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Conhecendo John Lennon pelas lentes de Bob Gruen

A exposição reúne 130 fotos feitas pelo lendário Bob Gruen, amigo pessoal do ex-Beatle

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 12 mar 2020, 18h18 - Publicado em 12 mar 2020, 18h00
 (Bob Gruen/Divulgação)
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O ano de 2020 marca algumas datas redondas em torno de John Lennon. Ele completaria 80 anos em outubro, mas há 40 foi assassinado por um fã em frente da sua casa em Nova York. Em memória de um dos grande gênios e ativistas do século 20, o Museu de Imagem e Som – MIS traz pela primeira vez ao Brasil a exposição John Lennon em Nova York por Bob Gruen, que já foi exibida em mais de 30 cidades ao redor do mundo, como Nova York e Buenos Aires, e vista por mais de três milhões de pessoas. Ela reúne mais de 130 imagens pessoalmente selecionadas por Gruen, incluindo uma parede de 30 fotos jamais apresentadas antes.

A amizade de Bob Gruen com John Lennon produziu algumas das imagens mais icônicas do ex-beatle. Os dois foram vizinhos assim que Lennon chegou a Nova York, antes de se mudar para Upper West e o famoso prédio Dakota, em frente ao Central Park. Na época, Gruen já era um fotógrafo respeitadíssimo, que imortalizou bandas como Led Zeppelin (a famosa foto da banda em frente ao avião da turnê no início dos anos 1970 é dele), The Clash, Sex Pistols, Blondie, Ramones… basicamente quem importava na cena Rock’n Roll. Gruen virou fotógrafo pessoal de Yoko e Lennon, convivendo nos momentos mais íntimos da família. “Eles comiam super bem”, ele brincou na abertura da mostra. “E eu sempre chegava na hora da refeição. John já implicava comigo quando me via perguntando se iria querer algo”, riu.

A confiança entre os dois foi essencial para a criação das fotos. Gruen explica como produzia: “eu não era intrusivo porque fazia parte do grupo e éramos amigos, mas sabia quando baixar a câmera, dar espaço às pessoas e aguardar até que estivessem prontas. Parece óbvio, mas nem todo mundo tem bom-senso”, comenta se divertindo.

Bob Gruen
(Ana Claudia Paixão/Reprodução)

Entre 1971 e 1980, Gruen esteve quase diariamente com o músico. Acompanhou jantares, entrevistas, gravações e momentos em que ele compunha as músicas. Se hoje as pessoas se arriscam (e às vezes acertam) com as câmeras digitais, não era assim com Gruen. As fotos dele eram feitas com filme e reveladas em papel, um processo demorado e que não dava certeza a ele que tinha “a” foto até vê-la revelada.

“Às vezes tinha o sentimento que tinha acertado, mas aí via que alguém tinha piscado, mexido uma mão”, ele comenta sem criticar os amadores. “Eu gostava de fazer as fotos e vejo as pessoas se divertindo fotografando, isso que importa”, diz.

John Lennon em Nova York por Bob Gruen ocupa os dois andares do Museu e é apresentada em ordem cronológica, dividida em épocas: New York City (quando John e Yoko chegaram à cidade), Lost Weekend (os dois anos em que John e Yoko ficaram separados) e Dono de casa (quando Yoko ficou grávida e Lennon se afastou da vida pública). Há uma parte que apenas o Brasil tem, e é a que mais encantou o fotógrafo. Não a toa, é muito emocionante porque recria um pedaço do Central Park, batizado como Strawberry Fields, que foi reproduzido e cercado com fotos e vídeos do casal no local. Também tem a sala Bob’s Records, com cerca de trinta prints originais, e outros lugares marcantes na cidade para Lennon.

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As duas fotos que Gruen destaca como suas favoritas também estão na exposição. A clássica de John em frente à Estátua da Liberdade – hoje – é a que Gruen mais aprecia. “Ela tem mais significado porque muitas pessoas associam John Lennon à liberdade e a estátua é um símbolo de liberdade. Então, juntar os dois com um símbolo de paz foi especial”, conta. Tem mais! A foto o orgulha também porque foi uma ideia sua, não um instantâneo em estúdio ou pensado para capa. “Eu  concebi o conceito como uma simbologia de recepção de boas-vindas de Nova York à John Lennon e o fato de que John, que sabia tanto de mídia e comunicação, gostou e entendeu me fez sentir feliz”, ele lembra. A foto foi feita em um passeio como qualquer turista que embarca no barco para ir até a Ilha conhecer o parque e a estátua.

John Lennon
John Lennon na foto icônica e concebida por Bob Gruen 1974. (Bob Gruen/Divulgação)

Já  a foto de John com o filho Sean, em casa, no Dakota, ainda é sua foto mais especial. “É uma das minhas favoritas porque simplesmente ele estava tão feliz, era tão bom vê-lo assim e foi um dia muito alegre”, Gruen relembrou.

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John Lennon
A foto preferida de Bob Gruen: John, com o filho Sean, em 1975 (Bob Gruen/Divulgação)

Criando a imagem icônica

A foto mais conhecida de John em Nova York é a do músico com a camiseta branca em um prédio em Manhattan. A camiseta foi um presente pessoal de Bob Gruen, comprada um ano antes em uma caminhada pela Times Square. O fotógrafo tinha duas iguais, também compradas de um ambulante na rua. Levou para John, cortaram as mangas e assim foi. Quando estavam fazendo a sessão de fotos, Gruen perguntou se ele ainda tinha o presente e Lennon havia guardado a camiseta.

“Percebi que ele tinha gostado porque tinha muitas coisas, mas guardou a camiseta”, ele ri.

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John Lennon
(Bob Gruen/Divulgação)

 

A sessão de fotos foi realizada em uma tarde e ligaram para sempre o músico à cidade onde viria a falecer. “Eu senti que ele ia ficar de vez em Nova York”, Gruen fala com emoção. “John morreu em Nova York porque ele vivia em Nova York. Era sua casa”, diz.

A exposição fica no MIS-SP até o dia 7 de junho.

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