Crianças x brinquedos: a arrumação pode ser uma tarefa divertida
Quem disse que organizar brinquedos e livros precisa ser uma tarefa chata? Transformar a arrumação em diversão é uma boa estratégia para incentivar os filhos a deixar o quarto sempre em ordem. Confira dicas de especialistas, veja produtos que podem ser aliados e junte-se à garotada nessa batalha!
O recrutamento pode ser feito logo cedo, a partir de dois anos de idade. A simples delimitação de espaços – o canto dos livros, o dos jogos e o dos bonecos, por exemplo – já ajuda a criança a perceber que cada coisa tem seu devido lugar e, consequentemente, a encarar com naturalidade o ato de devolver o brinquedo à sua casa. “Claro que, em algum momento, ao se deparar com a imensidão de objetos espalhados, ela pode desanimar. Nessa hora, o adulto deve entrar em cena para dar uma mãozinha. E também lembrar o quanto vai ser bom encontrar os itens todos prontos para a brincadeira na próxima vez”, aponta a psicóloga Daniella Freixo de Faria.
Como tudo o que diz respeito ao aprendizado dos pequenos, paciência e persistência são virtudes necessárias. O ideal é que o processo aconteça aos poucos, um passo de cada vez, como observa a psicóloga Claudia Ranaldi: “Não se deve exigir perfeição nem cobrar além do que é possível para aquela idade e para aquele indivíduo. Por outro lado, é importante reconhecer o esforço com elogios. Quanto mais leve, lúdica e divertida for a arrumação, mais facilmente a criança desenvolverá uma atitude positiva com relação à organização de seu quarto.”
Traga-os para a causa
º Um jeito eficiente de fazer com que os guris se envolvam no processo é pedir a opinião deles – pergunte onde preferem guardar este ursinho ou aquele quebra-cabeça, ou se acham uma boa ideia deixar os gibis junto com os livros. “Isso funciona especialmente no caso das crianças mais velhas, mas também vale para as menores”, considera Claudia.
º “A empatia é outro grande aliado”, observa Daniella. Ao ouvir os pais dizendo que realmente dá um trabalhão guardar tudo, o filho percebe que não é o único a se sentir assim, o que gera identificação. “Mas é preciso sempre acrescentar que, por mais cansativo que seja, a arrumação também é parte do brincar”, lembra.
º Inventar jogos é mais uma tática que não costuma falhar. “Pegue dois cestos, dê um para a criança e fique com o outro. Quem guardar a maior quantidade de brinquedos e depois colocar o cesto no lugar em um determinado tempo vence. Estipule o prêmio antes – pode ser um sorvete ou 15 minutos a mais de TV, por exemplo”, propõe a personal organizer Rafaela Oliveira.
Escolha as armas certas
º Além de armários e prateleiras, também vale lançar mão de caixas, cestos e baús para abrigar os cacarecos. Os modelos transparentes facilitam na hora de localizar um objeto. “Para ajudar, coloque uma etiqueta identificando o conteúdo de cada recipiente. Ou, ainda, escolha uma cor diferente para cada categoria – por exemplo, verde para os carrinhos, azul para os jogos de montar, vermelho para as bonecas”, sugere Rafaela. E, não custa lembrar, procure deixar tudo ao alcance dos pequenos a fim de que eles possam pegar o que quiserem e depois colocar de volta. “Se a caixa ou baú for pesado, é melhor que tenha rodízios”, aconselha a profissional.
º Atenção ao material de que são feitos os organizadores! Móveis laqueados devem ser evitados, pois podem riscar ou lascar com qualquer batidinha. “Já o acabamento de laminado melamínico é ideal. Sua limpeza pode ser feita com álcool seguido de pano umedecido, e ele se apresenta em diversas cores para compor o ambiente”, afirma a arquiteta Ana Luiza Almeida Prado Sawaia. Mãe de um casal, ela ainda recomenda, por experiência própria, as caixas de lona laváveis e os baldes de plástico flexíveis.
Recorra aos reformados
º O orçamento nem sempre permite comprar produtos específicos para esse fim. Nada impede, porém, que itens reaproveitados organizem a bagunça. “Gosto muito dos caixotes de feira. Só que eles exigem atenção redobrada: devem receber uma boa lixada para remover farpas e torná-los seguros”, diz Ana Luiza. Estantes e racks antigos também podem ganhar novos revestimentos e se mudar para o quarto dos pimpolhos.
º Se nada disso estiver dando sopa, vale improvisar. “Você pode recobrir uma caixa de papelão com um papel de presente que combine com a decoração e usá-la para guardar itens leves. Ou envolver uma lata em tecido e transformá-la em porta-lápis. Abuse da criatividade!”, desafia Rafaela.
Promova a união da tropa
º Compartilhar brinquedos – seja com irmãos e amigos ou com outras crianças, por intermédio dos serviços de locação (saiba mais no boxe à esq.) – é enriquecedor. “Dividir é um exercício de colaboração e negociação, e exige que o pequeno aprenda a incluir o outro em seu mundinho interno”, diz Daniella. Entretanto, é essencial que cada um tenha seu próprio espaço e pertences. “Muitas vezes, eles projetam no brinquedo algumas experiências vividas. Por isso, a permanência desse objeto é importante para seu desenvolvimento emocional”, explica Claudia.
Dê o bom exemplo
º Não adianta vir com desculpas. “Desde muito cedo, os pequenos se espelham nos adultos, cujas atitudes passam a ter peso enorme no processo – os filhos precisam ver que os pais têm a mesma tarefa de manter o quarto em ordem”, afirma Claudia.
Soldados de aluguel
º Um dos principais inimigos da organização é a quantidade crescente de itens que a meninada acumula. Uma alternativa à constante compra de novas bugigangas é a locação. Há empresas especializadas no empréstimo de brinquedos, normalmente, mediante uma mensalidade que dá direito a certa quantidade de peças – em geral, entregues em domicílio.
º “Alguns clientes relatam que faz tempo que não entram em uma loja. Outros contam que os filhos, graças ao zelo que têm com os alugados, passaram a cuidar melhor dos próprios brinquedos”, diz Anna Fauaz, uma das sócias da Joanninha, que presta esse serviço em São Paulo e em Belo Horizonte.
º A economia é outra vantagem. “O aluguel abriu a possibilidade de termos em casa, ainda que durante um período, produtos de qualidade que são incríveis, mas muito caros”, diz a jornalista Fabiana de Toledo Oliveira, mãe do pequeno Eduardo, de 3 anos. “Além disso, a renovação constante da brinquedoteca estimula novas experiências e descobertas”, completa.