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“É a possibilidade de sonhar junto”, comenta Dira Paes sobre “Veneza”

O filme, dirigido e adaptado por Miguel Falabella, fala sobre sonhos e estreia nesta quinta-feira (17)

Por Sarah Catherine Seles
Atualizado em 16 jun 2021, 20h34 - Publicado em 16 jun 2021, 20h19
Veneza
 (Mariana Vianna/Reprodução)
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A estreia de Veneza, filme de Miguel Falabella, que tem como fio condutor o amor e os sonhos, será nesta quinta-feira (17). Baseado na peça teatral do autor argentino Jorge Accame, o longa conta a história de Gringa, interpretada por Carmen Maura, musa de Pedro Almodóvar, que é dona de um bordel no interior do Brasil e sonha em reencontrar o amor da sua vida.

Mesmo cega e doente, ela insiste em realizar seu último desejo de ir até Veneza para pedir perdão ao antigo amante, que abandonou décadas atrás. Então, Tonho, interpretado por Eduardo Moscovis e Rita, personagem de Dira Paes, juntamente com as outras mulheres que trabalham no bordel, fazem de tudo para levá-la à cidade flutuante.

Com o convite de Miguel Falabella para integrarem o elenco, Dira e Eduardo reviveram as sensações de quando assistiram à peça, adaptada pelo próprio Miguel para os palcos dos teatros no Brasil, no início dos anos 2000, em uma montagem que contava com Laura Cardoso e Arlete Salles.

A atriz aceitou imediatamente o convite para dar vida à personagem no cinema. “Eu nem li o roteiro e já aceitei fazer o filme, porque sabia que seria uma coisa muito legal. E foi um presentão da vida, um encontro maravilhoso”, lembra Dira em entrevista exclusiva a CLAUDIA.

Veneza
Carol Castro, Carmen Maura e Danielle Winits em cena do longa “Veneza” (Mariana Vianna/Reprodução)

Du Moscovis, seu companheiro de cena, compartilha o mesmo sentimento de gratidão e admiração. “A gente está sendo tão massacrado. A briga que temos agora de resistência é dolorosa. A gente que é artista tem compreensão da dificuldade para sobreviver, para concretizar nossas obras e crenças artísticas”, destaca, segurando as lágrimas.

Condução primorosa

A precisão na condução de Miguel é destacada por Dira, que sempre admirou a potência contagiante do diretor. Ela ressalta ainda a junção do humor de Falabella com o seu lado intelectual e de “profundo conhecedor das suas referências”. 

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Veneza
Cena do filme Veneza (Mariana Vianna/Reprodução)

A atriz conta ainda sobre esse cuidado e essa entrega do autor.“Ele era aquele garoto que gostava de ouvir as conversas das tias embaixo da mesa quando criança. Então ele tem, genuinamente, essa veia de contador de histórias, porque é um bom ouvinte”, aponta a artista.

Depois de uma década da estreia de Polaroides Urbanas (2008), Miguel lança Veneza, seu segundo longa como diretor. “É o filme da minha maturidade. É um filme intenso e desejo que seja visto, também, fora do Brasil”, comenta o dramaturgo.

As inspirações para as histórias adjacentes, como a interpretada por Carol Castro e Caio Manhente, vieram da vida real e de experiências que o próprio Miguel viveu. “Tenho grandes criações que nasceram das minhas observações. A observação e aceitação do que é diferente me permitiram criar”, revela.

Veneza
Miguel Falabella na direção do filme Veneza (Mariana Vianna/Reprodução)
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A poesia dos sonhos

A personagem Rita, interpretada por Dira, diz que não sabe sonhar e se compromete com o sonho da mulher que a acolheu. A atriz comenta que sua personagem se assemelha a muitas pessoas que também não conseguem sonhar. “E eu acho que Veneza nos premia com a possibilidade de sonhar junto no cinema”, afirma.

Para Dira, as gravações do filme já remetiam a esse cenário lúdico e mágico. “A gente sonhava de olho aberto. Eu lembro dessa sensação de sempre ver coisas que eram muito únicas”. A subjetividade foi tão marcante no set, que a atriz relembra da fusão perfeita entre ficção e realidade. “O filme fez com que nós mesmos confundíssemos esses campos. Às vezes, me beliscava [para ter certeza que era real]”, conta.

Elenco de Veneza

O filme traz também uma quebra de fronteiras físicas, já que foi gravado no Uruguai e em Veneza, com atrizes espanholas e argentinas, como Carmem Maura e Georgina Barbarossa. Na interação com o elenco brasileiro nas gravações, a barreira linguística foi um desafio, que, no entanto, não atrapalho em nada a narrativa.

“É muito bonito ver essa queda de fronteiras. Artisticamente falando, acho que é uma tendência cada vez maior que a gente tenha co-produções e possa interagir com o público mundialmente”, comenta Dira Paes.

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Veneza

Posicionamento político

Dira se posiciona firmemente frente às pautas sociais que julga importantes, atitude que sempre esteve presente em sua vida. “Não lembro de mim diferente disso. Atuei no meu primeiro filme com 15 anos e eu já era assim. Já era natural me colocar, enquanto cidadã”, lembra.

Para ela, não é possível dissociar a atriz da cidadã, uma vez que as duas andam de mãos dadas. Como sempre foi assim, ela está acostumada com as reações do público: “as pessoas me conhecem, elas sabem o que eu penso”, garante.

Quarentena e novos projetos

Durante a quarentena, a atriz teve que conciliar a rotina dentro de casa ao lado dos filhos e do marido. O período também permitiu uma imersão no autoconhecimento. “Acho que todo mundo está se olhando no espelho com outro olhar. Eu me senti muito forte, querendo dialogar com diferentes experiências”, revela.

Essa reflexão foi o pontapé para estruturar seu primeiro filme como diretora. Atualmente, Dira está montando Pasárgada, que foi gravado no final de 2020. O longa-metragem conta a história de uma bióloga que estuda os pássaros no interior do Rio de Janeiro.

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Dira Paes
Dira Paes nas gravações de “Veneza” (Mariana Vianna/Reprodução)

A narrativa se mesclou com a vida da diretora, que levou a profissão da personagem como hobby, como um laboratório de preparação para a obra. “Sou apreciadora da natureza e sou uma mulher amazônida. Então, o verde é o meu horizonte. Eu já observava [pássaros], mas não dessa maneira que o filme me trouxe”, lembra Dira.

A experiência de dirigir pela primeira vez foi desafiadora, assim como uma noite de sono em uma cama de pregos, como ela compara. “É uma sensação muito diferente ser diretora”, comenta sobre a nova empreitada, que é divida com a atuação. 

Por fim, a artista deixa um convite para o público e governantes sobre o cinema brasileiro: “quem não o valoriza, não conhece o cinema brasileiro. Eu faço esse convite, porque é um grande sucesso.”

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