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A mulher de um bilhão de dólares

Jennifer Lee, a diretora por trás de Frozen, revela como pretende mudar as histórias contadas nos filmes da Disney e a desigualdade de gênero no cinema

Por Mariane Morisawa, de Burbank
Atualizado em 17 fev 2020, 10h38 - Publicado em 26 dez 2019, 08h00

A ascensão no cinema foi meteórica, em menos de dez anos. Jennifer Lee, 48 anos, teve seu primeiro crédito como roteirista em Detona Ralph, em 2003. Hoje, é diretora de criação dos Estúdios de Animação Disney, a primeira mulher nessa posição. Ela também foi pioneira ao dirigir no mesmo estúdio um longa de animação, Frozen – Uma Aventura Congelante, em parceria com Chris Buck. E ainda a primeira mulher a dirigir uma produção que ultrapassou 1 bilhão de dólares nas bilheterias. “Fiquei lisonjeada de ser a primeira, claro, mas, ao mesmo tempo, achei revelador sobre nossa realidade o fato de estar sozinha nessas posições e também de ter demorado tanto para uma mulher alcançá-las”, afirmou a CLAUDIA. A entrevista aconteceu na sede da Disney, em Burbank, durante o lançamento de Frozen 2, previsto para 2 de janeiro no Brasil.

Não estava nos planos a continuação da trama, mas as pessoas ficavam perguntando como surgiram os poderes de Elsa e falando que ela carregava o peso do mundo. “Vimos que havia mais para contar. E acho que até surpreendemos o estúdio ao dizer que tínhamos uma ideia para a sequência”, explica Jennifer.

O filme mostra um pouco do passado de Elsa e Anna, quando seus pais ainda eram vivos. Na trama, Arendelle está em paz, Olaf não derrete e sabe ler e Kristoff vai pedir Anna em casamento… Até que Elsa ouve um chamado. Os elementos – ar, terra, fogo e água – se rebelam e expulsam os moradores da casa deles. A trupe parte para uma aventura perigosa na floresta, que está imersa numa névoa eterna. Durante a jornada, vão descobrir mais sobre a família real, inclusive a respeito de uma relação complicada com o povo nativo e sobre os poderes de Elsa. “Fomos inspirados por uma viagem que fizemos à Finlândia, onde conhecemos o folclore envolvendo os espíritos da natureza e a conexão com o homem”, conta a diretora.

Jennifer Lee com Idina Menzel, a atriz que dublou Elsa em Frozen. O filme ganhou o Oscar de Melhor Animação em 2013 (Getty Images/Getty Images)

Frozen 2 tem cenas deslumbrantes. Encanta a representação dos elementos da natureza. O ar, por exemplo, é brincalhão e a água toma a forma de um cavalo no meio do oceano. Como o primeiro longa, este também é musical, apesar de ter mais cenas de ação. Os pais, livres, estão na canção-tema, que virou sensação. Mas pode se preparar para uma nova música chiclete, Into the Unknown (“Ao desconhecido”, em tradução livre), com agudos que vão desafiar os cantores mirins.

Nos filmes que Jennifer Lee escreveu (Detona Ralph, com seu amigo de faculdade Phil Johnston, Frozen, Uma Dobra no Tempo, com Jeff Stockwell, e Frozen 2), as personagens femininas têm destaque. A princesa Anna pode até encontrar um par romântico, mas seu grande amor é a irmã, Elsa. Bem diferente das princesas Disney de antigamente. “Os filmes refletem a época em que foram feitos. Tenho muito respeito por eles”, diz. Seu favorito é Cinderela, personagem que persevera apesar do bullying intenso que sofre. Jennifer já declarou que encarou o mesmo problema quando criança. “Recorro a ela quando preciso de força.” Para a diretora, Anna e Elsa são princesas mais atuais. “São um exemplo da responsabilidade que os líderes carregam. Eu me inspirei em Elizabeth II, rainha da Inglaterra.”

Elsa, de Frozen (Divulgação/Divulgação)

Quando começou a escrever Frozen 2, cinco anos atrás, Jennifer não imaginou a guinada que sua carreira daria. Em 2018, após o afastamento definitivo de John Lasseter, fundador da Pixar e diretor criativo da Pixar e da Disney, por acusação de assédio sexual, ela assumiu o posto. Teve que se dividir entre o roteiro, que só terminou em agosto deste ano, a direção do filme e o novo cargo, que supervisiona todas as animações da Disney – a Pixar fica por conta de Pete Docter. Como ela consegue? “Eu não estou sozinha, tenho o apoio de colegas. Mas costumo brincar que é também porque sou mãe. É isso que nós fazemos. Então darei crédito a todas as mães do mundo”, completa a mãe de Agatha, 16 anos.

Sua missão profissional hoje é, por meio dos filmes, refletir de forma mais ampla as várias culturas do mundo. “Queremos que as histórias sejam contadas por pessoas de todas as partes”, diz. A próxima animação, Raya and the Last Dragon (“Raya e o último dragão”), se passa no Sudeste Asiático. Além dela, mais quatro produções vão acontecer em 2020 – duas delas dirigidas por mulheres. “O talento é universal; o acesso nem sempre”, afirma, referindo-se à responsabilidade de abrir mais espaço para outras mulheres nas salas onde as decisões são tomadas. Jennifer lembra-se de um encontro com a atriz e roteirista Emma Thompson em que, depois de declarar-se inspirada por ela, ouviu: “Fui inspirada pela atriz Angela Lansbury. Você se inspirou em mim. Agora é sua vez de inspirar alguém”. E Jennifer leva isso a sério.

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