A brilhante Renata Sorrah
A atriz de Duas Caras já fez personagens inesquecíveis como Heleninha, de Vale Tudo e Nazaré de Senhora do Destino
Renata, que vive Célia Mara em Duas Caras,
é uma das musas do autor Aguinaldo Silva
Foto: Claudia Dantas
Uma olhadinha rápida no currículo de Renata Sorrah impressiona. Confere comigo: Heleninha Roitman, de Vale Tudo (1988); Leonor, de Brilhante (1981); Carolina, de Roda de Fogo (1986); Mariana, de Rainha da Sucata (1990); Pilar Batista, de Pedra sobre Pedra (1992), e Zenilda, de A Indomada (1997). Personagens incríveis, não é? E olha que nem citei ainda a rainha de todas: a inesquecível vilã Nazaré, de Senhora do Destino (2004). A longa introdução é para dar um panorama da carreira dessa deusa do teatro e da televisão, que acabou de completar 61 anos (dia 21 de fevereiro). No ar como a intensa Célia Mara, a atriz é o primeiro nome feminino na abertura da trama de Aguinaldo Silva, o que não acontecia desde 1992, em Pedra sobre Pedra, do mesmo autor. “Não pretendia voltar às novelas agora, mas um chamado do Aguinaldo é irrecusável. Para o que ele me chamar eu faço”, admite. Na entrevista abaixo, Renata conta que, até hoje, as pessoas a abordam para falar da Nazaré, explica como cria suas personagens e fala como é interpretar uma mulher que dedicou toda a sua vida ao amor de um homem casado.
Nazaré ou Heleninha? Qual é sua mais importante personagem na TV?
Olha, era a Heleninha. Mas, atualmente, acho que é a Nazaré. Senhora do Destino acabou em 2005, mas até hoje falam dela como se estivesse no ar. É impressionante. Ai, mas não sei… Eu gosto das duas e de várias outras que fiz, mas para o público é a Nazaré com certeza.
Muita gente acha que Célia Mara tem algumas características da Nazaré…
Não tem nada a ver. É completamente diferente. Célia Mara é alegre, romântica, pra cima, apaixonada… Nada que a Nazaré era. Ela pode ter os cachinhos da Nazaré, mas só (risos).
Mas como é criar personagens assim?
Em teatro, a gente tem uma preparação de três meses. É uma obra fechada, você sabe começo, meio e fim. Novela, não. Não é melhor ou pior. É diferente e, por isso, é bom. No caso da Nazaré e da Célia, elas já vieram muito saborosas no texto do Aguinaldo Silva. E o Wolf (Maya, diretor-geral da novela) também ajuda muito o ator.
Você é uma das musas do Aguinaldo, não é? Como é trabalhar com ele?
Uma das musas? Espero que sim (risos). Fiz trabalhos geniais com ele. Sempre fui muito feliz em suas novelas: A Indomada, Pedra sobre Pedra, Senhora do Destino… Ele é inteligente, ácido, tem um texto delicioso… adoro. Fico boba como uma pessoa doce como o Aguinaldo possui dentro dele esses universos todos. Em cada ator, há um desses personagens, mas o autor tem todos. É vulcão de emoções.
Você se livra da personagem ao fim da gravação ou a carrega para casa?
Deixo no trabalho. Não fico ruminando alegria e sofrimento de personagem. De jeito nenhum. Amo o processo de criação, fico sempre numa alegria enorme e não fico triste porque ela está triste. Ia enlouquecer.
Célia amou João Pedro (Herson Capri) e quase foi à loucura com a morte dele. Já teve uma relação tão intensa assim?
Como todo mundo, acho… Mas nunca tive nenhuma paixão que tivesse morrido, como aconteceu com ela. A morte é pior. Perda em vida dá para elaborar… Célia perdeu seu grande amor, respirava por aquele homem desde que acordava até a hora que dormia. Vivia para o Joca. Mas Célia Mara é guerreira e já deu a volta por cima.