Como se comunicar bem?
Essa é a pergunta que o livro 'Supercomunicadores – Como desbloquear a linguagem secreta da comunicação' busca responder
Sempre quis falar bem – mas sempre foi difícil para mim. Para algumas pessoas parece ser tão natural, para mim nunca foi. Esta é uma das habilidades que mais quero desenvolver.
Sempre fui muito tímida. Nos tempos de escola nunca levantei a mão para responder uma pergunta da professora e, quando era chamada, sentia o rosto ficar rosa, vermelho, roxo… Ao ponto de os colegas dizerem que eu iria explodir.
A paixão pelos jornais que criei – o Joca e o TINO Econômico – me deu coragem para me expor e falar mais sobre o que penso. Mas há momentos em que a timidez ainda toma conta. Falar em público é sempre uma prova de fogo.
Também venho buscando desenvolver a minha comunicação mais pessoal, com minha família e as pessoas próximas. Sinto que tenho dificuldade de encontrar as palavras mais adequadas para traduzir o que estou sentindo.
Foi esse desejo de melhorar que me levou a assistir a uma palestra de Charles Duhigg, autor de O Poder do Hábito, no SXSW, o maior evento de cultura e inovação do mundo, que aconteceu em Austin, em março. Lá ele falou sobre seu novo livro Supercomunicadores – Como desbloquear a linguagem secreta da comunicação. Ouvi-lo me deixou curiosa sobre o livro.
Já no prólogo, o autor conta que o livro nasceu, em parte, de suas próprias falhas de comunicação. Ele tinha assumido um cargo de gestão e seus colegas disseram que não se sentiam ouvidos. Ou seja, mesmo para Duhigg, um jornalista respeitado, vencedor do prêmio Pulitzer, se comunicar bem é um desafio.
O que é se comunicar bem
Lendo o livro entendi que se comunicar bem tem menos a ver com a capacidade de oratória e um bom discurso. O bom comunicador é aquele que sabe escutar e sabe fazer as perguntas certas para entrar em sintonia com seus interlocutores. E quando digo sintonia, não é força de expressão.
Duhigg conta sobre um experimento no qual grupos de voluntários assistiam a trechos de filmes de difícil compreensão, sem áudio nem legenda. O cérebro deles foi monitorado enquanto assistiam aos clipes sozinhos e depois, em pequenos grupos. A pesquisa mostrou que quando as pessoas viram o filme juntas e conversando, seus pensamentos se alinharam.
E mais: em alguns grupos o alinhamento foi maior do que em outros. “Era como se todos tivessem concordado em pensar precisamente da mesma forma”. O que esses grupos tinham de diferente? Alguns indivíduos que “não eram os que mais falavam e quando diziam alguma coisa, era geralmente em tom de pergunta.
Eles citavam as ideias dos demais e admitiam rapidamente sua própria confusão, ou faziam pouco de si mesmos. Encorajavam os parceiros do grupo e riam de suas piadas. Não se destacavam como falantes ou inteligentes, mas quando diziam algo, todos escutavam atentamente. E, de algum modo, facilitavam que os demais se pronunciassem. Faziam a conversa fluir”. Eles eram supercomunicadores, que conseguiam estabelecer uma harmonia no grupo que facilitava a conversa.
Os três tipos de conversas
Duhigg também deixa claro que diferentes necessidades – ajudar, consolar, escutar – correspondem a diferentes tipos de conversa.
- Ajudado – conversa prática (do que realmente se trata?)
- Consolado – conversa emocional (como nos sentimos?)
- Escutado – conversa mais social (quem somos?)
Depois de estabelecer esses três tipos de conversa, o autor ensina como identificar e como se comportar em cada uma delas. Se o nosso interlocutor quer ser ajudado, não adianta perguntar como ele está se sentindo. E se ele quer apenas ser escutado, não precisamos dar conselhos ou dizer o que ele deve fazer.
Tem solução!
Segundo o livro, para haver comunicação, precisamos nos conectar às pessoas, o que significa: escutar com atenção tanto o que é dito como as entrelinhas, fazer as perguntas certas, reconhecer e espelhar o estado de espírito dos demais e permitir que nossos sentimentos sejam facilmente percebidos pelos outros. Tudo isso ao mesmo tempo, enquanto a conversa se desenrola.
Não sei para você, mas para mim não é nada simples pensar em tudo isso e ainda prestar atenção no assunto central. Mas fico feliz em saber que há um método que pode ser aprendido.
Quanto mais conscientes estivermos dele, melhores comunicadores seremos. Pelo menos é o que eu espero.