Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Super Black Friday: Assine a partir de 5,99

2016 foi o ano das mulheres no sertanejo universitário

No último ano, elas saíram dos bastidores e assumiram seu lugar, nos holofotes e à frente dos microfones. As mulheres da música sertaneja estão arrasando!

Por Giovana Feix
Atualizado em 20 jan 2020, 23h57 - Publicado em 23 dez 2016, 14h11
 (Francisco Cepeda/AgNews)
Continua após publicidade

“‘Sertão‘ tem a ver com algo desconhecido”, define Ivan Vilela, pesquisador da música caipira e professor da Universidade de São Paulo. “Tem a ver com um mundo sem fim que a gente não conhece”. O dicionário Aurélio, da língua portuguesa, concorda em partes e define a mesma palavra como “região longe de povoação ou de terra povoadas”.

Definir o que é a música sertaneja, no entanto, é um pouco mais difícil. O Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira enxerga “música caipira” como um sinônimo da música sertaneja original, que Ivan Vilela, por sua vez, prefere chamar de “autêntica”. Para o especialista, a que conhecemos hoje como “sertaneja”, o chamado sertanejo universitário, tem pouquíssimo a ver com este tipo “autêntico” de canção.

“Hoje nós temos temas urbanos”, diz. “Não tem mais quase nada a ver com o sertanejo autêntico – a não ser o fato de a maioria dos artistas cantarem em duplas”.

Continua após a publicidade

Seja na autêntica, na romântica dos anos 90 ou na atual e “universitária”, a mulher sempre representou uma espécie de “sertão” – algo desconhecido para a música sertaneja. Na verdade, ela sempre fez parte das letras apenas, como o “outro”.  A pesquisadora Amanda Ágata Contieri, da Unicamp, analisou em sua dissertação de mestrado as letras de 17 músicas sertanejas (entre a autêntica, a romântica e até mesmo a universitária). Sua ideia era verificar como as mulheres estavam, discursivamente, sendo representadas ali. O que ela pôde perceber é que, mesmo quando as canções pretendem homenagear as mulheres, é frequente que elas acabem sendo encaixadas em papéis “ideais” ou estereotipados – algo que reforça, de certa forma, a própria violência de gênero -, além de não contar a vida de mulheres reais.

https://www.youtube.com/watch?v=mAJj36Kqvlk

“No contexto rural, existe uma divisão muito forte e evidente do trabalho entre o homem e a mulher, que tem um trabalho mais doméstico”, explica Vilela. Segundo o especialista, isso provavelmente influencia a quantidade pequena de mulheres interpretando as músicas do sertanejo “autêntico”. Há, é claro, exceções – mulheres que se destacaram no gênero. Como os casos das Irmãs Galvão, de Inezita Barroso e das Irmãs Castro, por exemplo.

Continua após a publicidade

Em outros estilos musicais, vemos exemplos como a incrível história de Chiquinha Gonzaga e os casos de mulheres compositoras, como Sueli Costa, Fátima Guedes e Thereza Tinoco, que, como faziam algumas das atuais cantoras sertanejas, costumavam ficar fora dos holofotes.

Esse é o caso de Marília Mendonça. Antes de se tornar uma das artistas nacionais mais ouvidas no Brasil, ela era a compositora por trás de grandes sucessos de Cristiano Araújo, Jorge e Mateus e Henrique e Juliano, por exemplo. Agora, ela ocupa a primeira posição nacional na playlist “As 50 mais tocadas no Brasil” de hoje (23), no Spotify. Atrás dela vêm, aliás, outras sertanejas femininas: a dupla Maiara e Maraisa.

Continua após a publicidade

Assim como Marília, também Simone e Simaria costumavam ficar “nos bastidores” de sucessos sertanejos. Elas faziam o backing vocal de Frank Aguiar. Junto com Naiara Azevedo, Janaynna e Paula Mattos, todas elas fazem parte da geração que pretender desvincular a mulher do sertão enquanto mistério – e associá-la ao sertanejo enquanto sucesso nacional.

As letras de suas músicas se assemelham em muito às dos homens, como observa Amanda Ágata em entrevista ao UOL. Só que o fato de serem mulheres cantando, no entanto, já é algo que faz uma diferença enorme. “Elas são as Lady Gagas do Brasil“, brinca Ivan Vilela. Nada mais natural que elas sejam, portanto, poderosíssimas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

SUPER BLACK FRIDAY

Digital Completo

Moda, beleza, autoconhecimento, mais de 11 mil receitas testadas e aprovadas, previsões diárias, semanais e mensais de astrologia!
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 3,99/mês
SUPER BLACK FRIDAY

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Claudia impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
De: R$ 26,90/mês
A partir de R$ 9,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$47,88, equivalente a R$3,99/mês.