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“Todos os seres humanos evoluem constantemente”, diz atriz de Emilia Pérez

Em entrevista, Karla Sofía Gascón aponta que não quer perder a essência e fala sobre os desafios da atuação

Por Beatriz Lourenço
Atualizado em 5 fev 2025, 12h47 - Publicado em 5 fev 2025, 07h00
Entrevista exclusiva com Karla Sofía Gascón.
"Todos os seres humanos evoluem constantemente", diz atriz de Emilia Pérez (Divulgação/Divulgação)
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O musical Emilia Pérez, dirigido por Jacques Audiard, tem gerado uma série de críticas mundo afora. Por um lado, há quem acredite que o filme não transmite com seriedade a relação do México com os desaparecidos pelo tráfico. Por outro, a produção tem o potencial de fazer história ao reconhecer o trabalho de uma atriz trans que estava fora dos holofotes até então.

Estamos falando de Karla Sofía Gascón, espanhola de 52 anos que transacionou aos 46. Mesmo com uma carreira sólida, ela passou a ganhar visibilidade internacional a partir da estreia do longa no Festival de Cinema de Cannes de 2024. Na mostra, ela tornou-se a primeira atriz trans a ganhar o Prêmio de Melhor Atriz.

Além disso, recebeu indicações ao Globo de Ouro, SAG Awards e BAFTA, além de vencer o European Film Awards de Melhor Atriz. Karla também é a primeira mulher trans indicada ao Oscar de Melhor Atriz.

A narrativa, que chega aos cinemas brasileiros em 06 de fevereiro, conta a história de Juan “Manitas” Del Monte, um poderoso chefe de um cartel mexicano que finge sua própria morte para realizar um sonho: a transição de gênero.

Para isso, contrata a advogada Rita (Zoe Saldaña), que o ajuda a retirar-se de seu negócio e encontra um médico disposto a realizar uma série de cirurgias de redesignação – Manitas se torna, portanto, Emilia Pérez. O drama aborda temas como identidade, justiça e reconciliação familiar. 

Escrito e dirigido pelo francês Jacques Audiard, o filme segue a história de um traficante que opta por fazer a cirurgia de redesignação de gênero

Desde janeiro, a intérprete vive a maior crise de sua carreira: no passado, realizou uma série de postagens ofensivas no X (antigo Twitter). Agora, as publicações vieram à tona, forçando a estrela a se posicionar diante de inúmeras acusações. 

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Em uma das mensagens compartilhadas, ela escreve sobre o corpo de Adele, além de falas polêmicas sobre o caso de George Floyd e o Islã. Em entrevista à CNN, ela pediu desculpas a qualquer um que “possa ter se sentido ofendido” por suas postagens e que “foi julgada sem a opção de se defender”.

Em passagem pelo Brasil, Karla Sofía Gascón conversou com CLAUDIA sobre a produção e sua experiência por trás das telas. Confira a entrevista completa:

O filme experimenta muito: as músicas, a trama, a fotografia. Quando você o viu pela primeira vez, qual foi a sensação que ele te deu?

“Não tive a oportunidade de ver antes porque estávamos fazendo os cortes finais de áudio. Também não quis porque o Jacques pediu para que todos nós víssemos em Cannes ao mesmo tempo. E, na verdade, fui com muito medo. Não sabia se iria descer as escadas de Cannes rodando ou honrada.

Na primeira sequência em que cantam “lavadoras, colchões, refrigeradores” e nos colocam na vida do México diretamente, eu disse: ‘Uau, que impressionante trabalho que fizemos.’ Quando acabou, eu me levantei do assento e vi todo mundo aplaudindo: Rossy De Palma, Marisa Paredes e Justine Triet. Vi mais de 2 mil pessoas realmente emocionadas, chorando e totalmente entregues ao filme.”

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Essa é uma personagem muito complexa. Ela começa como Manitas e termina como Emilia. Qual dos dois foi mais difícil de fazer?

Podem pensar que Manitas era mais difícil para mim. Mas, como atriz, eu podia brincar mais e entrar mais facilmente em um personagem que não tem nada a ver comigo. Quando estou interpretando Emilia já em sua parte de transição, ela está muito mais perto de quem eu sou. Então, era muito mais difícil me entregar como atriz com Emilia do que com Manitas – com ele, eu podia me divertir e desfrutar muito mais. 

Além disso, aconteciam coisas muito divertidas quando estava interpretando Manitas: há uma cena em que os meus filhos pequenos estão no acampamento e jogam futebol. Estava muito tarde e as crianças se sentiam, obviamente, nervosas. E eu disse que ia jogar futebol com eles para entretê-los. Rapidamente, Jacques viu que estávamos lá e ligou as luzes de todos os caminhões que estavam por trás e de todas as câmeras, e começaram a filmar. Foi um momento maravilhoso. 

Emilia Perez

Durante o filme, Emilia renasce várias vezes: quando faz a cirurgia, quando experimenta um amor, quando faz o bem pela primeira vez. Como você percebe esses diversos renascimentos?

No fim, todos os seres humanos estão se reinventando todos os dias. Todos os seres humanos evoluem constantemente, não somos as mesmas pessoas de ontem, por mais que queiramos. Ela experimenta uma constante transformação e a evolução de si mesma, até mesmo recupera o amor de sua mulher. Isso acontece com todos os personagens. Eles têm uma transição da escuridão à luz constantemente. 

Estamos vivendo um momento de premiações com muitos filmes incríveis. Você tem algum favorito?

Tem um que me encanta, que é de um diretor que não lembro o nome… Jacques Audiard, [o filme] parece se chamar Emilia Pérez. Eu recomendo. É o mesmo que estamos apresentando (risos)!

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Obviamente, estou muito emocionada com o meu trabalho. Acho que este é um filme histórico na cinematografia e socialmente. Minha personagem é algo extraordinário que aconteceu no cinema. De todos os filmes que já saíram, eu, desafortunadamente, não vi nenhum porque não tive tempo. Mas realmente espero, vou ser sincera, que Ainda Estou aqui, com Fernanda Torres, ganhe todos os prêmios para que todos fiquem felizes no Brasil.

Falamos de renascimento. De alguma forma você renasceu depois desse filme?

Eu renasci na minha profissão, não como pessoa. Como pessoa sou o mesmo ser humano, tão tonta e tão pronta como antes. Acho que não quero perder minha essência, e acho que meu sucesso havia sido antes meu fracasso – meu sucesso agora é ser eu mesma.

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