Missandei: a história de abuso e libertação da personagem de Game Of Thrones
Em entrevista exclusiva a atriz Nathalie Emmanuel fala sobre seu papel na série - que vai conquistar cada vez mais espaço na próxima temporada.
Faltando apenas 32 dias para a estreia mundial da 6ª temporada de Game Of Thrones, nossos corações mal podem aguentar a ansiedade de rever os personagens que tanto amamos – ou aqueles que ainda sobraram, claro. A 5ª temporada deixou muitas saudades para todos (e algumas revoltas como Jon Snow), mas ainda dá tempo de reviver tudo o que rolou na série: a Warner lançou um box especial com todas as temporadas, cards especiais e também cenas exclusivas sobre a gravação do episódio “Mother’s Mercy“, o 10º da última temporada. Se tudo que já rolou não é suficiente para te deixar ansiosa, saiba que o mundo acha que a 6ª vai ser ainda melhor: os premiados showrunners Dan Weiss e David Benioff afirmaram à Entertainment Weekly que não há um episódio fraco sequer.
Relembre o primeiro teaser lançado da nova temporada
Além de todos esses fatos, uma das melhores coisas sobre essa série que tem fãs no mundo todo é que o núcleo de personas femininas poderosas é grande! Temos a Mãe dos Dragões, Arya e Sansa Stark, as Serpentes da Areia e também a ex-escrava e melhor amiga de Daenerys, Missandei. Em entrevista exclusiva com Nathalie Emmanuel cedida pela Warner, a atriz conta como é interpretar uma personagem com uma história de luta e sobrevivência de abuso.
A londrina confessa que era fã da série bem antes de estrear na 3ª temporada como a brilhante Missandei, uma escrava de Astapor, na Baía dos Escravos, que sabe falar nada menos que 19 línguas. “Eu disse à minha agente logo que comecei a assistir GOT: ‘Meu deus, tem uma série que estou absolutamente obcecada, é realmente muito boa’. Então pedi que ela me avisasse caso surgisse qualquer papel na série – e fiquei esperando por semanas, ligando e perguntando ‘Nada de Game of Thrones?’. Foi um amigo que mandou a descrição da personagem que dizia:
Missandei, mínimo de 3 a 5 episódios, escrava, atriz que não seja branca – o que eu obviamente sou.
“Na época estava trabalhando em uma loja de roupas e a gente não podia ficar com os celulares durante o horário de trabalho. Não tive dúvida: peguei o meu, liguei para minha agente e, antes que pudesse dizer algo, ela me disse “Sim, eu vi. A sua audição é na quarta-feira”. Tudo isso enquanto o gerente da loja gritava para que eu desligasse o celular!”, conta.
A sutileza da personagem pode fazer com que muita gente não entenda toda sua força, sua luta e o cuidado que foi preciso ter para que ela pudesse sobreviver até agora. “Acho que o que eu tentei fazer com a Missandei foi internalizar grande parte das reações dela. Se tiver alguma, ela é muito, muito pequena e pode passar batida facilmente para os outros, mas para ela é importante nunca baixar a guarda, nem que seja por um instante. Ouvir alguém perguntar “o que você acha disso?” é estranho, pois essa é uma pergunta feita para a rainha dela, alguém que ela ama – e às vezes a opinião da Missandei não é o que as pessoas querem ouvir. Na cabeça dela, a lógica é: se fosse algo que ela não quisesse ouvir, ela seria punida por ter dito? Morreria por isso? Esse tipo de relação volátil de escravo e seu senhor é aquilo que está acostumada. Missandei certamente acha que o melhor é ser cautelosa, pois tudo pode mudar em um segundo. Seu instinto de sobrevivência sempre fala mais alto.”
“Todos os homens devem morrer. Mas não somos homens”
Mesmo com seu teor fantasioso e uma representação distinta da época para as mulheres, Nathalie considera que ela é, sim, uma série atual. “Nunca fui muito fã de dragões e coisas do tipo, mas a série é muito mais que isso. A trama toda poderia ser aplicada nos dias de hoje e ainda faria sentido. A política e o lado sombrio também fazem parte da nossa vida.” E se já é difícil explorar todo o campo do abuso sofrido por mulheres – desde então e ainda hoje -, quem leu os livros sabe que, na verdade, para uma criança pode ser bem pior. “Muitos dos personagens foram ‘envelhecidos’ e o curioso é que a Missandei tem nove anos no livro”, explica Nathalie. Talvez isso explique a escolha dos roteiristas da série em escolher uma atriz mais velha para o papel.
Toda essa história também faz jus à relação entre Missandei e Daenerys Targaryen, interpretada por Emilia Clarke – que é, obviamente, uma das personagens preferida de Nathalie. “Eu amei a Daenerys por ela ser toda girl power e porque todo mundo também está torcendo por ela. Mas o Tyrion (Peter Dinklage) é muito divertido e ao mesmo tempo poderoso.”