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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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Além das bolhas: a união entre jovens de realidades diferentes

Criado por Stéphanie, no projeto Conectando Pela Educação, alunos de escolas públicas recebem aulas e tutorias de jovens de outros colégios

Por Stéphanie Habrich
Atualizado em 17 Maio 2021, 15h14 - Publicado em 17 Maio 2021, 15h11
nirat
 (nirat/Getty Images)
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 Um dos aspectos mais cruéis da desigualdade social são os muros invisíveis que existem entre jovens que têm boas condições financeiras e jovens em situação de vulnerabilidade.

Apesar de terem a mesma idade, eles raramente têm contato uns com os outros, o que apenas contribui para a perpetuação de estereótipos e para a manutenção de conceitos distorcidos da realidade. Afinal, quando não conhecemos a fundo um determinado cenário, temos mais chances de abraçar ideias equivocadas sobre o que se passa nele.

Um dos meus maiores sonhos sempre foi o de quebrar esses muros invisíveis e juntar jovens de realidades diferentes. Imagine a riqueza que essas trocas de experiências e valores poderia promover para a sociedade como um todo.

Foi pensando nisso que eu e alguns estudantes criamos o projeto Conectando Pela Educação. Nele, alunos de escolas públicas recebem aulas/tutorias de jovens de colégios particulares ou mesmo públicos, de modo a um ajudar o outro com os estudos.

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“Eu sempre quis ajudar os outros, mas nem sempre soube a melhor maneira de fazer isso”, diz Juliana L., de 16 anos, tutora do Conectando Pela Educação e uma das estudantes que fundaram o projeto junto comigo.

“Com a ajuda da Stéphanie, comecei a dar aulas virtuais toda semana para uma aluna de 12 anos de uma escola pública. Durante a pandemia, percebi que esse apoio fez muito bem para a Nicole e fez com que eu tivesse vontade de ajudar outras crianças. Nesse momento, pensei que muitas pessoas poderiam se conectar da mesma maneira por meio de uma plataforma. No início desse caminho, conheci o Deivyd, que se aliou a mim nesse projeto. Juntos, trabalhamos na plataforma com o objetivo de que alunos fiquem sempre motivados a aprender e não desistir de sua educação.” Na prática, o projeto funciona da seguinte forma: fazemos um “match” entre o aluno que deseja receber apoio e o estudante que deseja ajudar. Então, a cada semana, eles se encontram por hangout para falar sobre os conteúdos escolares.

Nesses encontros, muitas vezes, os jovens acabam formando vínculos de amizade e, a partir disso, começam a entender melhor a realidade um do outro.

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Foi o caso, por exemplo, de uma dupla em que a tutora percebeu que o aluno dela usava vela para aquecer a comida, já que a família não tinha condições financeiras de comprar um equipamento ou recurso mais potente para esquentar os alimentos.

Sensibilizada, a mentora pediu dinheiro para conhecidos e comprou um botijão de gás para dar para a família do seu aluno. Um belo exemplo de como juntar mundos opostos pode gerar impactos positivos. 

Além das aulas, o projeto conta com diversos setores administrativos, que visam garantir a melhor experiência para mentores e alunos. Há uma área, por exemplo, responsável por captar doações para comprar tablets, celulares e chips de internet para os estudantes em situação de vulnerabilidade.

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Nossa prioridade é atender pessoas que não têm acesso à internet ou a aparelhos tecnológicos e, por isso, durante a pandemia, ficaram atrasadas em relação ao conteúdo da escola. 

Outro aspecto importante é a forma como o projeto é executado. Como é uma iniciativa para jovens, achamos que seria importante que também fosse organizado e comandado por jovens.

Tanto os voluntários que dão as aulas como os que cuidam dos setores administrativos são estudantes de escolas particulares e públicas. É o caso da Juliana L.: dela partiu a iniciativa de criar o Conectando Pela Educação. Como esses jovens vivem na prática uma rotina de estudos, sabem o que é importante para ter um aprendizado completo e satisfatório.

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Ao mesmo tempo, por terem a mesma idade que os alunos envolvidos nos atendimentos da iniciativa, sabem como ninguém o que se passa na cabeça dos jovens e o que pode motivá-los a continuar estudando. Assim, só resta a mim e a outra colega (as únicas adultas do projeto) supervisionar todo o trabalho – o restante é com eles. 

No momento, temos dez “matchs” entre alunos e tutores. Mas queremos aumentar esse número para que mais jovens do país todo sejam envolvidos nessa rica experiência. Quem sabe, aos poucos, não será possível furar as bolhas sociais que estamos tão acostumados a ver no nosso dia a dia?

Depoimentos de alunos do Conectando Pela Educação

“Estou achando as aulas muito importantes para a minha vida. Aprendo coisas que não sabia e estou conseguindo prestar mais atenção. Eu só tenho a agradecer pela oportunidade.” Evandro, 15 anos

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“Estou achando as aulas muito legais. Estou aprendendo muito e quero aprender cada dia mais.” Anny, 14 anos

“Fiquei muito feliz quando comecei a ter aulas particulares on-line. Ter alguém para me ajudar nas minhas maiores dificuldades melhorou muito o meu aprendizado. Espero que o Conectando consiga ajudar muitas crianças.” Adriane, 12 anos 

“Fiquei um ano sem estudar [por causa da pandemia]. O projeto Conectando Pela Educação me deu um celular e um chip. Sem isso eu não ia conseguir voltar a estudar. Estou muito feliz agora.” Daniel, 13 anos

Site do projeto: https://conectandopelaeducacao.com.br/

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