Veganismo: vale a pena apostar nas carnes vegetais?
Essas opções são indicadas para substituir derivados de animais
Dia 1 de novembro é o Dia Mundial do Veganismo, data que celebra o não consumo de produtos de origem animal. E mesmo que você não seja totalmente adepta, já que ele também pode ser considerado um estilo de vida, a verdade é que diminuir a ingestão de carne, por exemplo, pode ser ótimo para saúde.
As chamadas “carnes do futuro” e os “laticínios” vegetais, alimentos veganos feitos a partir de plantas, têm ganhado cada vez mais popularidade. Mas afinal, vale a pena investir nisso? De acordo com a ciência, a resposta sim!
De acordo com uma revisão publicada no final de julho no periódico científico Future Foods, essas opções podem ser mais saudáveis e ambientalmente sustentáveis. “Mas é necessário sempre avaliar a tabela nutricional e a lista de ingredientes de cada alimento, tomando cuidado com o excesso de conservantes e ingredientes químicos que podem trazer problemas de saúde”, explica a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Impacto das carnes vegetais no meio ambiente
Cientistas analisaram 43 estudos sobre os impactos dos alimentos à base de plantas no meio ambiente e na saúde do consumidor. Na questão ambiental, os produtos plant based possuem níveis baixos de emissão de gases de efeito estufa, como dióxido de carbono (CO2), o metano e o óxido nitroso, do que de origem animal. Ainda outra pesquisa, feita na Alemanha, mostrava que substituir 5% do consumo de carne de vaca por proteína de ervilha poderia reduzir a emissão de Dióxido de Carbono (CO2) em até oito milhões de toneladas por ano. “De maneira geral, a produção de alimentos à base de plantas requer menos terra para agricultura, utiliza menos água e causa menos poluição do que os alimentos de origem animal”, destaca a médica.
Carnes vegetais são aliadas da saúde?
E quanto a saúde? Esses produtos tendem a possuir um perfil nutricional melhor do que produtos derivados de animais – especialmente quando pensamos em gorduras saturadas, colesterol e fibras. Inclusive, alguns estudos sugerem que carnes e laticínios de origem vegetal podem beneficiar a perda de peso e o ganho de massa muscular, além de contribuir para condições específicas de saúde, como controle da insulina e redução do risco de doenças cardiovasculares.
“Podemos enxergar como esses produtos à base de plantas são capazes de facilitar mudanças na alimentação, reduzindo a demanda por produtos de origem animal ao apelarem para elementos fundamentais que os consumidores procuram ao consumir carnes e laticínios, como sabor, textura e experiência, além, é claro, da conveniência”, afirma a médica.
Em suma, essa alternativa se faz mais saudável para aqueles que desejam reduzir ou eliminar o consumo de carnes e laticínios – mas também não se engane. “Muitos desses produtos produzidos a partir de plantas, especialmente as carnes, são considerados alimentos ultraprocessados, isto é, são formulações industriais fabricadas a partir de substâncias extraídas ou derivadas de outros alimentos (no caso, as plantas) e sintetizadas em laboratório (corantes, aromatizantes, conservantes e aditivos)”, alerta Marcella Garcez.
Os alimentos plant based são ótimas opções para quem quer substituir os derivados de animais, mas, como outros ultraprocessados, o excesso pode ter efeitos indesejados ao corpo, como aumentar o risco de obesidade, colesterol e doenças cardiovasculares. Por isso, é importante analisar bem o que você está consumindo, composição e quais os ingredientes. Para quem quer investir em uma dieta vegana, a melhor forma continua sendo apostar em refeições caseiras e livre de conservantes.
“Alternativas à carne e proteínas vegetais, como sementes, oleaginosas e leguminosas, incluindo feijões, ervilhas, lentilhas, grãos de bico, nozes e castanhas podem ser incluídas e combinadas em uma dieta equilibrada, variada e o mais natural possível. Para garantir todos os aminoácidos essenciais, a combinação de um cereal com um grão é o recomendado, por exemplo: feijão e arroz, ou ervilha e milho. Já para substituir leite e derivados, uma excelente opção é preparar seu próprio leite em casa a partir de alimentos como aveia, arroz e amêndoas”, recomenda a especialista.