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Verdadeira Natureza, por Mariana Ferrão Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Mariana Ferrão é jornalista, palestrante e CEO da Soul.me, empresa especializada em bem-estar, qualidade de vida e desenvolvimento humano. Aqui, marca um encontro quinzenal com as leitoras - e consigo mesma
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O desafio da comunicação

Tenho estudado as minhas falhas de comunicação comigo mesma para tentar melhorar a comunicação com os outros

Por Mariana Ferrão
4 ago 2022, 08h38

Nunca vou me esquecer do primeiro workshop para integração de equipe do qual participei. Na época,  Carlos Nascimento estava prestes a assumir a bancada do Jornal da Band e eu havia sido chamada para ser editora do Tempo. Parte da equipe antiga do jornal seria mantida, parte renovada. Fomos para um hotel fazenda perto de São Paulo e nos dividimos em grupos diferentes com o mesmo desafio: construir uma canoa com toras de madeira para atravessar um lago e depois cruzar uma trilha tendo que reconhecer pistas pelo caminho. Hoje, este tipo de atividade seria chamada de “team building” – algo que está muito em voga nas corporações depois de mais de dois anos de trabalho remoto forçado pela pandemia. 

Durante o final de semana no hotel fazenda, demos muitas risadas, ficamos cansados, nervosos, agitados, entusiasmados, enfrentamos algumas dificuldades e, ao final do processo, fizemos uma reunião para discutir aprendizados.

“Você não amarrou as toras de madeira direito e a canoa se desfez em pleno lago”.

“ Se você sabia como amarrar, por que não me disse o que precisava ser feito?”

“ Você achou aquela pista na trilha, mas eu não cheguei a ouvir do que se tratava, e aí não entendi o desafio seguinte!”

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“Mas eu li a pista. Onde você estava nesta hora? Achei que estava todo mundo ouvindo…”

Muitas frases semelhantes a estas foram ditas na reunião de fechamento da atividade e, depois de quase duas horas de conversa, o facilitador da dinâmica concluiu: “A imensa maioria dos problemas tem a mesma origem: comunicação, comunicação e comunicação.”

Eu não sei você, mas eu vivo enfrentando problemas relacionados à comunicação –  mesmo sendo formada em jornalismo e tendo feito também a Faculdade de Comunicação e Artes do Corpo, na PUC-SP!

Comunicação é um desafio constante para mim: seja entre mim e as pessoas que trabalham na Soul.Me (minha empresa), seja com meus filhos, com meu ex-marido, com meu pai ou com meu atual companheiro. Às vezes, uma frase, ou até uma única palavra, me engatilha emoções e revivo, por exemplo, “raivas” que sentia quando criança, quando ainda não tinha tanta consciência das minhas emoções e nem ferramentas para lidar com elas. 

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Confesso que em muitos momentos ainda fico presa em labirintos, me sinto andando em círculos e custo a achar saídas serenas para ficar tranquila e não ferir o outro na tentativa de me proteger do que, para mim, soou como agressão, desprezo ou desrespeito. 

Outro dia, conversando com uma amiga sobre isso, ela me contou uma história interessante: quando ela trabalhava na área de eventos, levou uma bronca constrangedora da chefe porque não se atentou ao fato de que o vinho branco estava sendo servido em uma taça inapropriada.

Era um evento enorme e tudo estava saindo exatamente como o cliente havia contratado, a não ser pela tal taça do vinho. Minha amiga se sentiu injustiçada, mas custou a descobrir o porquê. Até que se deu conta de que não sabia qual era a taça correta para servir vinho branco – ela nunca tinha tido acesso àquela informação.

De novo, a falha foi na comunicação. Quando teve clareza do ocorrido, ela procurou a chefe e protestou: “Você não pode me cobrar por uma informação que eu não tinha.” A chefe concordou e ela seguiu na empresa por um bom tempo com um ótimo relacionamento com sua superior. Sinto que esta clareza é fundamental.

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Que informação meus filhos precisam para entender que neste momento não posso dar a atenção que tanto querem? Qual é a  informação necessária para que eu realmente compreenda o que eles necessitam? Que informação meu companheiro precisa compartilhar comigo para que eu não nutra expectativa de que hoje à noite teremos um jantar romântico? Ou que informação é necessária para que eu possa me preparar para uma reunião de trabalho em que serei cobrada posteriormente por aquilo?

Quantas vezes queremos que o outro adivinhe nossos pensamentos? Quantas vezes gostaríamos de uma comunicação telepática em que não fosse preciso dizer nada? Por que insistimos em pensar que o outro pode imaginar o que queremos, ou que o outro tem a mesma compreensão da realidade que nós? 

Isso não é verdade! Por mais duro que possa soar, a verdade é: a realidade que existe na sua cabeça só existe na sua cabeçaNinguém pensa exatamente como você, ninguém sente como você, ninguém vê o mundo com seus olhos.

Se você não identificar com clareza suas emoções, seus sentimentos, e não conseguir expressá-los com serenidade e discernimento, sempre haverá uma falha de comunicação atravancando a realização dos seus desejos e, especialmente, atrapalhando a convivência com quem você mais ama.

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Como já disse, não tenho a fórmula mágica que resolve todos os problemas de comunicação. Mas o que tem me ajudado muito é, em primeiro lugar, aprender a me comunicar melhor comigo mesma.

Quantas vezes não deixamos de nos ouvir? Quantas vezes não prestamos atenção naquilo que realmente estamos querendo nos dizer? Quantas vezes perdemos informações preciosas que estão dentro do nosso próprio corpo? Quantas vezes você já descumpriu um compromisso que fez com você? 

Eu vivo fazendo isso: digo para mim mesma que  vou começar a comer mais devagar, que vou tirar o celular da mesa porque sei o quanto isso me estressa e na próxima refeição, lá estou eu – de novo – respondendo mensagens!

Tenho descoberto que por menores que sejam, estes compromissos comigo mesma, quando não cumpridos, vão minando a minha confiança em mim. Depois é preciso mais esforço para recuperá-la. E se é assim com a gente, imagina com os outros!

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Outra situação que me desafia é deixar de lado o que sinto. Vou dar um exemplo: recebo um convite para ir a uma festa e, na mesma hora, algo me diz: não quero ir. Muitas vezes, esta sensação vem como uma certeza na região do abdômen. Naquele momento, não há dúvidas. Mas, depois, a cabeça começa a pensar uma série de coisas: o anfitrião da festa vai ficar chateado se eu não for, todo mundo vai estar lá e eu não, vou ficar sexta à noite sozinha em casa, vou ver os posts da festa no Instagram e vou ficar com vontade de ter ido…Aí, pronto: acabo indo e me arrependo de não ter seguido aquela primeira sensação na barriga.…

Numa conversa com alguém, para mim, isso é ainda mais desafiador: às vezes, deixo o que sinto de lado, buscando agradar, ser aceita e acabo abrindo mão de legitimar opiniões, pontos de vista, meu discernimento, minha intuição. Tenho estudado as minhas falhas de comunicação comigo mesma para tentar melhorar a comunicação com os outros.

E se tem algo que tem funcionado no meu aprendizado é entender o meu próprio corpo como minha maior fonte de informação: os incômodos, as dores, as alegrias, as frustrações, as expectativas, o coração disparado ou o nó na garganta. 

Antes de buscar fora, tenho muito o que vasculhar aqui dentro.

Sigo no meu team building: trabalhando na construção de uma equipe interna onde emoção, palavras e ação estejam cada vez mais alinhadas! E, nesta jornada, tenho especialmente aprendido a me escutar mais para conseguir escutar melhor os outros.

Como diz minha terapeuta: “é na escuta aberta, ampla, irrestrita, empática e compassiva que mora a justiça”. E não dá para ser justo com ninguém se você se sentir injustiçada! 

Portanto, o caminho para melhorar a sua comunicação com o mundo é, antes de mais nada, ampliar a escuta de si mesma!

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