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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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O que é a constelação familiar e como ela me ajudou

A partir de uma conversa com a consteladora Myriam van Oldeneel, a colunista Stéphanie Habrich faz um guia de como funciona esse tipo de terapia

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 6 jul 2024, 17h21 - Publicado em 25 out 2022, 08h19
Constelação familiar
Constelação familiar oferece um novo olhar sobre a família da pessoa que busca o serviço.  (Edmond Dantès/Pexels)
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Você já ouviu falar de constelação familiar? Essa técnica terapêutica, criada pelo psicanalista, filósofo e teólogo alemão Bert Hellinger (1925-2019), tem como objetivo oferecer um novo olhar sobre a família da pessoa que busca o serviço, como forma de ajudá-la a resolver questões sensíveis – por exemplo, desde o hábito de roer as unhas até questões mais complexas, como a dificuldade em se relacionar com terceiros.

COMO SURGIU A CONSTELAÇÃO FAMILIAR

“Na época em que Hellinger cresceu, havia um grande respeito pelos adultos – o que, é importante dizer, não significa obediência. Então existia uma valorização à ancestralidade”, diz a terapeuta e consteladora Myriam van Oldeneel. Por isso, seu estudo busca avaliar o quanto os antepassados influenciam nos mais diversos aspectos da vida do constelado (pessoa que busca o serviço).

“Hellinger começou seus estudos sobre a constelação quando foi para a África do Sul e teve contato com o grupo Zulu. Lá, quando alguém tem um problema, todo o grupo se reúne para ajudar, porque o problema de um só membro atinge a todos”, relata a especialista. Mais para frente vou explicar exatamente como funciona uma sessão de constelação familiar, mas já adianto que o princípio é mais ou menos o que Hellinger aprendeu com o grupo étnico africano: reunir várias pessoas para que, juntas, elas ajudem a resolver determinado problema do constelado.

AS TRÊS MÁXIMAS DA CONSTELAÇÃO FAMILIAR

O estudo da constelação familiar é feito a partir de três máximas, chamadas por Hellinger de leis do amor:

Lei da hierarquia: quem vem primeiro (em termos de cronologia) cuida de quem vem depois. Por isso, aqueles que vêm antes precisam ser respeitados pelos mais jovens – “mesmo que não amados”, pontua a consteladora;

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Lei do pertencimento: todo mundo pertence a algum sistema (familiar) de alguma forma, porque viemos de alguém. Isso quer dizer que é importante considerar todos os elementos desse grupo ao fazer a constelação, “até mesmo um bebê que não nasceu por causa de um aborto, por exemplo. Isso porque, se você esquece alguém do sistema, ele se desequilibra”, explica Myriam. 

Lei do equilíbrio: “Em um casal, por exemplo, um não pode fazer tudo e o outro recebe tudo. Sempre que há um desequilíbrio, ocorre uma complicação”, – e o mesmo vale para a família. 

Como é uma sessão de constelação familiar?

Existem duas formas de conduzir a sessão: com representantes (pessoas, não necessariamente familiares, que participam desse momento para simbolizar indivíduos, ideias ou lugares) e com bonecos (que serão conduzidos pelo constelado). Vou explicar como a constelação funciona em cada uma dessas modalidades:

Com representantes

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Tudo começa com uma meditação em conjunto. “A pessoa [que vai constelar] se abre com quem vai fazer a constelação, sem julgamentos. Os representantes, por outro lado, não sabem o que foi conversado”, diz. Depois, o responsável pela constelação escolhe vários números. Por exemplo:

Nº 1: representará a mãe;

Nº 2: representará o pai;

Nº 3: representará o constelado.

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Apenas o constelador, no entanto, sabe quem escolheu para cada número. Depois isso, os representantes escolhem quais números cada um irá retratar. Em seguida, todos os representantes se levantam e entram em contato com o que estão sentindo naquele momento. Assim, eles falam e agem conforme esses sentimentos. “Quando você entra como representante, no primeiro momento você espera as sensações virem. É muito interessante, porque todo mundo sente algo”, diz. Qualquer pessoa pode ser representante – Myriam só não recomenda que crianças o façam.

Conforme os representantes experimentam sensações, eles relatam o que vão sentindo, e são essas falas que ajudam o constelado a ver sua família – e, consequentemente, sua vida – a partir de uma nova perspectiva. “Você sempre tem uma informação nova que vai aparecer durante a constelação. Quando você a aceita, tem uma mudança na sua perspectiva de vida, que vai depender de como cada pessoa abraça essa nova informação”, relata a consteladora.

Por isso, é necessário que o constelado saiba que está à mercê de uma nova perspectiva sobre a sua vida que, em alguns casos, pode trazer à tona acontecimentos difíceis. “Mas, geralmente, a sensação que o constelado tem ao fim da sessão é de alívio, porque o objetivo da constelação é trazer clareza”, comenta. 

Com bonecos

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Nesse caso, após a meditação, o constelador também escolhe qual número vai simbolizar cada membro da família (ou ideia, por exemplo) sem que o cliente saiba. Mas, dessa vez, é o constelado quem sente como serão as representações. O profissional pergunta, por exemplo, qual é a posição de cada boneco e para quem eles estão olhando. O constelado responde a essas perguntas com base no que estiver sentindo no momento (se ele achar que o boneco número 1 olha para o boneco número 2, é assim que eles serão posicionados). 

O constelador também propõe frases do que cada boneco diz para o outro. O constelado, por sua vez, repete as que acredita fazerem sentido – sempre de acordo com seus sentimentos.

Ao fim da sessão, o constelador revela quem (ou o que) cada boneco representava, de modo que, assim como no modelo com representantes, o constelado acesse essa perspectiva e consiga, por meio das informações que adquiriu na sessão, ter mais clareza sobre sua vida.

O que leva as pessoas a fazerem esse tipo de terapia?

“As pessoas fazem constelação familiar por vários motivos, mas o mais comum é trabalhar a relação com os pais”, afirma Myriam. Por esse motivo, a técnica se popularizou ao longo dos últimos anos, sendo recorrida como complemento à psicoterapia (feita por psicólogos e psiquiatras). Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) autoriza a constelação familiar como uma prática complementar ao trabalho dos profissionais mencionados.

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Para mim, a experiência da constelação familiar é uma forma de entender a influência dos nossos antepassados sobre nós – que, de um jeito ou de outro, sempre é algo muito forte. Eu, por exemplo, vejo muitas semelhanças entre mim e minha mãe (que, por sua vez, tem sua cota de aspectos iguais aos da minha avó). Me pergunto quantas gerações de semelhanças e hábitos foram passados sem que a gente sequer tenha noção.

Mas, principalmente, fico pensando em quantas – e principalmente quais – dessas semelhanças quero passar aos meus filhos. A gente deixa incontáveis heranças aos nossos descendentes (sejam elas de hábitos, modo de pensar, maneira como agir etc.) e acredito que seja extremamente essencial sabermos identificar quais ciclos queremos quebrar. É como o trabalho de uma peneira: você precisa saber o que você quer que seja passado para frente e o que deve ser retido para que os outros não adquiram. 

Para isso, conhecer a minha própria família tem sido um caminho fundamental para meu trabalho de identificação comigo mesma. Nas várias constelações familiares que já fiz, ficou cada vez mais claro que não quero viver apenas repassando aspectos da nossa ascendência aos meus filhos, sem quebrar ciclos antigos que acredito não serem bons.

Como escolher um constelador familiar?

Na minha opinião, como a constelação familiar acessa sentimentos e intimidades bastantes pessoais, é necessário escolher um profissional competente para que esse trabalho seja feito. A dica de Myriam para quem estiver interessado é, antes de fazer a própria constelação, participar de uma sessão como representante. Assim, será possível entender como ela funciona e como cada constelador a conduz. “Além disso, a gente sempre explica o que acontece, como a terapia da constelação familiar foi desenvolvida etc.”. 

*Artigo escrito a partir de entrevista com a terapeuta e consteladora familiar Myriam van Oldeneel – (11) 972326578.

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