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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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SXSW: a resiliência precisa andar junto com a compaixão

Uma das palestras que assisti no SXSW me chamou atenção por refletir sobre a importância de enxergarmos o outro

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
1 abr 2024, 17h00
Simran Jeet Singh
Simran Jeet Singh. (Diego Donamaria/Getty Images)
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Voltei! Na minha última coluna contei que estava no SXSW 2024, o maior evento de inovação do mundo, que acontece em Austin, no Texas, Estados Unidos. O que posso dizer sobre a experiência é que foi incrível e sobrevivi.

Confesso que nos primeiros dias foi difícil não sofrer com o FOMO (Fear of Missing Out, ou medo de ficar de fora, na tradução em inglês). São mais de 3 mil palestras, a maior parte em um grande centro de exposição com dezenas de salas, mas também acontecem debates em hotéis próximos, o que exige um nível de disposição sem igual para acompanhar tudo.

Com a curadoria da Sparkers, consegui criar uma agenda que tinha sempre 5 palestras por dia. Mas ainda assim a correria era grande. Saía de uma e tinha que ir correndo para a fila da próxima. Realmente insano.

Mas valeu muito a pena, porque pude ouvir e conhecer pessoas incríveis e com um pensamento sobre o mundo que plantou várias sementes de reflexão em mim. 

Uma das que mais gostei foi a do Simran Jeet Singh, diretor do Aspen Institute, escritor e ativista, que se destaca pela defesa da igualdade e inclusão. Singh é um Sikh e já enfrentou muito racismo e discriminação por sua religião dentro de seu próprio país, os Estados Unidos. 

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Ele levou sua experiência para o SXSW, falando sobre resiliência e compaixão. Segundo ele, a palavra resiliência se tornou tão onipresente que perdeu o significado. “Será que sabemos do que estamos falando? O que é resiliência?”, perguntou ele já no início da sua palestra.

Ele contou um fato que aconteceu no seu trabalho, quando um colega, com quem foi dividir uma angústia relacionada ao trabalho, disse “tudo vai ficar bem, você já enfrentou coisa pior”. Singh então respondeu: “Eu não quero apenas ficar bem. Eu não quero apenas sobreviver”.

Segundo o ativista, é comum pessoas que sofrem com preconceito ouvirem dos outros que são fortes e capazes de aguentar o sofrimento. Mas segundo ele, isso é ruim, pois nega a eles o direito de se sentirem mal por outros fatos que venham a acontecer, mas não tenham a ver com o preconceito em si.

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Singh destaca o desgaste da palavra resiliência, que de tanto ser usada da forma errada, passou a ser mal compreendida. “Resiliência é reconhecer que a vida não acontece apenas conosco (…) é entender que podemos navegar pelas adversidades que surgem em nosso caminho, é sobre fazermos escolhas. Significa prosperar.”

Para o ativista, a resiliência tem a compaixão como motor essencial. Mas como despertar e desenvolver esse sentimento em nós? Esta compaixão, por sua vez, vem a partir da curiosidade, coragem e conexão. 

Curiosidade porque é a partir dela que tentarmos ver a humanidade nas pessoas, que podemos mudar a nossa forma de pensar sobre o outro, e assim dar o primeiro passo rumo à compaixão.

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Portanto, importante que possamos ser vulneráveis, dispostos a tomar riscos e receber críticas. Ou se uma situação nos deixar furiosos, que sejamos curiosos ao ponto de buscar entender o que despertou da fúria: o que está acontecendo com o outro para ficarmos enfurecidos?

A coragem vem logo em seguida, pois a curiosidade não é nada se você não puder agir de acordo com ela. Você precisa então ter coragem para ser quem você é e agir quando tiver curiosidade sobre algo ou alguém.

“A coragem e a confiança para reconhecer quem você é e como deseja ser, criam resiliência. Isso cria força interior.”

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Por último, precisamos nos conectar. Não da forma que nos conectamos hoje, de maneira digital ou superficial. Mas, ao aprender sobre o outro, criamos uma verdadeira conexão e, a partir dela, todos nós vamos cuidando uns dos outros.

Tudo isso pode parecer difícil, mas Singh afirma que não devemos nos assustar e travar por achar que não vamos conseguir fazer esse elo. Uma expectativa de perfeição pode nos parar, mas temos que continuar tentando, pois a resiliência com compaixão requer transformação interior. “É um músculo que você pode desenvolver”, diz.

“Não é apenas o que você faz. É o que está em seu coração quando você está fazendo isso. E essa é uma parte realmente importante na construção de empatia e compaixão.”

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O que Simran Jeet Singh falou fez muito sentido para mim. Passada a correria do evento, agora, com calma, quero refletir e colocar em prática tudo que aprendi.

Algumas são tarefas simples, outras, mudanças para uma vida toda.

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