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O dia em que eu cantei com os Beatles

Nos 50 anos do fim da banda, Lizzie Bravo, fã e autora de um livro sobre o quarteto mágico de Liverpool, divide como foi conhecer os ídolos

Por Lizzie Bravo
Atualizado em 17 abr 2020, 00h53 - Publicado em 16 abr 2020, 17h02

Meu nome é Lizzie (apelido de Elizabeth), carioca do subúrbio, completo 69 anos em maio, mãe de Marya (48) e avó de Morgana (27). Comecei a gostar dos Beatles no começo de 1964. Quanto mais o tempo passava, mais eu me aprofundava em ouvir seus discos, ver filmes, ler revistas e livros, tudo que me levasse a conhecer melhor a banda. Começava uma paixão pra vida inteira…

Minha amiga Denise e eu fomos para Londres no começo de 1967 como presente de 15 anos. O intuito da viagem era conhecer os Beatles, e tive tanta sorte que vi os quatro Beatles, seu empresário Brian Epstein e o “roadie” Mal Evans no mesmo dia que cheguei, 14 de fevereiro de 1967. Eles estavam saindo dos estúdios da EMI em Abbey Road, depois de mais um dia gravando o que viria a ser o LP “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Denise tinha chegado pouco antes e já sabia de tudo, onde moravam, onde gravavam, e isso foi fundamental para mim!

Ela voltou pro Rio depois das férias escolares, mas eu fiquei. Fascinada com a possibilidade de ver meu ídolo John Lennon e seus companheiros quase todos os dias entrando e saindo dos estúdios, passei poucas e boas em diversos trabalhos de faxineira (menina de classe média, que jamais tinha feito uma cama…) para continuar em Londres, já que meus pais disseram que não me mandariam mais dinheiro, querendo que eu voltasse (depois mudaram de ideia…). Os Beatles eram muito simples e acessíveis, de uma forma que acho que deve ser difícil para os jovens de hoje entenderem, já que as coisas mudaram tanto quando se trata de gente famosa. Eles conversavam com a gente, posavam para fotos, davam autógrafos, recebiam as flores e presentes que levávamos pra eles.

Lizzie em frente à gravadora dos Beatles, em 1969 (Arquivo Pessoal/Reprodução)

Poucos dias antes de completar um ano na cidade, fui convidada por Paul para cantar os vocais numa composição do John, “Across the Universe”. Levei comigo uma amiga inglesa, Gayleen, que esperava por eles do lado de fora comigo. Umas duas horas dentro dos estúdios, com os quatro Beatles presentes, o produtor George Martin e os ajudantes Mal Evans e Neil Aspinall. Cantei primeiro no mesmo microfone com meu ídolo John, depois com Paul. Foram momentos no Beatle-paraíso! Ambas estávamos acostumadas a vê-los com frequência, portanto ficamos bem confortáveis ao lado deles, rindo das palhaçadas, aproveitando cada minuto. Quem diria, uma menina carioca gravando com a maior banda de todos os tempos!

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The Beatles no lançamento de ‘Sergeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band’ (John Downing/Getty Images/Getty Images)

Em 1967, eles estavam sempre juntos. Chegavam em seus carros ou às vezes os quatro num carro só, com motorista. Muitas vezes saíam juntos depois das gravações, provavelmente para jantar ou alguma festa ou bar. Às vezes suas esposas chegavam para sair com eles. O Paul ainda era solteiro, mas namorava firme a atriz Jane Asher. Com o tempo, isso foi lentamente mudando. Todos casados, com outros interesses, aquele grude do começo foi se dissolvendo. Nunca assisti a nenhuma desavença entre eles, mas quando voltei pro Brasil, no final de outubro de 1969, pressentia que alguma coisa poderia mudar.

(Lizzie Bravo/Arquivo pessoal)

Por esse motivo, a notícia da separação não teve grande efeito sobre mim. Pareceu uma progressão natural do que eu tinha vivido ali do lado de fora dos estúdios. Não me lembro de ficar triste ou lamentar. A verdade é que eles acabaram no auge, deixando uma obra impecável, atemporal, eterna. Mas… entendo perfeitamente a tristeza e desencantamento dos milhares de fãs que não estavam perto deles e levaram aquele susto.

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Ontem acabei de me dar conta de um outro motivo para que eu não me importasse tanto… em março de 1970, conheci e comecei a namorar o saudoso Zé Rodrix, com quem eventualmente me casei e tivemos nossa filha Marya. Poucos sabem, mas sou “a esperança de óculos” e Marya “um filho de cuca legal” da música “Casa no Campo”, com letra do Zé e música de outro querido e saudoso, Tavito. Com certeza, namorar era uma prioridade naquele momento!

Mas… os Beatles nunca saíram da minha vida!

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