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Sofia Menegon é feminista, idealizadora da podcast Louva a Deusa e consultora em relacionamento e sexualidade
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Tarde demais para amar

Finalmente, começo a ter certeza de que eu me basto. De que o amor não precisa e não deve ser a razão da minha existência

Por Sofia Menegon
24 nov 2022, 08h29

Eu fui feliz casada. Mas será que fui mesmo? O que define isso? Será que a gente coloca em uma balança os momentos bons e os momentos ruins e espera os lados equilibrarem? Eu fui o que eu pude ser e o que eu achava que precisava ser. Fui a esposa cuidadora, a profissional responsável, a nora esforçada. Viajei nas férias, fui a restaurantes que gostava aos finais de semana, abri um vinho toda sexta-feira. 

Para mim, isso era felicidade. Não porque eu estava feliz, mas porque foi o que aprendi que precisava ser para me dizer feliz. Eu amei meu ex-parceiro e fui amada por ele. Tudo que a gente precisa é amor, disseram. Mas, agora, na agonia do meu silêncio, com companhia de ninguém além desse computador, eu duvido das minhas velhas certezas.

Tenho escolhido me experimentar, desde a separação. Sair sem rumo, sem hora para voltar. Me vi em rodas de pessoas completamente desconhecidas e aleatórias, pegando carro de aplicativo com estranhos, dançando sozinha na balada. Andei pela cidade tentando me perder e fiz amizades no caminho. Olhei pela janela do apartamento que aluguei no centro de São Paulo e me senti pequena, e me senti imensa. Não sei também se isso é felicidade.

Mas, finalmente, começo a ter certeza de que eu me basto. De que o amor não precisa e não deve ser a razão da minha existência. Certeza de que não quero um compromisso com outra pessoa além de mim. E é lindo sentir isso, mas também desesperador.

Tenho medo de envelhecer rápido demais. Tenho medo de não ser mais atraente. Tenho medo que um dia meu corpo não responda mais aos meus desejos ou, pior, que deixe de desejar. Tenho medo de me tornar amarga. Eu tenho medo de um dia ser tarde demais para amar. Mas esse medo não é meu.

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Esse medo não é nosso. Amar, num contexto romântico-afetivo, não precisa ser a grande tônica das nossas vidas. Não precisa ser o nosso propósito. Sequer precisa ser uma meta. Há muito para se fazer antes disso. 

Eu quero ir a lugares meus. Quero conhecer pessoas tão delas mesmas que não esperam nada de mim. Quero ser alguém que transite pelo mundo firme, mas leve. Quero me apaixonar intensamente e ver desabar as minhas idealizações. Quero deixar escapar minhas facetas ocultas. Quero falhar brilhantemente, me arrepender do que eu fiz, dizer eu te amo para quem eu acabei de conhecer. Quero ser boba sem vergonha alguma. Quero dizer mais “eu não sei” e “eu não quero”. Quero querer também.

E tudo isso também é sobre amar. Mas, acima de tudo, amar a mim mesma e a minha trajetória. Eu acho que felicidade não se mensura. Se eu fui feliz, não sei. Mas estou pronta para descobrir o que eu posso ser agora.

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