Estudo mostra que adultos no mundo todo alteram a voz ao falar com bebês
A pesquisa abrange mais de 21 culturas, apontando que o baby talk é real
É incontrolável a vontade de mudar a voz quando estamos falando com bebês. Acredite se quiser, esse hábito – também conhecido como baby talk – é universal. Um estudo abrangendo seis continentes, publicado na revista científica Nature Human Behavior mostrou que os adultos automaticamente afinam a voz ou tentam imitar crianças quando estão tentando se comunicar com elas.
Durante um período de três anos, os pesquisadores coordenaram a coleta de 1.615 gravações de diálogos de 21 culturas com vários graus de conexão com o resto do mundo. De ambientes urbanos nos Estados Unidos até nômades na África Oriental, todos mudam seus padrões de fala se há um bebê presente.
Essa é a primeira vez que um levantamento sobre esse tópico é realizado com uma variedade tão grande de culturas. “Devido a essa grande colaboração internacional, pudemos testar essa questão rigorosamente em muitos locais diferentes ao redor do mundo”, explicou Samuel Mehr, que liderou o projeto como diretor e pesquisador associado de Harvard.
As consistências globais na fala dirigida ao bebê incluíram um tom mais alto e uma amplitude também aumentada. Outras características que apareceram muitas vezes nas gravações foram vogais contrastantes, enfatizando certas letras. Quando os pesquisadores analisaram o canto, notaram mudanças consistentes no ritmo e no timbre.
“Essas descobertas mostram que as características acústicas da fala e da música dirigidas ao bebê são fortemente estereotipadas nas 21 sociedades estudadas aqui”, relataram os autores no estudo.
Os pesquisadores utilizaram uma máquina para analisar tom e volume das vozes, para adivinhar se uma gravação era direcionada para um adulto ou uma criança. Esta pesquisa teve como base estudos anteriores que mostram que canções de ninar e padrões de fala alterados podem ter um efeito calmante em bebês – assim como em animais. Vocalizar é uma função importante para sinalizar que há algo perigoso próximo ou para demonstrar afeto.
Em suma, o levantamento também apontou que há uma “variação e influência cultural nessa prática” e que o objetivo era apenas “descobrir partes ocultas de nossas mentes que moldam nosso comportamento e experiências cotidianas”. Ou seja, não é possível afirmar que todas as sociedades possuem uma fala específica para falar com bebês, mas sim que existem formas em comum de se fazer isso.
Os estudiosos também afirmam que mais pesquisas precisam ser conduzidas acerca disso, focando em culturas específicas que possuam práticas incomuns de vocalização. Considerando que o estudo abrange apenas 12 famílias linguísticas.