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É um privilégio poder dedicar meu trabalho à proteção de pessoas

Em homenagem à Sergio Vieira de Mello e aos trabalhadores que se dedicam à ajuda humanitária, hoje é o Dia Mundial Humanitário

Por Livia das Neves
Atualizado em 20 ago 2020, 10h37 - Publicado em 19 ago 2020, 15h30

O dia 19 de agosto, Dia Mundial Humanitário, sempre me traz muitas reflexões. Nesta data, em 2003, um atentado à sede da ONU em Bagdá matou 22 pessoas e feriu mais de 100. Entre as vítimas fatais estava o brasileiro Sergio Vieira de Mello, como Representante Especial do Secretário Geral da ONU para o Iraque. Hoje eu moro e trabalho no Iraque e muitas vezes estou a poucos quilômetros de onde ocorreu o atentado. A data é celebrada para lembrar a importância de respeitar e apoiar a atuação dos trabalhadores humanitários. Afinal, é por nossas mãos que chega a proteção às populações mais vulneráveis do planeta.

(Peter Charlesworth/LightRocket/Getty Images)

Eu tenho orgulho do caminho profissional que escolhi. Descobri cedo e meio por acaso que queria trabalhar com ajuda humanitária. Comecei a trabalhar com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) aos 21 anos, como estagiária. Foi uma experiência fantástica e desde então soube que queria trabalhar no setor humanitário. No ACNUR, me sinto privilegiada por poder usar meu trabalho em prol da proteção e assistência de pessoas que foram obrigadas a fugir de suas casas.

É muito gratificante estar presente nos lugares onde o ACNUR opera, podendo encontrar as pessoas para as quais trabalhamos, ouvir seus desafios e anseios e sentir o impacto de nossas intervenções humanitárias. Esse trabalho proporciona momentos que me dão a motivação para continuar e também me permite viver em vários lugares do mundo, com a oportunidade de conhecer diferentes culturas em toda a sua diversidade.

Os melhores momentos são aqueles em que vejo refugiados conquistando seus objetivos, apesar de todos os desafios enfrentados durante o deslocamento forçado. Lembro, por exemplo, de uma formatura de um grupo de refugiados sírios que viviam no campo de Zaatari, na Jordânia, e que graças a uma bolsa de estudo realizaram o sonho de se formar.

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Mas também já vivi dias muito difíceis. Uma vez me deparei com o caso de uma refugiada que foi sequestrada enquanto tentava fugir do conflito em seu país de origem. Ela chegou ao campo onde eu trabalhava em um estado de saúde muito delicado, após ter sobrevivido à violência sexual e tortura. Quando chegou ao campo, sua saúde já estava muito debilitada e, apesar de todos os esforços para assegurar-lhe o tratamento médico necessário, ela não resistiu e faleceu algumas semanas mais tarde. Fiquei muito afetada com sua história e até hoje me lembro dela quando me deparo com outros casos de sobreviventes de violência sexual e de gênero.

Histórias como essas certamente vão embalar o meu dia hoje, aumentando a saudade do meu trabalho em campo. Hoje, escrevo este texto do Brasil. Meu endereço continua sendo no Iraque, mas por causa da pandemia estou no Brasil, trabalhando remotamente, dando apoio aos colegas da equipe iraquiana que continuam o trabalho de campo do ACNUR no país.

Penso muito na população de refugiados no Iraque, que vive uma situação muito precária e vulnerável e que foi agravada pela pandemia. Muitas famílias estão sem fonte de renda há meses, sem dinheiro para as necessidades mais básicas.  Por isso, é muito importante manter a ajuda humanitária em campo, sem abrir mão dos cuidados recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para aumentar e manter esses cuidados no Iraque e em muitas outras partes do mundo, o ACNUR conta com pessoas que direcionam suas vidas a trabalhar longe de suas famílias, muitas vezes em lugares remotos. No entanto, os refugiados e outras pessoas afetadas por crises humanitárias também precisam da ajuda daqueles que não têm a mesma vocação. Esses podem fazer doações para que nosso trabalho seja mantido e expandido, se envolver em iniciativas locais que apoiam pessoas refugiadas e ajudar na conscientização sobre a importância do acolhimento.

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O apoio de pessoas físicas e jurídicas é essencial para que o Acnur continue seus esforços seus para salvar vidas e proteger aqueles que foram forçados a deixar suas casas. As doações podem ser feitas aqui.

 

 

*Livia das Neves é Oficial de Proteção do ACNUR no Iraque e faz parte da equipe de mais de 16 mil funcionários do ACNUR, dos quais a maioria atua em campo, como ela.

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