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Ouro Preto sedia sua primeira Semana de Arte Contemporânea

O evento acontece até 20 de agosto, mas a programação de exposições segue em cartaz até 16 de outubro

Por Julyana Oliveira
16 ago 2023, 09h50
Obra de Bárbara Mol na coletiva "O corpo invisível da memória"
Obra de Bárbara Mol na coletiva "O corpo invisível da memória" (Gabriel Caram/Divulgação)
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Até 20 agosto, a cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, sedia a sua primeira Semana de Arte Contemporânea. Com várias ativações em diferentes localidades do centro histórico e nos arredores da cidade, o evento oferece um panorama artístico e cultural contemporâneo das comunidades da região e seu entorno, fortemente marcados pelos movimentos Barroco e Modernista.

Obra Mãe D'água, de Ana Paixão de Carvalho, da mostra coletiva “O corpo invisível da memória”
Obra Mãe D’água, de Ana Paixão de Carvalho, da mostra coletiva “O corpo invisível da memória” (Divulgação/Divulgação)

Neste cenário excepcional de legado cultural brasileiro, o evento realizado pelo Instituto de Arte Contemporânea de Ouro Preto (IA) tensiona o lugar comum e assegura uma oportunidade para que os artistas e os visitantes possam interagir com o contexto histórico e cultural da cidade.

Para maior engajamento e visibilidade, a Semana de Arte Contemporânea de Ouro Preto segue com as exposições, coletivas e individuais mesmo após o seu encerramento oficial, no dia 20 de agosto. Sendo assim, será possível conferir a programação do evento até 16 de outubro.

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Acolhida,obra de Sylvia Vartuli, da mostra coletiva “O corpo invisível da memória”
Acolhida,obra de Sylvia Vartuli, da mostra coletiva “O corpo invisível da memória” (Divulgação/Divulgação)

A pernambucana Emiliana Marquetti participa da semana com a individual “Ano quem vem brilharei”. Quem também apresenta uma mostra solo é o mineiro Advânio Lessa, com a exposição “Se quiser saber do fim, preste atenção no começo”.

Além deles, Ana Fátima Carvalho e Craca Beat também expõe individualmente. Enquanto a coletiva “O corpo invisível da memória” reúne 30 artistas sob curadoria de Tainá Azeredo e Valquíria Prates.

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O artista Advânio Lessa
O artista Advânio Lessa (Lucas de Godoy/Divulgação)
A artista Emiliana Marquetti
A artista Emiliana Marquetti (Heber Bezerra/Divulgação)
Instalação Ouvir, de Craca Beat
Instalação Ouvir, de Craca Beat (Divulgação/Divulgação)

Além das mostras, até o próximo domingo, a programação oficial do evento conta com shows musicais, lançamentos de livros, performances ao vivo e oficinas. Confira a agenda completa aqui

CONTEXTO HISTÓRICO

Fundada em 1711, em uma das principais áreas do ciclo do ouro no estado de Minas Gerais, Ouro Preto se consolidou ao longo dos séculos como importante símbolo da história e do patrimônio nacional. Palco da Inconfidência Mineira, movimento de luta pela independência que teve como figura central Tiradentes, a cidade mantém a memória deste episódio histórico, com o Museu da Inconfidência e outros locais relacionados à conspiração.

Durante o século 18, a cidade viveu um período de grande prosperidade devido à exploração do ouro na região. Esse contexto econômico favoreceu o desenvolvimento de um intenso movimento artístico barroco, que deixou um legado arquitetônico e escultural impressionante. 

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Entre os diversos artistas que deixaram sua marca na cidade, destaca-se o Mestre Antônio Francisco Lisboa, conhecido como Aleijadinho, um mestre escultor e entalhador que deixou um legado artístico em Ouro Preto, com suas esculturas em pedra-sabão encontradas em várias igrejas e monumentos históricos. Considerado o primeiro grande artista genuinamente nacional, alcançou reconhecimento internacional e se tornou um dos principais expoentes do estilo barroco brasileiro.

É necessário salientar que, além de Aleijadinho, houve outros artistas negros que desempenharam um papel importante na produção artística barroca em Ouro Preto, como Francisco Vieira Servas e José Joaquim da Rocha. No entanto, devido a discriminação racial da época e ao apagamento da comunidade negra ouro-pretana, muitos desses artistas permaneceram anônimos ou tiveram sua contribuição subestimada nos registros históricos.

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O conjunto arquitetônico de Ouro Preto é marcado por inúmeras igrejas, casarões e construções que representam sua riqueza mineral e refletem o período colonial brasileiro. A preservação da herança barroca garantiu o tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1938. Ouro Preto foi a primeira cidade da América Latina a ser tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultural), um reconhecimento mundial por sua riqueza histórica, cultural e arquitetônica em 1980.

O MODERNISMO E O BARROCO

Tanto o Barroco quanto o Modernismo foram caracterizados por uma busca por novas formas de expressão e inovação artística. O Barroco introduziu elementos como o uso dramático de luz e sombra, perspectivas complexas e formas escultóricas ornamentadas.

O Modernismo, por sua vez, trouxe técnicas inovadoras, como o Cubismo, o Futurismo e o Expressionismo, que desafiaram as convenções artísticas vigentes. Ambos os movimentos enfatizaram a importância da individualidade e da expressão pessoal na arte. O Barroco permitiu que os artistas mostrassem sua criatividade e emoção através de elementos ornamentais e dramáticos, enquanto o Modernismo valorizava a originalidade e a subjetividade na expressão artística.

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A influência do Modernismo em Ouro Preto está relacionada ao período da Semana de Arte Moderna de 1922, que marcou um momento de ruptura com os padrões estéticos vigentes. Embora Ouro Preto não tenha sido palco direto da Semana de Arte Moderna, a cidade e suas riquezas culturais despertaram o interesse dos modernistas. Mário de Andrade, um dos líderes do movimento, descreveu a cidade como uma autêntica expressão da arte brasileira.

Com o intuito de explorar o esplendor artístico e cultural das cidades históricas de Minas Gerais, Mário de Andrade organizou em 1924 a célebre caravana de modernistas. Durante essa jornada, nomes como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Olívia Guedes Penteado, Godofredo da Silva Telles e outros exploraram as encantadoras localidades de Ouro Preto, São João del Rei e Tiradentes. Essa imersão nas cidades históricas do século 18 em Minas Gerais proporcionou aos modernistas uma profunda compreensão e apreciação do patrimônio cultural, que serviu como base para a formação da identidade brasileira.

SERVIÇO
Semana de Arte Contemporânea de Ouro Preto
Quando: de 11 a 20 de agosto
Onde: Centro Histórico e arredores de Ouro Preto
Entrada Franca
Mais informações

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