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Dani Moraes

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Dani Moraes é escritora, jornalista e especialista em escrita terapêutica

Juntas, mulheres dão à luz a projetos e negócios

Um encontro catártico e arrebatador durante o "Mãe Summit 2024"

Por Dani Moraes
6 jun 2024, 15h00
Mãe Summit 2024
Mãe Summit 2024 (B2Mammy/Divulgação)
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Tem coisas que só vivendo para entender. E as experiências do coletivo têm essa característica irreplicável. Cantar sua música favorita junto a centenas ou milhares de pessoas num show, aplaudir de pé o elenco de uma peça foda, explodir de emoção e gritar no estádio lotado, abraçar um desconhecido, ganhar freepass de palavrão e, por fim, perguntar: quem fez o gol? Só vivendo pra saber. 

Foi um desses momentos catárticos que vivi na plateia do “Mãe Summit 2024” – um evento realizado pela Comunidade B2Mamy. A proposta reuniu centenas de mulheres num auditório localizado em um dos centros empresariais da cidade de São Paulo, mais precisamente o Edifício Cubo do Itaú.

Ali, em meio ao império dos crachás corporativos, ambiente onde mulheres ganham em média 20% a menos do que os homens, exercendo a mesma função, estavam empresárias, autônomas, criativas, colaboradoras, desempregadas, empreendedoras, profissionais de todas as áreas, juntas. 

A Comunidade se reuniu para pensar sobre a potência e os desafios do universo de quem vive as dores e as delícias da maternidade e também para falar de ancestralidade, interseccionalidade, saúde, criação de filhos, dinheiro, negócios, música e diversão.

Para pensar o futuro, para reverenciar histórias, para dar nome, não exatamente aos bois, mas às vacas, profanas, que nutrem os sonhos e os filhos do mundo e que, muitas vezes, para isso, ordenham seu próprio leite, refugiadas nos banheiros das firmas.

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Estar ali foi como colocar minha bateria pessoal para carregar numa tomada super veloz, dessas que vão de zero a 100% em minutos. Saí transbordando, acolhida e com ainda mais vontade de acolher. Eu, que vivi a chegada da maternidade tão intensamente, hoje entendo que precisei me afastar do centro gravitacional que os filhos impõem.

Foi necessário me enxergar dissociada deste papel para me reconectar com a minha essência, enquanto ser único. Algo que costumo chamar de “processo de reintegração de posse”. Tive que (re)conhecer minha nova identidade para que pudesse, enfim, recuperar minha força criadora para além da função materna. Algo que definitivamente não me define, mas que me compõe num lugar profundo. 

Ouvi por algumas horas mulheres realizadoras, brilhantes, em suas mais diversas áreas de atuação. Mulheres despertas, atentas, que, assim como eu e você, estão nas trincheiras da vida, numa luta que não escolhemos, mas em meio a qual vivemos desde o ventre. Um front ancestral que avança, felizmente, mas que cobra uma vigilância sem descanso.

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Sei que é preciso, sem dúvida nenhuma, estarmos atentas e fortes, mas é também urgente cultivarmos ambientes de troca e intersecção onde recuperar as forças seja possível e a necessidade do repouso e o revezamento de turnos sejam respeitados. Sabemos que não há vitória em sermos guerreiras solitárias e exaustas. A dignidade está na luta compartilhada

Naquela manhã, compartilhada entre mulheres, mães e profissionais, lembrei do meu porquê. Lembrei do motivo de ter deixado uma carreira de 20 anos na área de Comunicação para me tornar parteira do sonho de outras mulheres em seus projetos autorais e negócios criativos.

E lembrei de cada passo dado em direção ao meu ikigai (expressão em japonês para “razão de ser”), que hoje está comprometido com a ampliação da consciência das mulheres e com a construção de um mundo mais justo e menos desigual.

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Conheço o tamanho do desafio que é botar no mundo nossas crias e criações, mas sei também sobre o pânico de viver estagnada, apartada de si, distante dos nossos valores e do pleno exercício de nossa capacidade criativa. 

Se você está grávida de um sonho, de um servir, de um desejo profundo, de uma sede, talvez ainda sem nome, converse com outras mulheres. Temos conquistas e tropeços comuns, e aprender coletivamente nos fortalece. Não foi sozinha que despertei fagulhas no meu peito, nem isolada que encontrei as chamas do meu coração.

Juntas, ainda que individualmente, é possível dar-se à luz, acender por dentro, se tornar faísca, enxergar a própria estrada e ainda iluminar o caminho de quem está por perto. Até que sejamos, todas nós, mulheres acesas, a luzir!

Se quiser esticar o assunto, vem papear comigo no Podcast Palavra (sf) (https://bit.ly/palavrasf) e na minha newsletter (https://danielemoraes.substack.com).

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