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Noranathan Guimarães, a mulher que transformou o WhatsApp em sala de aula

O ResistEnem, iniciativa surgida em meio à pandemia de Covid-19, é ferramenta contra a desigualdade digital na educação de estudantes de todo o país

Por Joana Oliveira
Atualizado em 13 out 2022, 19h17 - Publicado em 6 out 2022, 11h29

Em 2020, no auge da pandemia de Covid-19, Noranathan Guimarães, de 26 anos, natural de Santarém, no Pará, e formada em biotecnologia, se juntou a outras pessoas que queriam ajudar os alunos que estavam prestes a prestar vestibular e passaram a ter aulas remotas.  De acordo com uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), feita em 2018, 58% dos domicílios no Brasil não têm computadores e 33% não possuem internet. Cientes dessa desigualdade, Noranathan  e seu grupo decidiram criar o ResistEnem, um projeto social que oferece materiais didáticos, exercícios e aulas de diferentes disciplinas a alunos de todo o Brasil para se prepararem para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Tudo isso pelo WhatsApp. “Transformamos essa ferramenta em salas de aula. O WhatsApp tem mais fácil difusão, consegue quebrar um pouco a barreira da desigualdade digital no Brasil. Tem comunidades que não têm energia elétrica direito, mas que conseguem captar sinal de internet”, diz Noranathan a CLAUDIA. Ela é mais uma das empreendedoras de um grupo de mulheres incríveis que você conhece no projeto Potencializadoras, uma parceria especial entre CLAUDIA, PretaHub e Meta.

Ao lado de Samanta Allis e Bianca Medeiros, a jovem, formada em biotecnologia, é uma das coordenadoras do ResistEnem, por onde já passaram mais de 1.200 alunos e que tem hoje 140 professores voluntários (além dos que já participaram em outros momentos da iniciativa). Quando o projeto começou, Noranathan fazia doutorado no Instituto Butantã, em São Paulo. “Estava metida em laboratório, nunca havia tido contato com processos educacionais. Mas me juntei a esse grupo de pessoas, todas periféricas, oriundas de escolas públicas, que queriam ajudar. Se em nossa época foi difícil passar no vestibular, imagina para quem estava com aulas remotas e ainda mais precárias…”

Nesse projeto de construção coletiva, tudo começou com pegar professores voluntários e colocá-los em grupos de WhatsApp onde qualquer aluno poderia tirar dúvidas em tempo real.  À medida em que o projeto foi crescendo e se organizando, o ResistEnem tornou-se, cada vez mais, uma espécie de cursinho pré-vestibular gratuito.

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Noranathan Guimarães, co-fundadora do Resistenem.
Noranathan Guimarães, co-fundadora do ResistEnem. (Wendy Andrade/Reprodução)

Os alunos são divididos em dois blocos, conforme explica Noranathan: o primeiro é um bloco autodidata, com materiais de estudo disponibilizados de segunda-feira a sábado. Além dos conteúdos de aulas e resumos sobre as matérias, os alunos recebem mapas mentais, com técnicas para absorver os assuntos e listas de exercícios elaborados pelos professores, com gabaritos comentados. O segundo bloco é de interação com os professores, onde acontecem, à noite a aos sábados, os plantões para resolver dúvidas e dificuldades. Nesses plantões interdisciplinares, os alunos têm palestras de historiadores, filósofos e profissionais de diferentes áreas para discutir o tema da redação da semana, que é passado sempre às sextas-feiras. “É uma grande oportunidade de intercâmbio sociocultural entre pessoas de todo o país”, comenta Noranathan. Quando trataram das queimadas no Pantanal, por exemplo, foram alunos moradores daquela região que atualizaram os demais sobre o impacto da destruição desse bioma.

“Traçamos um perfil pedagógico e um cronograma de acordo com as necessidades de cada aluno e do tempo que ele pode dispor para estudar. Tem muitas mães, por exemplo, que cuidam dos filhos, muitos trabalhadores… Então, tentamos ao máximo adaptar esse cronograma de acordo com cada realidade”, acrescenta a coordenadora do projeto. Noranathan lamenta que, apesar de ser muito replicável, uma iniciativa como o ResistEnem demanda uma estrutura de organização e logística muito grande, além dos recursos humanos. “Nós ainda temos déficit de professores voluntários. Além disso, tem todas as questões que envolvem o cuidado com a educação na internet, afinal, estamos em contato com muitas pessoas menores de idade”, acrescenta.

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No primeiro ano da iniciativa, a demanda era tamanha que alguns professores chegaram a ter burnout (síndrome de esgotamento pelo trabalho). No ano passado, as coordenadoras passaram a fomentar o intercâmbio de conhecimento também entre os voluntários, já que esse grupo de educadores tem desde pessoas que acabaram de entrar na graduação até pós-doutores em diversas áreas. Em 2022, o projeto social está num processo de estruturação jurídica para virar o Instituto ResistEnem. “Isso tem acontecido principalmente graças às consultorias que recebemos do PretaHub. Antes, não queríamos nem ouvir falar em dinheiro, mas entendemos que precisamos de fomentos para levar o projeto adiante. “Apesar de parecer um trabalho pequeno, de formiguinha, é grandioso, porque estamos mudando mundos. Ajudamos a transformar a vida de pessoas”, comemora Noranathan.

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O projeto Potencializadoras é uma parceria do PretaHub, da CLAUDIA e da Meta para contar histórias de mulheres negras empreendedoras. A fotógrafa baiana Helen Salomão e Wendy Andrade se uniram para retratar 15 mulheres que fazem parte da Aceleração de Negócios de Empreendedoras Negras, iniciativa idealizada pela Meta e pela PretaHub.

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