Chá: toda hora é hora
A bebida tem forte tradição histórica tanto no Oriente, com a cerimônia do chá japonesa, quanto no Ocidente, no famoso chá da tarde britânico. E continua conquistando adeptos em todo o planeta
No Brasil, toda água quente aromatizada é chá, mas os especialistas no assunto usam a denominação apenas para as misturas que contêm as folhas da Camellia sinensis, originária da China. Assim como as uvas produzem vários tipos de vinho, essa erva, cultivada há milênios, produz milhares de tipos de chá, como verde, branco, preto, oolong ou aromatizado, conforme a localização geográfica, o solo, o teor mineral, o clima do lugar e as estações do ano em que é cultivada.
“Quando não tiver Camellia sinensis na composição, é infusão”, explica a especialista (denominada charista) Carla Saueressig. Para ela, contudo, o melhor sabor tanto do chá quanto das infusões deve-se ao uso de água mineral ou filtrada. “A qualidade da água é fundamental para fazer um bom chá”, avisa. Outro segredo de preparo, para a professora Susana Jhun: “A temperatura ideal da água é 97 ºC, ou seja, não deve ferver jamais”.
Bebida com personalidade
No mundo, existem quase 3 mil tipos de chá. Entre as regiões produtoras estão Índia, Sri Lanka, China, Japão, Indonésia, Inglaterra, Irlanda e África do Sul. Conheça alguns deles
Verde: para esse tipo de chá, as folhas da Camellia sinensis são estendidas ao sol ou em local fechado com ar quente para secagem até ficarem ligeiramente murchas e macias. Em contato com a água quente, resultam em um líquido de cor amarelo-esverdeada, de sabor adstringente ou picante.
Branco: deriva da secagem dos brotos de uma variante da Camellia sinensis, que cresce no alto das montanhas chinesas. Seus minúsculos pêlos prateados é que conferem ao chá a aparência branca. É mais raro, e o preço bem mais elevado do que o do chá verde e preto.
Oolong: chamado de chá semifermentado ou semioxidado, ele é produzido em pequenas quantidades, pois as folhas não devem ser muito novas nem maduras demais. É uma bebida de coloração vermelho-dourada, com aroma e sabor leve e delicado.
Preto: os chineses chamam este chá de vermelho por causa da cor do líquido, que resulta do processo de produção – secagem, rolagem, oxidação e torrefação. Vale lembrar que, quanto menores os pedaços das folhas de chá preto, mais rápido será o preparo.
Aromatizado: é o chá verde, o preto, o oolong ou uma mistura deles, com a adição de aromas naturais, destilados ou extraídos de flores, frutas, ervas e especiarias. Entre eles, o earl grey, aromatizado com bergamota.
O que é infusão?
Esse tipo de bebida, também conhecido como tisana, é feito de outras ervas, flores e frutas. Camomila, hortelã e capim-cidreira, por exemplo, produzem infusões, não chás, diz a charista Carla Saueressig.
Segundo Carla, embora as pesquisas de consumo não diferenciem chá de infusão, no Brasil a preferida é a erva-mate (Ilex paraguariensis). Nativa da Região Sul do Brasil, do norte da Argentina, do Paraguai e do Uruguai, já era apreciada pelos índios guaranis na forma de infusão. Quente, gelada ou como chimarrão, é muito popular no Rio Grande do Sul, onde a misturam com camomila, erva-doce ou capim-cidreira. Nas demais regiões, é consumida pura, com leite ou limão.
Produto delicado exige atenção
Não existe um selo que certifique a qualidade do chá, mas o produto tem de ser o mais fresco possível: basta ver a data de validade. “O chá deve ter cheiro bom – e não de mofo – e estar em embalagens que não deixem passar a luz”, explica a charista Carla Saueressig.
“O sachê, embora seja prático, não preserva tanto o aroma quanto a embalagem que traz a erva a granel”, comenta Susana Jhun. Em casa, recomenda-se mantê-lo em recipientes limpos, atóxicos, longe da luz e da umidade.