Nunca fui muito com a cara da Gabriela Pugliesi, até começar a segui-la no Snapchat. Faz pouco mais de um mês, o que já foi suficiente para que ela deixasse de ser pra mim apenas mais uma blogueira fitness chata para se mostrar alguém de verdade – com quem posso não concordar em quase nada, mas de quem quero ouvir uma coisa ou outra.
Para contextualizar, o Snapchat surgiu em 2011 e este ano começou a bombar no Brasil. A rede social armazena fotos e vídeos por apenas 24 horas. Tudo o que você posta desaparece depois desse tempo. (escrevi minha declaração de amor pro Snap recentemente aqui)
A Pugliesi resolveu fazer um reality show da própria vida no Snapchat (o dela é ga.pugliesi), sem nem se dar conta disso inicialmente. Não que ela já não o fizesse no Instagram – mas por lá a vida perfeita dela beira a paranoia. Não existe um dia sem treino, suco verde, alimentos funcionais e motivação infinita.
No Snapchat a história muda. Ela mostra as olheiras, diz que a roupa que está vestindo para uma sessão de fotos é pavorosa, fala do quanto o namorado tem bode do vício dela no celular. Conta que acordou com muita ressaca e só teve vontade de comer Fandangos no café da manhã.
Apaixonada, ela coloca o Snap no patamar de melhor invenção dos últimos tempos, uma ferramenta que é capaz de fazer com quem ninguém mais se sinta sozinho neste mundo – e é normal ela postar bem mais do que 1.200 segundos por dia (e ,se você já usa o Snapchat, sabe que esse número é um exagero, também conhecido como mais de 20 minutos). Em outro, ela falou que logo mais vai existir um aplicativo pra tomar chopp com as amigas virtualmente.
Louco, né?
Sem dúvida. Existem alguns aspectos que no mínimo valem uma boa reflexão em relação ao Snapchat. Resolvemos transmitir diversos momentos das nossas vidas para um público que pode até começar restrito, mas que logo cresce. Por que queremos dividir tanto? Será que todos sonhamos com um reality show para chamar de nosso? (Ainda estou buscando as respostas).
Fui perguntar pra Pugli por que ela se apaixonou pelo Snap. “Primeiro porque eu amo compartilhar tudo que acho de legal e no Snap posso fazer isso sem limites. Segundo porque eu AMO falar, hahaha, e adoro mostrar como sou mesmo, sem filtro. Terceiro que é muito legal você postar algo onde não tenha ninguém ali querendo te diminuir. O fato do app não ter comentários o torna bem mais espontâneo, porque a gente não sabe o que os outros pensam, simplesmente postamos o que estamos com vontade do jeito que queremos”, diz ela.
O Snap dá uma sensação de intimidade, de que a gente pode ser a gente mesmo. Até mesmo quando se continua a ter milhares de seguidores, no caso dela. Por que, mesmo assim, a vontade de se expor é maior? “Olha, eu sou uma pessoa zero tímida, zero fresca e não estou nem aí em como apareço diante das câmeras. Sou muito relax e acho que isso ajuda muito!”, completa.
O fato de ser efêmero faz com que o Snapchat se torne interessante assim que você aprende a usá-lo (e para quem tem 30 e poucos anos, isso pode levar um tempo, mas não desistam nem digam que não têm mais idade pra isso, entrem e se deixem surpreender).
Sem tantos filtros e sem urgência de apresentar uma vida perfeita, a realidade de todos acaba ficando mais semelhante. Somos mais parecidos em nossas bobagens e paranoias do que imaginamos. Até a blogueira fitness sai da linha mais vezes do que a gente imagina, mostra seus medos, suas chateações.
Tem hora que rola muito oversharing, mas ainda tô achando legal ver a narrativa da vida alheia permeada por altos e baixos.
P.S.: Vale acrescentar que tudo é tão efêmero no Snapchat que já peguei um certo bode do excesso de falação da Pugli e de todo mundo que não consegue editar mais sucintamente a vida, hehe.