De forma inédita, obras do Museu de Arte Negra ganham espaço em Brumadinho
Idealizado por Abdias Nascimento na década 1950 para trazer visibilidade a artistas negros, o MAN ganhou sede dentro do museu mineiro, em Brumadinho
A estética da arte negra tem destaque inédito em Inhotim. O Museu de Arte Negra (MAN), idealizado por Abdias Nascimento na década 1950 para trazer visibilidade a artistas negros, ganhou sede dentro do museu mineiro, em Brumadinho (MG).
Diversas pinturas de Abdias, entre elas o quadro Celebração a Legba, de 1996, podem ser apreciadas pelo público. O programa vai além da obra de Abdias e também dá espaço aos demais artistas da coleção do MAN. São quatro exposições previstas para os próximos dois anos.
A luta para abrir caminhos para o povo negro nas artes é a inegável marca da trajetória ativista de Abdias Nascimento. No ano em que se completam dez anos de sua morte, a missão do artista plástico, poeta, dramaturgo, curador, professor e político ganha força: um de seus projetos mais sensíveis de divulgação de artistas negros, o Museu de Arte Negra (MAN), terá casa em Inhotim, Brumadinho (MG).
Estar sediado em um dos espaços mais importantes da arte contemporânea no Brasil tem tudo a ver com a proposta de divulgação de artistas negros, liderada por Abdias, com a criação do MAN, em 1950. “É a oportunidade de potencializar o trabalho e atingir novos públicos”, fala Elisa Larkin Nascimento, viúva de Abdias e diretora do IPEAFRO, instituição que zela pelo legado de Abdias e pelo MAN.
Quatro exposições estão previstas até 2023. “O programa será um catalizador da abertura de novas fronteiras para o protagonismo da cultura negra nas artes”, diz Elisa. A primeira está em cartaz desde 4 de dezembro e propõe o diálogo entre as obras de Abdias, de artistas da coleção do MAN e de Tunga, escultor, desenhista (e grande amigo de Abdias).
No contexto de combate ao racismo nas artes, as pinturas de Abdias Nascimento celebram o legado cultural africano e sua influência religiosa, tema do quadro Exu Dambalah n.º 2, 1973, na página ao lado. O quadro Invocação Noturna ao Poeta Gerardo Mello Mourão Oxóssi, 1972, faz referência ao poeta, grande amigo de Abdias, e pai do artista plástico, escultor e desenhista Tunga.
A primeira exposição do programa propõe justamente o diálogo entre o trabalho de Abdias e as obras de Tunga, com quem conviveu de perto.