Como homenagear em seu casamento alguém que já partiu?
Lembrando que, apesar de delicada, a escolha de honrar parentes e amigos queridos que já não estão mais em vida cabe apenas ao casal.
Dizem as antigas tradições casamenteiras que, durante seu grande dia, a noiva deve ter em mãos quatro objetos essenciais antes de riscar a passarela rumo ao matrimônio. Seriam eles representados por: algo emprestado, algo antigo, algo novo e algo azul.
Mas, muito mais importante do que seguir algumas dessas crenças, seria garantir a presença de todos aqueles que acompanharam a trajetória dos noivos ao longo dos anos, certo?
Acontece que muitas vezes (e pelos mais diferentes motivos), alguns dos nossos parentes e amigos queridos, que fariam questão de bater ponto na cerimônia, acabam indo embora deste mundo, antes mesmo dela acontecer, deixando boas lembranças e uma grande saudade. Mesmo assim, isso não é motivo para evitar celebrações – afinal, se eles estivessem vivos, com certeza vibrariam pela sua felicidade.
Homenagens póstumas são cada vez mais comuns em cerimônias e festas de casamento, independente da religião ou espiritualidade de cada casal. Mas os noivos (ou noivas) devem estar atentos a alguns detalhes importantes, caso queiram mesmo colocá-las em prática.
De acordo com o celebrante e cerimonialista Benny Coquito, a decisão de homenagear ou não entes queridos e já falecidos, deve partir 100% do casal, sem deixar que outros familiares influenciem na escolha: “É necessário discernimento, já que são duas famílias se unindo e mais de uma centena de pessoas que vão presenciar o enlace”, sinaliza.
A seguir, você confere algumas ideias, regadas de sutileza, pensadas especialmente para ressaltar a memória de quem, apesar de ter ido embora, continua sempre presente aí dentro.
Atente-se aos convites:
Para Roberta Martinez, publicitária, especialista em casamentos e dona do blog “Aceito Sim“, que presta consultoria para noivas, no caso dos pais ou mães dos noivos já terem falecido, é recomendável que uma inscrição com as palavras em latim “In Memoriam” venha acompanhada dos nomes deles, dentro dos convites.
Caso você ache a expressão muito formal, pode também incluir outras frases (“sempre na memória”, “com a benção dos pais”, etc), ou até mesmo o desenho de um coraçãozinho ao lado de cada nome póstumo.
A entrada dos noivos durante o cortejo também pode ser adaptada nesses casos, e tudo depende do quanto o casal vai se sentir confortável com as mudanças. “Já fiz várias cerimônias em que a noiva entra com um tio, com um irmão ou até mesmo sozinha, no caso do pai ter falecido. E noivos que também entram com a avó e com a tia, no caso da mãe ter falecido. Ou então, os dois entram juntos, lado a lado”, diz o cerimonialista Fábio Luporini.
Explore detalhes na decoração:
Outra sugestão é aproveitar a decoração do salão para sinalizar pequenas homenagens, sem ter de falar abertamente sobre elas. Por exemplo, você pode inserir fotos de momentos alegres das pessoas que já partiram na mesa dos noivos, ou na de parentes próximos daquelas pessoas.
Ainda nessa linha, é possível montar uma árvore genealógica (para casamentos ao ar livre), ou galeria, com porta-retratos dos parentes e amigos queridos, posicionados no próprio aparador onde será realizado o ritual – recomendam Fábio e Roberta.
“Há também noivos que deixam uma cadeira ‘reservada’ na cerimônia, com uma placa ‘in memoriam’ e o nome do homenageado”, diz Roberta. Em vez da placa, você também pode colocar objetos que eram dessa pessoa enquanto ela estava viva – uma peça de vestuário ou acessório, uma foto e até flores, como rosas brancas, dão conta do recado.
E por falar em flores, que tal escolher aquelas que eram as favoritas de sua avó em vida para decorar todo o salão, por exemplo?
Carregue quem você mais ama no buquê:
Uma das dicas mais legais para as noivas é prender ao buquê, com um alfinete, ou carregar dentro de um relicário, uma foto (ou mais de uma, se necessário), de quem marcou suas vidas e já não existe mais. A ideia, aparentemente simples, costuma agradar às noivinhas mais discretas – aponta Benny.
Resgate acessórios e complemente os figurinos:
Aqui, as maneiras de enaltecer aqueles que já se foram são das mais diferentes. No caso da noiva, pode-se usar um acessório inseparável que pertencia ao parente/amigo querido – um relógio, um terço, um broche, joias (como colares, anéis, pulseiras…). Há também as noivas que se casam com vestidos, sapatos ou véus – que já foram de suas avós e mães -, o que é igualmente simbólico.
Um truque fofo é bordar, na barra do vestido de noiva, internamente ou no paletó do noivo, os nomes, iniciais, retratos ou alguma frase que remeta àquela pessoa.
Para o noivo vale, igualmente, lançar mão de abotoaduras, gravatas e lenços de lapela, que também foram herança. Ah! A boa e velha foto 3X4 entra no pacote, basta posicioná-la dentro do bolso do terno.
Use o momento da retrospectiva:
Caso você e seu futuro marido/esposa não queiram fugir muito do comum, vale aproveitar a hora da retrospectiva do casal – que costuma ser exibida em um telão para todos os convidados – para mostrar fotos com lembranças da infância, adolescência e até da vida adulta dos noivos (as), sempre ao lado dos familiares, amigos e bichinhos de estimação que deixaram saudades.
Já se a retórica for seu forte, está liberado se arriscar no discurso e prestar homenagens usando a fala a seu favor. Neste momento, ainda, os noivos (as) podem pedir um minuto de silêncio aos presentes – principalmente se algum parente ou amigo da família faleceu há pouco tempo.
Velas e orações:
Segundo Benny, quando o assunto é inserir velas como parte das homenagens póstumas, o cuidado deve ser redobrado, já que esses objetos não são utilizados em todas as religiões, o que pode causar até constrangimento em outros convidados.
Caso sua religião permita a celebração com velas, ou se você não tiver uma crença definida, a dica de Fábio é apagar as luzes do ambiente e conduzir os presentes para um momento de oração à luz de velas, a fim de relembrar aquelas pessoas.
“Os noivos podem acender uma vela para cada um dos entes queridos que perderam, ou podem convidar familiares e amigos para acender as velas, em nome de cada pessoa. O ideal é que o momento seja apenas para uma homenagem rápida, e não para relembrar a dor e a tristeza”, explica Roberta.
Além das sugestões acima, vale explorar a criatividade para fazer a homenagem póstuma – seja por meio de decorações, lembrancinhas, músicas, discursos ou brindes – já que o mais importante é que ela contemple os desejos do casal.
“As homenagens mais simples costumam ser as mais emocionantes. Uma música, uma oração, uma foto. Tudo pode ser especial!”, encerra Fábio.