Amar e ir embora é uma possibilidade
Os ensinamentos de Geni Núñez sobre a hora de ir
Das coisas mais lindas que eu já li, no livro de Geni Núñez, Descolonizando Afetos, me deparei com a frase “é possível amar e ir embora”. É possível amar e ainda assim optar por não seguir com um relacionamento, naquela configuração ou em qualquer outra. É possível que o amor não seja tudo de que precisamos. É possível querer mais do que o amor. É possível ser livre.
Talvez, nesse momento, você esteja vivendo uma relação em que há amor e só. Uma relação que te faz doer, mais do que te faz sorrir.
Uma relação em que você esteja sempre pensando “onde é que tudo mudou?”. Um amor que só de pensar cansa e, cansa tanto, que você desiste de se colocar, de dizer do que sente, de dialogar.
Talvez você esteja vivendo uma relação na esperança de que um dia volte a ser como antes, porque de vez em quando vocês riem juntos, porque sua família e amigos gostam dele ou dela.
E, talvez, você ainda esteja aí porque ninguém te falou que “é possível amar e ir embora” e, então, você segue sem saber muito bem o motivo, convicta de que sozinha é pior.
Sem se dar conta de que estar sozinha é, muitas vezes, apenas mais uma consequência de estar nessa relação.
Mas quero propor olharmos para rotas alternativas. Fazer um exercício de “e ses”. E se escolher outro caminho agora, distante dessa parceria, te permitir estreitar laços potentes com amigas que você deixou de conversar porque ficou sem tempo?
E se, ao invés das explicações, das desculpas, das discussões, você encontrar a paz que precisa para tocar aquele projeto que deixou engavetado?
E se ir embora dessa relação te reaproximar de você mesma, das suas vontades, desejos, dos seus gostos? E se esse fim for, na verdade, um grande começo?
É preciso coragem para colocar um ponto final na história de juramos ser para sempre. Olhar para as páginas em branco do futuro e ir escrevendo à medida que se avança.
Aceitar que a vida como era não existe mais, mas que um universo desconhecido e, potencialmente maravilhoso, se abre à nossa frente.
É preciso coragem para tudo isso, mas viver, de verdade, exige coragem. E, cá entre nós, você merece viver tudo que a vida pode te proporcionar. Vamos de coragem hoje?