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Sofia Menegon

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Sofia Menegon é feminista, idealizadora da podcast Louva a Deusa e consultora em relacionamento e sexualidade
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O mito do vibrador vilão

A masturbação de corpos com vulva ainda é um tabu a ser superado

Por Sofia Menegon
2 mar 2022, 08h36
vibradores
 (Anna Shvets/Pexels)
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Quando comecei a falar sobre sexo e sexualidade, rapidamente me deparei com uma série de medos a respeito da masturbação feminina. Lembro de receber muitos comentários, em um vídeo sobre o assunto, dizendo que a masturbação viciava e que fazia mal. Se pudéssemos voltar ao século XIX, provavelmente ouviríamos os mesmos comentários, talvez com uma outra linguagem. Fato é que a masturbação de corpos com vulva ainda é um tabu a ser superado.

O distanciamento promovido por essas ideias tão antigas é uma estratégia para que os nossos corpos sejam docilizados. Criam-se mitos sobre a “sujeira” desse corpo, sobre os nossos cheiros e formas. Nos afastam do prazer, do autoconhecimento, de nós mesmas e de outras mulheres porque, assim, podemos ser “controladas”.

Mais interessante é como esses discursos vão se adaptando aos novos tempos, sem deixar o teor repressor para traz. Agora lemos sobre “os perigos do vibrador”. Uma nova maneira de nos dizer a mesma coisa: não se toque, não tenha prazer, o seu corpo não é seu. 

Infelizmente, muitas disseminadoras dessas falas tão retrógradas são justamente mulheres que trabalham com sexualidade feminina. Profissionais que se propõem a auxiliar outras mulheres em seus processos emancipatórios. 

Não quero aqui condenar essas mulheres porque sei que apenas reproduzem uma lógica impregnada na nossa sociedade. Tampouco quero fazer ode ao uso dos vibradores, porque também sei que podemos atingir lugares sublimes de prazer sem eles. Mas sentenciar esses aparatos tecnológicos é o mesmo que continuar negando prazer a muitas mulheres.

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Isso porque esse distanciamento sobre o qual falamos impossibilitou que muitas de nós pudéssemos chegar a um orgasmo e outras tantas de sequer tocarem seus próprios corpos. Seja por nojo, medo, vergonha ou culpa, esse potencial permanece vetado. 

O vibrador não é a única ou a melhor saída, mas certamente é uma ferramenta valiosa para que essa lacuna possa ser preenchida. Muitos primeiros orgasmos aconteceram- e acontecem- porque havia um vibrador, intenção e tempo disponíveis para essa mulher. Porque quando ela decide comprar esse aparelho, já está desatando uma série de amarras e priorizando o próprio prazer. Porque quando o vibrador toca sua vulva e seu clitóris, já iniciou o movimento de apropriar-se do seu corpo e tomar as rédeas da sua satisfação sexual. E essa é uma conquista incalculável.

Que possamos gozar livremente e manter um olhar crítico aos discursos que pretendem nos manter sob controle.

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