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“Creme”: Playlist na vida real destaca ascensão feminina no trap funk

Durante a exposição, batemos um papo com MC Dricka, Tasha e Tracie e Andressinha e Nath, do Hyperanhas

Por Sarah Brito
21 ago 2023, 10h33
MC Dricka na exposição imersiva "Creme", uma iniciativa Spotify
Entre as homenageadas MC Dricka, que aos 24 anos soma mais de 1,4 milhão de ouvintes mensais na plataforma, é um dos nomes ascendentes da cena do funk paulista e brasileiro  (@guto Spotify/Reprodução)
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Você já imaginou como seria se uma playlist pudesse ganhar vida? Foi exatamente isso que a plataforma do Spotify idealizou! Com uma curadoria e seleção que contempla mais de 60 artistas dos principais radares de música urbana brasileira, como o trap funk, a experiência Creme chega em São Paulo para agitar e enaltecer as principais tendências de música, moda e muitas referências geracionais de artistas que contam suas histórias e vivências através dos mais autênticos versos e beats.

E com o crescimento do ritmo para além das comunidades, um movimento potente de mulheres na cena do trap/funk vai em direção ao topo. Seja na moda, ou na música, suas influências são claras: elas querem contar ao mundo sobre suas próprias histórias.

Exposição
As ativações passeiam e contam de maneira dinâmica as características culturais de um ritmo miscigenado que caminha lado a lado com a moda, audiovisual e luta por acessos cada vez maiores no mainstream (@guto Spotify/Reprodução)

Em um conversa exclusiva com a redação de CLAUDIA durante a abertura inédita da Experiência Creme, localizada na Praças das Artes, em São Paulo, as rappers MC Dricka, Hyperanhas e Tasha e Tracie contaram como iniciativas que buscam pela equidade de gênero musical geram impactos positivos e inesquecíveis. Elas também discutiram sobre moda, sexualidade, influência e claro, muita rima. Confira a seguir as entrevistas exclusivas:

MC Dricka

Indicada a uma das principais premiações afro-americanas da cena de música urbana em 2021, o BET Awards (Black Entertainment Television), MC Dricka sempre pediu para acompanharem “sua visão” em todas as suas rimas.

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Com quase 1 milhão e meio de ouvintes mensais na plataforma, ela, que já era conhecida como a Rainha dos Fluxos, não imaginava que um dia seria possível levá-lo até Nova York.

MCDricka-TimesSquare-funk-trap-Spotify
Dricka foi uma das artistas que tiveram sua carreira alavancada pelo projeto EQUAL, que visa a equidade de gênero dentro da música, promovida pelo próprio Spotify. (@mcdricka Instagram/Reprodução)

Aos 24 anos, ela conta como se sentiu ao ver o seu trabalho sendo estampado em uma das principais avenidas do mundo, a Times Square: “Tantos anos a gente levando não e, de repente, aquilo que você viveu sonhando por vários anos  vem dando certo, ainda mais para milhares de pessoas acompanharem. Isso ultrapassou não só a cidade, o bairro, mas o país.  Então, foi um momento muito incrível! O meu sentimento foi de  muita gratidão.”

Ela também revela que suas letras são símbolos de resistência e sinônimo de diminuição no desconforto feminino dentro dos fluxos, e que a ideia é empoderar mulheres que, assim como ela, podem ocupar seus próprios espaços. “Eu acredito que quanto mais nós escolhemos, assim como eu escolhi, essa ideologia sobre pensar mais em nós, mais a gente vai diminuindo o desconforto. O desconforto é a menina ficar no rolê dependendo da galera para poder ir embora ou para pagar uma bebida, essas coisas, sabe? Então eu acredito que estou diminuindo o desconforto. Acredito que, hoje, muitas mulheres não se sentem mais desconfortáveis nos rolês pois têm dinheiro. Dentro de cada realidade, pode pagar seu carro de aplicativo, sua própria bebida e assim vai. Empoderar-se”, conclui Dricka.

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MC Dricka na exposição imersiva
“Eu quero apresentar a minha arte e, através da minha arte, eu acabo apresentando a pessoa que eu sou”, diz a MC que foi indicada ao prêmio de Melhor Novo Artista Internacional, no BET Awards 2021 e uma das headliners da apresentação única no domingo, 20/08 na experiência Creme (@guto Spotify/Reprodução)

A MC iniciou o segundo semestre com um pontapé certeiro no projeto Mega da Rainha, lançado no início de julho, e é uma das homenageadas da experiência Creme, onde podemos interagir com um trono digno de rainha dos fluxos, posto que será sempre de Dricka.

Hyperanhas

Os caminhos de Andressinha e Nath estavam predestinados a se cruzarem, pois a sintonia entre elas é inexplicável. Ambas se conheceram em abril de 2019, durante uma festa de amigos em comum, e mesmo após 4 anos e mais de meio milhão de ouvintes mensais, elas ainda não conseguem explicar o encontro inesperado e a conexão intensa que existe entre as duas. 

“Acho que era pra ser, era pra ser com toda certeza, e isso a gente consegue representar não só em clipe,  mas nas músicas também. Eu acho que a música é identificação, né?”, declara Andressinha.

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Sexualidade para elas nunca foi um tabu. A faixa “Desfecho”, último trabalho lançado pelas rappers, mostra como ser um símbolo de liberdade sexual no rap também é sinônimo de sucesso – e de empoderamento.  “Nós mulheres somos julgadas todos os dias. Dependendo do que a gente fala, da maneira que a gente se veste, em todo lugar que a gente passa. A gente nunca quis afrontar ninguém ou falar ‘nós somos melhores do que os homens’, a gente só quis mostrar que nós também temos o nosso direito de nos divertirmos”, conta Nath.

Nath e Andressinha, dupla que compõe o Hyperanhas
Nath e Andressinha fazem parte do repertório trap funk homenageado na Experiência “Creme” Spotify, durante todo o fim semana, e deixam claro que, sensualidade é sinônimo de empoderamento na cena (@hyperanhas Instagram/Reprodução)

“Eu acho que a sensualidade, os drinques e a fumaça, tudo que a gente faz é um comportamento típico dos jovens, e nessa dinâmica em que a gente vive,  só a gente sabe a carga emocional que é. E eu posso dizer que a gente carrega isso, tentando de passinho por passinho, introduzir esse discurso na cena em que a gente vive, que é extremamente machista, mas ela é uma carga que dá até um orgulho de poder representar, sabe? Principalmente pras mulheres e meninas que  acompanham nosso trampo, tá ligado? Ver que elas têm alguém ali, que entende elas e que vive o que elas vivem. É gratificante demais”, esclarece Andressinha.

Tasha e Tracie

Os últimos anos foram intensos para as gêmeas Tasha e Tracie, que depois de serem aclamadas com o álbum Diretoria, de 2021, colhem os frutos de uma jornada intensa, que envolve muita moda, representatividade e talento.

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Antes de serem reconhecidas pelas rimas, as duas compartilhavam tutoriais que envolviam a paixão pela moda e pelo styling criativo e sustentável no blog Expensive $hit, além de reflexões sobre a vida de uma jovem preta na periferia. Com a música, elas alcançaram mais de 1,6 milhão de ouvintes mensais. 

“È superespecial pra gente saber que somos referências nessas duas áreas. Isso era uma coisa que a gente não tinha. A gente tem uma irmã mais nova, e a gente vê que já é muito diferente a autoestima dela. Ela está crescendo com referências, como nós e várias outras meninas pretas na música no geral. A música com toda certeza é influência número um de qualquer pessoa periférica, né?  Música é força, então viver isso na prática é muito especial pra gente”, conta Tracie.

Tasha e Tracie posando ao lado do acervo
Tasha e Tracie acompanharam a abertura da exposição que ocnta com acervo especial em homenagem à carreira da dupla (@guto Spotify/Reprodução)

“As pessoas às vezes não querem, porém nós mostramos o nosso lado vulnerável. E isso faz com que a gente se aproxime do nosso público, sabe? A gente acha essencial isso, porque quando a gente se sentia fraca ou se sentia diminuída, sabíamos que a música e a moda tinham sempre algo a nos fortalecer”, lembra Tasha.

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Em uma das ativações da Experiência “Creme” Spotify, pudemos acompanhar de pertinho alguns dos processos criativos e itens de moda que se tornaram icônicos durante a trajetória das gêmeas, na música e na moda. 

E, apesar de a imersão já ter acabado, você pode ouvir essas e muitas outras artistas do funk e trap lá no Spotify!

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