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Fernanda Pessoa e a importância da reinvenção no sistema de ensino

A educadora utiliza métodos diferentes e com seu ensino aprova milhares de alunos em faculdades

Por Raíssa Basílio
4 dez 2023, 11h21

Fernanda Pessoa é uma educadora multifacetada e empreendedora. Ela construiu seu legado no campo da educação e fundou o Grupo Educacional Fernanda Pessoa, instituição com o maior número de aprovações em vestibulares por mais de dez anos consecutivos.

Nascida em Pernambuco, a educadora introduziu métodos inovadores e mudou a abordagem vista em cursinhos pré-vestibulares. Sua visão interdisciplinar promove uma educação humanizada e inclusiva. Com mais de duas décadas na educação, é a idealizadora de um curso, presencial e online, em que pessoas do Brasil todo se preparam para os vestibulares mais concorridos. Conversamos com Fernanda Pessoa sobre sua trajetória.

A educadora teve seu caminho entrelaçado com a docência desde cedo. Seu pai era professor e quando criança, ela brincava com os materiais dele, já se imaginando com o mesmo ofício. “Ele sempre odiou ser professor”, conta ela sobre o receio que tinha de seguir essa profissão. “Eu sempre o via muito triste dando aula, eu tinha muito medo de ficar assim quando eu me descobri professora”.

Fernanda Pessoa e a importância da reinvenção no sistema de ensino
(Lucas Soares/Divulgação)

Fernanda e seu instinto altruísta

“Eu nunca me imaginei professora, eu acho que como sempre pensei em melhorar a minha vida e a dos meus pais ser professora não me dava essa possibilidade. Sou de Arcoverde, sertão daqui de Pernambuco, então eu pensava em ser médica na África porque sempre tive instinto muito altruísta e queria poder dar uma condição de vida melhor a todo mundo. Na cabeça de uma pessoa do Sertão, só tem como fazer isso sendo médico”, relembra.

Fernanda conta que por muito tempo não pensava nessa sua vontade e anos depois, isso voltou a mente de uma forma bem inesperada. “No dia em que eu fui dar a primeira aula no curso em que leciono, eu ouvi o universo dizer: ‘sua África é aqui’. Se espiritualidade, Deus, ou o universo, aquilo fez tanto sentido na minha cabeça”. 

Ela ajuda e muito as pessoas como professora, mas na época, ainda não tinha essa noção. “Eu não me imagino sendo médica, eu só queria poder ajudar pessoas com meu trabalho e dar condições de vida melhores”. A vida a levou por caminhos inesperados, antes de estudar para dar aulas, ela tornou-se mãe aos 15 anos. 

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O pai foi embora e ela, com o apoio emocional da família, lutou para oferecer boas condições para sua filha Débora, superando dificuldades financeiras e obstáculos educacionais. “Quando eu engravidei eu imaginei que eu fosse ter por quem lutar”, completa.

Nem a jornada desafiadora fez Fernanda Pessoa desistir de seus objetivos

Após o nascimento da filha, decidiu estudar letras na faculdade para ampliar suas oportunidades de ensino e ir em busca de formas de sustentar sua família. Conciliava seus estudos com a venda de lanches para custear a graduação. A falta de recursos a levou a aprender na prática, sem livros didáticos, desenvolvendo suas habilidades culinárias.

Ela expandiu seu pequeno negócio de lanches para oferecer serviços de buffet, mesmo enquanto cursava a faculdade. Aprendeu a confeitar bolos, tornando-se uma empreendedora versátil e dedicada, mas acabou enfrentando um golpe financeiro ao emprestar cheques a alguém que os negociou com agiotas, resultando em uma dívida avassaladora. “Então, eu fiquei devendo a 67 agiotas”, conta ela.

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“Eu aprendi a dar aula, lecionando”

Essa situação a forçou a abrir mão de seus pertences e a se mudar, continuando a pagar parte da dívida por anos. Se mudou para Recife, Fernanda persistiu, arrumou um emprego em uma escola e, aos poucos, foi se entendendo como educadora. “Eu aprendi a dar aula, lecionando”, conta.

“Uma coisa que me incomodava muito era não ver uma escola comprometida com o aprendizado do aluno. Em paralelo à escola, eu comecei a dar aulas particulares, durante à noite, e perceber como era o meu jeito de ensinar. E fato de ter visto poucas aulas da faculdade, eu não sabia o que era dar aula. Talvez tenha sido sorte, escrever sobre a minha história é que comecei a pensar sobre isso”.

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Ela notou que o verdadeiro impacto de seu trabalho ia além da sala de aula tradicional. Ao oferecer aulas de reforço para estudantes em suas próprias casas, testemunhei transformações reais: eles começaram a passar nos vestibulares. “Eu fui demitida de todas as escolas onde eu trabalhei, eu trabalhei em mais de 15 escolas e eu fui demitida de todas. Não é porque eu era subversiva, mas me incomodava ser obrigada a fazer uma coisa que para aquele jovem não tinha o menor sentido. Eu só queria que eles aprendessem e eu via um formato educacional que mais atrapalhava do que ajudava”.

Para contornar isso, adotou métodos pouco convencionais. Em certo momento, com uma turma do terceiro ano, Fernanda resolveu dar nota máxima na redação de todos durante o ano inteiro.  “Se vocês querem nota eu dou 10 em redação a todo mundo, vocês não vão se preocupar com isso, só que vocês não vão poder dizer a ninguém, porque eu não posso estar fazendo isso e eu quero que vocês aprendam”.

O que gerou resultados incríveis, mas acabou chamando atenção da coordenação, alguém deve ter contado para alguma mãe e resultou na demissão de Fernanda. Buscava ensinar de maneira eficaz, mesmo sem recursos, alugando uma pequena sala nos fundos de um açougue para continuar esse trabalho transformador.

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Fernanda Pessoa e a importância da reinvenção no sistema de ensino
(Lucas Soares/Divulgação)

O verdadeiro impacto de um bom educador

“Eu queria ensinar de um jeito que eu sabia que as pessoas teriam como aprender. Mesmo sem grana, eu abri uma salinha, eu aluguei uma sala nos fundos de uma de um açougue e eu consegui fazer uma turma com 13 alunos. Eu queria que pessoas pobres e ricas tivessem as mesmas chances, para assim mostrar que o grande problema da pessoa pobre é que ela não tem oportunidade. Eles querem entrar na universidade, mas as oportunidades são escassas”, pontua.

Fernanda leciona por uma quantia pífia, pois seu foco era ensinar. Nessa turma de apenas 13 alunos, 10 foram aprovados na universidade. Isso fez com que Fernanda percebesse que havia algo especial em sua abordagem. O resto é história! Seu compromisso era ensinar de forma autêntica e significativa, fugindo do padrão tradicional das escolas, mesmo que isso a levasse a ser demitida de várias instituições, por buscar métodos pedagógicos inovadores e centrados no aprendizado efetivo.

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Posteriormente, Fernanda encontrou um espaço em que poderia lecionar e o curso cresceu rapidamente. Ao desbravar o ensino online, em 2019, ela alcançou alunos em todos os cantos do Brasil. Em 2022, mais de três mil alunos foram aprovados, sendo mais de 300 em primeiro lugar em cursos por todo o país. Hoje, o Grupo Fernanda Pessoa atende a mais de 50 mil alunos de todas as regiões brasileiras, com uma abordagem educacional focada na humanização do aprendizado.

Fernanda acumula alunos com notas máximas na redação do ENEM, graças ao seu método de ensino inovador que vai além dos métodos tradicionais. Ela continua com conquistas impressionantes: mais de 100 mil alunos anualmente são aprovados no vestibular, em todos os estados brasileiros. Fernanda Pessoa compartilhou apenas partes de suas história e segue escrevendo sua trajetória, enfatizando a importância de uma educação para além do ensino convencional, buscando oportunidades equitativas para todos os alunos, independentemente de sua origem ou contexto socioeconômico.

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