Design autoral: como começar a investir em peças com assinatura e propósito
Especialistas discutem o valor do design assinado, as melhores opções para começar uma coleção e como equilibrar peças autorais com mobiliário funcional

Obras de arte para usar no dia a dia. Assim podem ser vistas as peças de design autoral que figuram em interiores contemporâneos e também nas listas de desejo de quem busca investir em itens com valor estético, histórico e emocional. Mas como reconhecer um bom exemplar de design assinado? E qual o melhor ponto de partida para quem quer começar uma coleção?
O design autoral tem um discurso por trás, algo que motivou o designer a criar determinada peça. Pode ser um conceito, uma experimentação formal, material ou construtiva, uma crítica social ou uma homenagem.
Para a jornalista e pesquisadora de design Winnie Bastian, diferenciar o design autoral de um móvel apenas “estiloso” envolve entender o processo criativo. “São peças que expressam o estilo, o modo de projetar ou características particulares de um autor. São objetos que têm um “quê” a mais, que comunicam algo único”, explica.
Essa intenção fica clara também para o arquiteto Fernando Forte, sócio do FGMF. “Na nossa opinião, design assinado é quando um arquiteto, designer ou profissional afim, geralmente com certo reconhecimento, assina o projeto de uma peça para uma empresa que normalmente não desenvolve design internamente”, diz.
“A principal diferença entre essas peças e outras está no fato de elas serem propositivas — têm um propósito, uma razão de ser, e de algum modo marcam a história do design.”

Mas qual é o momento ideal para começar a investir em peças de design? “É quando elas te dizem algo, quando te tocam de alguma forma. O design tem um grande poder de comunicação, e os objetos autorais funcionam como vetores de narrativa — eles contam histórias. Claro que a estética importa, mas, para mim, o essencial está na relação que se estabelece entre a peça e o usuário”, afirma Winnie.
Para quem está começando, os pontos de partida são diversos. A arquiteta Ticiane Lima recomenda iniciar por uma mesa lateral. “É uma peça versátil, fácil de inserir em diferentes projetos e ambientes.
As luminárias, como o abajur, também funcionam muito bem nesse início — são elementos que, além de funcionais, adicionam personalidade ao espaço. Bancos ou banquinhos de apoio também são ótimas opções para começar, pois unem praticidade e estilo”, indica.

Projeto da arquiteta Ticiane Lima reúne poltrona John Graz, de Baba Vacaro, banco Mocho, de Sergio Rodrigues, e mesinha de apoio Oliver, de Fernando Prado. Tríade à venda na Dpot (Reprodução/Reprodução)
Fernando Forte concorda. “Se a ideia for montar uma coleção, como se faz com obras de arte, eu sugeriria começar visitando antiquários modernistas, sem se prender a uma tipologia específica de mobiliário. E é bom ter em mente que conservar uma mesa lateral ou uma luminária é bem mais fácil do que, por exemplo, um sofá no uso diário!”
Segundo os entrevistados, a valorização do feito à mão e do artesanal é um movimento nítido, mas não o único fator de peso nesse universo. “Sem dúvida há uma valorização do artesanal em comparação com o que é totalmente industrializado”, comenta Fernando. “Mas acredito que outros fatores acabam sendo ainda mais relevantes, como o fato de a peça ser numerada ou de tiragem limitada, não ser mais produzida, ou pertencer a uma edição original de determinada loja ou designer.”
Na hora de escolher peças de design, as indicações são diversas. Ticiane cita, por exemplo, a cadeira Girafa, de Lina Bo Bardi, que foi a sua primeira aquisição autoral. “[Além dela], uma peça que considero um excelente ponto de partida — tanto pelo valor acessível quanto pelo impacto estético — é a cadeira Paulistano, do Paulo Mendes da Rocha. Além do design icônico, ela permite a troca de capas, o que agrega versatilidade ao uso. Outra sugestão interessante é a poltrona Arquipélago, do Estúdio Ninho, que combina beleza e autenticidade. E, por fim, destacaria os itens da Claudia Moreira Salles — especialmente um cabideiro que usei em uma edição da CASACOR. Embora o investimento seja um pouco mais alto, trata-se de um produto com forte identidade e excelente qualidade, como é característico das criações da Claudia”, sugere Ticiane.
Já Fernando aponta: “a poltrona de balanço do Liceu de Artes e Ofícios, cada vez mais rara, bonita e confortável. Além das peças do Domingos Tótora, como a mesa Água, o banco Taipa, banco Terrão e banco Vereda”. Mas a lista do arquiteto não para por aí, tem também o aparador Estrado, de Gustavo Bittencourt, a mesa lateral porta-vaso, de Zanine Caldas, e a Série Rio, com bancos únicos esculpidos em pedra, da ,Ovo.

Para finalizar, Winnie aconselha a calibrar o olhar. “Vale acompanhar o trabalho de designers que ainda estão se consolidando no mercado. Além da pesquisa online, fique de olho em feiras como a MADE e a SP-Arte, que reúnem tanto nomes já reconhecidos quanto novos talentos.”
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