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Em nova fase, trio As Baías lança álbum mais pop

Após mudar de nome, a banda estreia seu trabalho mais ambicioso – um álbum audiovisual com participações estreladas

Por Esmeralda Santos (colaboradora)
22 out 2020, 10h30
Da esquerda para a direita, Rafael, Raquel e Assucena. Beleza, Liege Wisniewski; styling Rodrigo Polack (Eduardo Pimenta/Divulgação)
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Talvez o amor não tenha sido um dos sentimentos mais pujantes dos últimos meses. Ficamos com medo, ansiosos e até bateu a desesperança. Contudo, foi justamente no amor que o trio As Baías – nova fase do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira – encontrou forças para superar as adversidades, fazer reflexões e adentrar uma nova etapa.

Primeiro, mudou de nome; depois, estreou uma incursão pelo pop. “Nunca vai ser demais falar sobre amor romântico, é um sentimento muito grande e de nobreza simbólica”, comenta Assucena Assucena, que acredita ser fundamental chamar as pessoas para dançar e cantar nestes dias incertos.

Ela, Raquel Virgínia e Rafael Acerbi lançam a partir deste mês singles que vão compor o novo álbum, apresentado em formato audiovisual e com direção de Gringo Cardia. Cada música será acompanhada de um clipe. Para o grupo, este é o trabalho mais ambicioso da carreira deles.

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Beleza, Liege Wisniewski; styling Rodrigo Polack (Eduardo Pimenta/Divulgação)

As participações prometem. Estão confirmadas Cleo, Linn da Quebrada, Kell Smith e Luísa Sonza. “É uma obra super-romântica, como se cada música fosse uma declaração de amor”, conta Raquel. Por causa da pandemia, algumas gravações foram adaptadas para acontecer à distância.

Já a captação dos clipes ocorreu no Rio de Janeiro, com diversos procedimentos para aumentar a segurança dos participantes. “Foi a parte mais desafiadora”, entrega Rafael, consciente de que essa é uma produção grande, levando em consideração o atual momento cultural no país.

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“Quando você é artista, se sentir tratado como tal é um sonho realizado. Esse álbum pode mostrar para muitas pessoas que esse também é um lugar possível de chegar”, acrescenta o cantor, compositor e produtor.

Para muitos críticos, o trabalho de As Baías tem importância e responsabilidade ainda maiores, já que a banda sempre transformou questões sociais dolorosas em poesia e possui na dianteira duas mulheres trans.

Contudo, para Raquel e Assucena, tornarem-se referência não era uma ambição. “O fato de conquistarmos um lugar na música sendo quem somos e cantando o que cantamos já é algo revolucionário. Se nossa arte tocar as pessoas, exercer um papel de reflexão, de trazer paz, profundidade, isso já é uma influência”, argumenta Assucena.

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Beleza, Liege Wisniewski; styling Rodrigo Polack (Eduardo Pimenta/Divulgação)
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Esse reconhecimento, segundo Raquel, aconteceu naturalmente, consequência de muito esforço e projetos realizados de forma genuína. “Estar nesse espaço, que pouquíssimas mulheres trans pretas ocuparam, é uma vitória não só minha mas de pessoas que vieram antes de mim”, completa.

A história da banda completa dez anos. Eles se conheceram na Universidade de São Paulo, unidos em uma homenagem à cantora inglesa Amy Winehouse após sua morte. “Estávamos supersensíveis e em pouco tempo as coisas começaram a ficar mais sérias. Composições da Raquel e da Assucena foram aparecendo, fomos nos animando e gravamos nosso primeiro álbum”, lembra Rafael.

É natural que o trio tenha passado por metamorfoses nessa década. Afinal, os tempos mudaram e os integrantes também. “Artistas têm muitas eras. Não à toa estamos vivendo isso no novo trabalho; surgiu essa vontade de mudar”, explica Raquel. “Somos criaturas que transicionam, uma banda que gosta de degustar.”

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Beleza, Liege Wisniewski; styling Rodrigo Polack (Eduardo Pimenta/Divulgação)
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Somadas a isso, algumas reflexões sobre a relevância da produção do trio também apareceram durante a pandemia, e foi então que a temática do romance se destacou. “Os assuntos que abordamos no disco são sobretudo humanos. A arte tem a função de apontar caminhos possíveis de esperança, e o amor pode ser uma alternativa interessante”, ressalta Raquel.

Antes de se jogar nessa exploração afetiva que contém o quarto álbum, As Baías lançaram, no mês passado, outro projeto, cujo nome é quase um lema para 2020. Respire & Coragem propõe a pausa necessária para trazer leveza ao cenário caótico.

“Os assuntos que abordamos no disco são sobretudo humanos. A arte tem a função de apontar caminhos possíveis de esperança, e o amor pode ser uma alternativa interessante”

Raquel Virgínia

 

Os dois singles já contavam com participações ecléticas. Em Coragem, a banda se juntou a Mc Rebecca para falar sobre a resiliência necessária para correr atrás de sonhos. Animam as batidas do funk, que tornam a faixa irresistível para ensaiar alguns passos, mesmo que seja na sala de casa.

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Em outra vibe, com Rincon Sapiência gravaram Respire, composta pelo rapper com Criolo. “Ambas levantam discussões sobre questões raciais e de gênero. Com a música, adentramos esses territórios de modo menos enfático, pelas arestas”, explica Assucena.

As Baías souberam não só preservar sua essência mas também intensificá-la durante a difícil crise que vivemos. Prova de que a arte é resistência.

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Beleza, Liege Wisniewski; styling Rodrigo Polack (Eduardo Pimenta/Divulgação)

 

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