Morre o compositor Aldir Blanc por Covid-19, aos 73 anos
Blanc é autor de várias composições da MPB e escreveu, junto com João Bosco, "O Bêbado e a Equilibrista", interpretada por Elis Regina
Aldir Blanc, compositor e escritor de 73 anos, faleceu na madrugada desta segunda-feira (4) em decorrência da Covid-19, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio.
Em abril, Blanc deu entrada no CER (Centro Especializado em Reabilitação) do Leblon com infecção urinária e pneumonia, que evoluíram para um quadro de infecção generalizada.
No dia 15 de abril, após uma campanha feita por amigos e artistas para conseguir um leito na rede pública de saúde do Rio, o compositor foi transferido para o Hospital Pedro Ernesto, onde apresentou sinais de melhoras, mas foi mantido sedado.
Vasta obra musical e literária
Nascido no dia 2 de setembro de 1946, no Estácio, centro do Rio, Blanc chegou a cursar medicina e se especializar em psiquiatria, mas abandonou o curso em 1973 para dedicar-se exclusivamente à música, tornando-se um dos nomes mais importantes da Música Popular Brasileira (MPB).
Blanc ficou conhecido por escrever várias obras musicais e literárias, como O Bêbado e a Equilibrista, feita em parceria com João Bosco e interpretada na voz de Elis Regina. Também compôs os sucessos Bala com Bala, O Mestre-Sala dos Mares, Caça à Raposa e De Frente Pro Crime. Além disso, trabalhou em parceria com outros artistas conhecidos, como Moacyr Luz, Maurício Tapajós, Paulo Emília, Edu Lobo e Ivan Lins.
Em 1968, quando ainda cursava medicina, conheceu o parceiro Sílvio da Silva Júnior, com quem, dois anos mais tarde, compôs Amigo É Pra Essas Coisas, que foi gravada pelo grupo MPB-4.
Blanc também fundou, ao lado de Ivan Lins, Gonzaguinha e Marco Aurélio, o Movimento Artístico Universitário (MAU). Ele, ainda, foi um dos fundadores da Sociedade Musical Brasileira (Sombras), da Sociedade de Artistas e Compositores Independentes (Saci) e da Associação dos Músicos, Arranjadores e Regentes (Amar).
Por cauda da paixão pela escrita e pelas palavras, também era cronista. Suas obras retratavam o amor que sentia pelo bairro de Vila Isabel, onde passou a infância, o time Vasco da Gama e pelo carnaval – Blanc, inclusive, batizou um dos mais tradicionais blocos do Rio, o Simpatia É Quase Amor, onde desfilou por anos, em Ipanema.
Entre seus livros publicados, estão Rua dos Artistas e Arredores (1978), Porta de Tinturaria (1981), Brasil Passado a Sujo (1993), Vila Isabel – Inventário de infância (1996) e Um Cara Bacana na 19ª (1996).
Artistas e intelectuais lamentam a morte de Aldir Blanc
Nas redes sociais, artistas, jornalistas e políticos lamentaram a morte de Aldir Blanc e prestaram homenagens e condolências ao compositor. Lobão, Emicida, Arnaldo Antunes, Davi Moraes, Leia Pinheiro, Pedro Luís, Luciano Huck e Eliane Brum foram alguns deles. O perfil oficial do Vasco da Gama também prestou solidariedade aos familiares e amigos.
Veja abaixo algumas homenagens: