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Tati Villela celebra espaço para negritude nos palcos: “Orgulhosa”

“As narrativas estão se aproximando das vivências da população negra”, diz a atriz, autora de três peças

Por Jonathan Pereira
23 ago 2024, 09h00
A atriz Tati Villela
A atriz Tati Villela (Gustavo Paixão/Divulgação)
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Tati Villela comemora a visibilidade da negritude e afetos nos palcos com três espetáculos nos quais escreve e atua. Ao lado da companheira, Mariana Nunes, a atriz fez temporada da peça “Amor e Outras Revoluções” em diversas cidades, além de assinar “Amor de Baile“, que saiu recentemente de cartaz, e “SAL”, encenada atualmente no Rio de Janeiro.

Em entrevista exclusiva à CLAUDIA, Tati – que ficou conhecida do público na TV como a segurança Naira da novela “Vai na Fé”, no ano passado –  conta como é contracenar com a amada, as reações de quem se reconhece nas histórias contadas no palco e o espaço que vem conquistando também nas telonas, onde pode ser vista contracenando com Marco Ricca e Juan Paiva no filme “De pai para filho”, de Paulo Halm, nos cinemas desde o último dia 8.

“Nesse momento eu sou a única mulher e dramaturga negra que tem dois trabalhos que falam sobre o amor em cartaz no Brasil. Isso me empodera. Nos meus trabalhos desilusões não habitam, e sim pertencimentos. Eu falo sobre a vida doce da existência preta. Sei com o que as pessoas querem se identificar”, afirma.

Espetáculos com conteúdo

Tati Villela e Mariana Nunes dividem o palco na peça “Amor e Outras Revoluções”
Tati Villela e Mariana Nunes dividem o palco na peça “Amor e Outras Revoluções” (Charles Pereira/Divulgação)

“Amor e Outras Revoluções” acompanha um casal de mulheres negras (interpretadas por Tati e Mariana Nunes) e suas vivências, incertezas e alegrias em uma relação amorosa. Ela fala sobre a criação que, além do amor, aborda também política, cultura, psicologia e saúde mental.

“São duas mulheres negras, suas histórias e narrativas de afetos no centro da cena, trazendo identificações plurais para outras camadas da sociedade. De experiência pessoal eu coloquei pouco. Coloquei mais das vivências do meu entorno, das narrativas e histórias que observei e li. É uma peça cabeça, para te fazer pensar, sonhar e refletir”.

Tati Villela e Mariana Nunes dividem o palco na peça “Amor e Outras Revoluções”
“São duas mulheres negras, suas histórias e narrativas de afetos no centro da cena”, explica a atriz sobre o trabalho com Mariana Nunes (Charles Pereira/Divulgação)
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A atriz não poupa elogios à companheira de cena e da vida real. “Contracenar com a Mariana é um dos melhores momentos que já vive no teatro. Ela é muito talentosa e eu amo vê-la em cena e brilhando. Mariana me deu muita força pra tirar do papel e colocá-lo na roda. Ela acredita muito na minha escrita, me empodera e sempre diz o quão minhas palavras a tocam. Estar ocupando o mesmo palco que ela é um presente. Nada mais lindo que falar de amor e revolução com quem te ama e te faz revolucionar todo tempo”.

Tati considera “Amor de baile”, idealizada por Juliane Cruz com abordagem sobre os bailes Soul (que chegaram a reunir até 1,5 milhão de pessoas em plena ditadura militar), “uma aula de história e de afeto”. “Pessoas negras e periféricas estavam lutando por melhores condições de vida e pela dignidade de poder assumir a própria cultura. Como reação às centenas de mortos e torturados pela ditadura, criaram-se muitos grupos de militância negra”, recorda.

Em “SAL”, em cartaz no Mezanino do Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro, até 8 de setembro, Tati divide a cena com Miwa Yanagizawa, Laura Samy e Adassa Martins, idealizadora do espetáculo, para contar a história dos salineiros e salinas de Cabo Frio (RJ).

“A peça retrata afetos reprimidos, relações familiares e o mundo do trabalho. As pessoas precisam conhecer histórias que não foram contadas. O que me encanta em muitas sessões é a quantidade de pessoas pretas que vão assistir. A cultura e a vivência negras são ricas demais. As narrativas estão se aproximando das vivências da população negra”.

Reconhecimento

 

A atriz Tati Villela
Tati Villela celebra o bom momento profissional (Gustavo Paixão/Divulgação)
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A reação do público é comemorada pela autora. “Mesmo que falemos de um amor homoafetivo entre duas mulheres negras com vivências específicas em ‘Amor e Outras Revoluções’, a mensagem reverbera em outras camadas e traz identificações. Essas vivências não são somente próximas a nossa relação, e sim a de qualquer casal jovem que assistir. As pessoas têm saído dos teatros com o coração quentinho e se vendo capaz de dar e receber amor. Muitas choram quando vão dar depoimento após os espetáculos, porque elas se veem ali, veem sua história, da sua avó, sua mãe, sua família.”

Essa identificação deixa Tati realizada. “Crescemos vendo o amor sendo representado por corpos brancos. Nesse trabalho acontece o inverso. De acordo com o IBGE, as mulheres negras são as que menos casam na nossa sociedade. Na maioria das vezes, elas não recebem o amor, não têm companheiros que sustentem seus filhos e fiquem com elas. A sociedade as nega. Elas saem da peça entusiasmadas em viverem suas dignidades perante ao amor. Se achando possíveis, se identificando e se amando.”

Cinema

A atriz Tati Villela
“Estou na cena contemporânea habitando teatro, tv e cinema”, vibra Tati Villela (Gustavo Paixão/Divulgação)

No filme “De pai para filho”, Tati vive uma mãe que passa a cuidar do filho sozinha quando o marido decide sair de casa para ser músico.

“Eu a interpreto em três fases diferentes da vida: jovem, adulta e no hospital, quando está enfrentando um câncer. Eu enriqueci demais a bagagem da minha atriz. Foi encantador e desafiador passar pela caracterização da personagem, de alegre e jovial à debilitada e com os cabelos cortados. O desafio foi dar o peso necessário para cada fase da personagem”, explica.

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Boa fase

Tati não esconde a felicidade pelo momento profissional e por contribuir para que a narrativa com pessoas negras ganhe cada vez mais protagonismo. “Estou na cena contemporânea habitando teatro, tv e cinema. A minha criança está muito orgulhosa de onde estamos chegando.”

Espetáculo “SAL”
Onde: Mezanino do Sesc Copacabana
Quando: De quinta a domingo, às 20h30, até 8 de setembro
Ingressos: R$30,00 (inteira) | R$15,oo (meia entrada) | R$7,50 (credencial plena do Sesc)
Informações: no Instagram

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