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Felicity Jones estreia filme apocalíptico na Netflix. Falamos com ela

A atriz britânica fala sobre seu papel no filme "O Céu da Meia Noite", que está nos cinemas e chega em breve ao streaming

Por Isabella D'Ercole Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 dez 2020, 13h46 - Publicado em 11 dez 2020, 13h30

Se antes não passavam de ficção, hoje, os filmes de apocalipse tocam nossos medos recentes e profundos. Parece um timing exótico o do lançamento de O Céu da Meia-Noite, da Netflix. Porém, cabe a ressalva que o filme dirigido e protagonizado por George Clooney foi filmado antes da pandemia estourar e do isolamento fazer crescer em nós essa sensação de fim de mundo se aproximando. 

A trama se desenrola em dois cenários paralelos que depois acabam se entrelaçando. De um lado, Augustine, um cientista espacial que mesmo com uma doença terminal não cessa a busca pelo universo. Ele escolhe ficar sozinho na base na Antártica após uma missão de resgate levar seus companheiros. Augustine sabe que vai morrer e que o resto da humanidade também.

Só quem pode sobreviver são os astronautas enviados a um planeta distante para garantir que ele seria habitável. Sim, você já conhece essa história. Nós temos o hábito de contá-la milhares de vezes, talvez em busca de nos tranquilizar a respeito de desfechos possíveis do mundo. Bom, mas lá está a nave viajando pelo espaço e sem nenhum contato com a Terra.

Os astronautas têm perfis diversos. Idades diferentes, sonhos e desejos. Diferentes motivações.

Os dois núcleos vivem desafios, situações que colocam a vida em risco. De repente, os mundos se fundem e a história passa a fazer mais sentido. É inovadora? Não. A trama se entrega um pouco antes? Sim. Mas é um passatempo. Conversamos com Felicity Jones, uma das astronautas. 

Sua personagem viaja pelo espaço grávida, um toque de esperança. Isso não era previsto no roteiro, mas a atriz descobriu a gravidez quando já estava envolvida no projeto e a equipe achou, com razão, que valia adaptar. A seguir, nosso papo com ela, que aconteceu através de uma videochamada conturbada – a internet sempre vai cair quando mais precisamos dela.

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Diretamente de sua casa no Reino Unido, com uma luz enorme e clara a 15 centímetros do seu rosto, como ela destacou, Felicity falou sobre a ironia de ter topado fazer o filme antes do isolamento ser uma hipótese. O Céu da Meia-Noite está em cartaz em alguns cinemas e chega à Netflix no dia 23 de dezembro. 

Hoje, esse roteiro se conecta muito com nossas realidades, mas não tinha nada a ver quando você topou o papel. O que atraiu você?

Eu fiquei muito tocada pelo roteiro, pela busca do Augustine. Augustine busca conexão, compreensão. Ele pensa se as decisões que ele tomou foram certas ou erradas. Causa reflexão. As pessoas no espaço têm muito tempo livre e elas podem pensar sobre a vida, o futuro, o que desejam. E eu adorei esse tempo, essa possibilidade. Eles falam de isolamento e solidão, mas eu não imaginava que seria tão relevante para nós nesse momento. 

Há anos nós voltamos a esse roteiro de que precisamos encontrar um novo planeta para ocupar. Agora, parece mais real do que antes. Essa nossa fixação é uma admissão que não conseguimos nos controlar para salvar nosso planeta ou é uma fantasia para fugir da realidade?

Eu estava lendo outro dia sobre turismo espacial, que eles estavam prospectando e não tinha tanta busca. Achei isso interessante. Por enquanto, acredito que seja uma ficção ligada a essa ideia de se desligar do que acontece aqui. 

Eu espero que a gente não chegue no ponto que eles chegaram no filme, de ter que procurar em Marte e além um possível lugar para a humanidade sobreviver. Se há qualquer traço de positividade no que passamos no último ano é esse pensamento que tem sido recorrente para algumas pessoas: “o que eu posso fazer para devolver aos outros o mesmo que tenho? O que faço pelo planeta?”

Estamos nessa marcha capitalista que criou essa crise ambiental terrível que estamos vivendo. É autoinflamável. E agora podemos pensar numa nova perspectiva, mais coletiva, superior. Tivemos que viver de outra forma para garantir que as futuras gerações tenham um lugar para viver.

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Acha que, se fosse filmar hoje, a experiência do isolamento transformaria sua atuação? Algo seria diferente?

Isso é interessante. Não sei como impactaria minha atuação. Seria outro filme se fosse filmado agora, seria mais documental (risos). Um pouco mais próximo do abismo. A gente terminou de filmar e em algumas semanas já estávamos sendo levados ao isolamento, histórias de falta de comida. Parecia muito apocalíptico, especialmente aqui no Reino Unido. E eu pensava: ‘não acredito que fiquei três meses filmando o apocalipse e desejando alguns dias de paz e sossego. E aí entramos no nosso próprio apocalipse’. Foi um ano caótico.

Você estava grávida nas filmagens. No filme, isso dá um toque de esperança. Mas como foi se tornar mãe em meio a uma pandemia?

É complexo. Tenho muito medo, estou encarando o desconhecido de uma forma intensa. Eu foco no dia a dia. Torço pela vacina e para que, quando ela vier, fique tudo bem. Eu tento abraçar as coisas que acontecem na rotina, as pequenas coisas. Nosso tempo é finito. Não sabemos o que o futuro nos reserva, então o ideal é viver o presente.

Você e seu irmão abriram uma produtora. Qual era seu objetivo? E como a pandemia impactou o trabalho de vocês?

Sempre foi um sonho meu e do meu irmão, desde crianças, termos uma produtora. Nós crescemos com nossos pais nos levando ao cinema local. Minha mãe é uma cinéfila, sempre foi. A gente começou a ir com 6 ou 7 anos. 

Ela dirigia 45 minutos e a gente assistia os sucessos de público dos anos 1990. Era a era dos filmes do Mel Gibson, Tom Hanks, grandes comédias, grandes histórias. Lembro de Uma Babá Quase Perfeita, que é brilhante. E tenho um tio que morreu recentemente que era ator de teatro, então assistíamos Shakespeare desde pequenos. Era parte da nossa cultura familiar. 

Foi muito óbvio pra gente criar essa produtora. Meu irmão é documentarista e eu sou atriz. A gente fundiu isso e fundou nossa companhia. Tem sido uma das fases mais inspiradoras da minha vida. 

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Qual parte do seu trabalho na produtora é mais encantadora?

Eu amo estar envolvida nas conversas iniciais, desenvolver o roteiro, achar a história, fazer que ela funcione da melhor forma para as pessoas compreenderem. Eu amo ler, me formei em literatura inglesa, então é um prazer e um hobby ler. E se tornou um jeito de encontrar histórias agora. Essa paixão é natural, mesmo como atriz, eu gosto de me envolver na fase inicial. 

Mulher com roupa azul marinho está encostada sobre o ombro de um homem vestido com blusa cinza
(Divulgação/Netflix)

Você interpretou a juíza Ruth Ginsberg em uma cinebiografia e teve um contato muito próximo com ela. Nós a perdemos este ano. Como isso impactou você?

Foi muito chocante. Foi terrível. Eu sei que ela queria que acontecesse só depois da troca presidencial, rezava para isso, inclusive. Mas ela estaria muito feliz com as notícias atuais. Ela era uma mulher extraordinária, alguém por quem eu tinha muito respeito e admiração.

Ela vivia segundo suas próprias regras. Ela causou muitas mudanças através do seu trabalho duro e seu respeito por outras pessoas. Ela jogou um jogo longo, fez muito. E cabe a nós garantir que seu espírito viva, que essa nova presidência preserve aquilo pelo qual ela lutava.

Há alguns meses, houve um alvoroço na internet sobre um possível retorno seu ao universo Star Wars. Você tem algo planejado nesse sentido para 2021?

Eu nunca me desliguei do universo de Star Wars. Eu tive uma experiência fantástica. A Jyn é realmente fantástica. Eu amava as habilidades de luta dela, mas também como ela é sensível. Ela é uma heroína brilhante, estou sempre com vontade de voltar a ela.  

O que você precisa saber sobre gravidez em tempos de pandemia

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https://www.youtube.com/watch?v=oBoHkorkBKI

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