Entenda a história real do assassinato de Gianni Versace
O que é verdade e o que é ficção na segunda temporada de "American Crime Story", agora disponível na Netflix.
O estilista italiano Gianni Versace – criador da grife que leva seu sobrenome – foi assassinado em 1997 pelo serial killer Andrew Cunanan e o caso chocou o mundo na época. Agora, pouco mais de 20 anos depois, essa história será recontada através da série “American Crime Story”, que tem Penélope Cruz, Edgar Ramírez, Darren Criss e Ricky Martin no elenco, e entá disponível na Netflix.
A família Versace já declarou que considera a série uma obra de ficção e é inevitável que a gente fique se perguntando o que aconteceu de fato e o que foi inventado. Então, nada mais justo do que relembrar os fatos que fizeram da morte de Gianni um dos crimes mais emblemáticos dos anos 1990.
A morte de Versace e a ligação entre ele e Cunanan
O assassinato aconteceu na manhã do dia 15 de julho de 1997, em frente à Casa Casuarina – a célebre mansão do estilista, na Ocean Drive, em Miami Beach. Como costumava fazer, Gianni saiu andando de casa para comprar revistas em um café local e, ao voltar, foi surpreendido pelos disparos de Cunanan.
Isso aconteceu por volta das 8h45 da manhã e o estilista caiu em frente à mansão, na escadaria. Foram dois tiros por trás da cabeça. Seu companheiro, Antonio D’Amico, e um amigo do casal, chamado Lazaro Quintana, ouviram o barulho do revólver e correram para a entrada da propriedade. Lá encontraram Versace no chão, já sem vida.
Transtornado, Quintana viu Cunanan e o seguiu até um estacionamento. O assassino ameaçou atirar nele, o que fez com que recuasse. O amigo do estilista não conseguiu ver o rosto de Cunanan, mas descreveu suas roupas à polícia. Isso foi decisivo para que conseguissem descobrir rapidamente a identidade dele.
Mesmo assim, falharam em capturá-lo. Cunan só seria encontrado na semana seguinte, logo depois de cometer suicídio.
Na época, Versace tinha 50 anos e Cunanan tinha 27. O crime contra o estilista foi o quinto e último assassinato cometido pelo serial killer. Cunanan era também garoto de programa e envolveu-se afetiva e/ou sexualmente com as quatro outras vítimas (todos homens), mas nunca ficou provado que teve affair com Gianni.
Das especulações sobre a ligação entre os dois, a mais aceita é a revelada por pessoas próximas a Cunanan e também publicada na biografia “Vulgar Favors: The Assassination of Gianni Versace”, de Maureen Orth. Segundo esses relatos, os dois se conheceram brevemente em São Francisco, no ano de 1990. Cunanan é natural da Califórnia e Versace estava lá para fazer o figurino de uma ópera. Donatella, irmã de Gianni, até hoje nega que os dois se conhecessem.
As outras vítimas de Cunanan
Os cinco assassinatos cometidos por ele aconteceram em poucos meses, entre 27 de abril e 15 de julho de 1997. A primeira vítima chamava-se Jeffrey Trail e era um de seus melhores amigos. O segundo foi o arquiteto David Madson, considerado o grande amor da vida de Cunanan. Esse homicídio aconteceu quatro dias após o anterior, ambos em Minessota. O estopim para os crimes teria sido o fim do relacionamento entre Cunanan e Madson.
As duas outras vítimas, ao que tudo indica, foram clientes de Cunanan. No dia 4 de maio, em Chicago, ele matou Lee Miglin, um magnata de 75 anos. Quando o corpo do homem foi encontrado, tinha o rosto totalmente enrolado em fita adesiva, com pequenos furos para que respirasse pelo nariz – o que remete ao sadomasoquismo. Cunanan costumava se envolver com homens ricos e bem mais velhos do que ele. Durante um bom tempo, manteve um estilo de vida luxuoso, graças ao “patrocínio” desses homens.
Depois de Miglin, a quarta vítima foi William Reese, com quem Cunanan também manteve relações sexuais. Este crime aconteceu no dia 9 de maio, em Nova Jersey. Com a camionete que roubou de Reese, Cunanan viajou à Flórida.
A essa altura ele já figurava na lista dos dez foragidos mais procurados do FBI e, mesmo assim, morou por dois meses em Miami Beach antes do homicídio final.
Já no dia 15 de julho, não demorou muito para que a polícia ligasse a morte de Versace aos outros casos. Isso porque a camionete de Reese encontrava-se estacionada no local indicado por Lazaro Quintana (o amigo que ouviu os disparos contra Gianni) e dentro dela estavam as roupas que Cunanan vestia no momento do crime. Foi só a partir daí que o cerco se fechou de verdade.
A morte de Cunanan
Depois do assassinato derradeiro, o serial killer conseguiu ficar foragido por oito dias, quando cometeu suicídio em 23 de julho de 1997. Esconder-se por mais de uma semana foi um verdadeiro feito, já que seu rosto estava estampado por toda a cidade de Miami e nos noticiários do mundo inteiro. Nesse meio tempo, diversas pessoas contataram a polícia para dar pistas sobre seu paradeiro.
Ele se matou no interior de uma das chamadas house boats (casas barco), comuns na Flórida. Um morador local ouviu disparos vindos de dentro do barco e chamou a polícia.
Com isso, o FBI armou uma emboscada minuciosa, pois suspeitava-se que ele havia feito sua sexta vítima. Após quatro horas, a polícia invadiu o local e encontrou o corpo de Cunanan – junto a diversos recortes de notícias sobre a morte de Versace. Isso tudo aconteceu a cerca de três quilômetros da Casa Casuarina.
Até hoje é desconhecida a razão que levou Andrew Cunanan a assassinar Gianne Versace. Sabe-se que era narcisista – traço de personalidade muito comum nos psicopatas – e esse crime foi grandioso o suficiente para marcar seu nome na história. Mesmo assim, a questão permanece envolta em mistério.