas redes sociais nos últimos meses. Uma das primeiras foi quando a sister se surpreendeu ao ver que o assassino de um caso era um homem viajado, e não um “favelado”, e daí pra frente foi um absurdo atrás do outro. Ela já insinuou que Danrley usava drogas por morar na Comunidade da Rocinha, insinuou que Gabriela tinha relações com uma entidade por “fumar pra c******”, questionou maldosamente a orientação sexual de Rodrigo e até se apresentou como pessoa negra por ter uma avó negra. Por mais que tenham repercutido nas redes sociais, boa parte dessas discussões não chegaram ao público de casa. Raros foram os preconceitos de Paula transmitidos na TV aberta.

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Paula soube como ninguém utilizar o espaço dado pelo programa para construir uma personagem querida pelo público. A sister também utilizou a projeção para colocar suas vítimas como “agressores” de alguma forma. Durante um jogo da discórdia, Paula chegou a acusar Rodrigo de preconceito por ele ter falado coisas negativas sobre porcos. Pois é, a participante acusada de frases racistas acusou Rodrigo de “porcofobia” dentro do reality.

Seria um caso de desinformação? Não necessariamente. No começo do reality Paula foi repreendida ao usar a expressão “cabelo ruim” ao se referir a cabelos cacheados ou crespos, mas continuou usando essa expressão normalmente como se não tivesse sido informada que era equivocada. Em várias outras ocasiões a sister declarou que gosta de praticar bullying para brincar com as pessoas, e faz com todo mundo ao seu redor. A situação ficou insustentável até para sua amiguinha Hariany, que num momento transbordou de tanto comportamento negativo e acabou descambando para a agressão física (mesmo que por reflexo). E, mesmo assim, Paula segue como favorita.

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A vitória da Paula no programa é uma afronta a muitas minorias que se sentiram ofendidas com suas frases preconceituosas, e reforça a impunidade. Em muitos Big Brothers pelo mundo, a sister já teria sido expulsa na segunda declaração ofensiva, mas aqui ela continua e como uma das favoritas para vencer. Uma pena. A Paula é um reflexo de uma parte triste do Brasil de hoje em dia: extremista, intolerante e repleto de desinformação. E está pertinho de ganhar um milhão e meio de reais.

Mas, mesmo com a vitória, Paula não pode fugir eternamente de ser julgada pelo que falou. Rodrigo e Gabriela já entraram com ações contra frases da sister, e o Decradi do Rio de Janeiro aguarda ela do lado de fora para tomar depoimentos a respeito de frases racistas e de intolerância religiosa. Vamos continuar acompanhando, dessa vez do lado de fora.

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