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Furacão Kamala atinge Estados Unidos

Kamala Harris se torna a primeira mulher a ocupar a vice-presidência dos EUA. A primeira negra. “A primeira, mas não a última”, ela já avisou

Por Rachel Maia
Atualizado em 11 nov 2020, 21h06 - Publicado em 11 nov 2020, 20h30
 (David Becker/Getty Images)
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A temporada de furacões que atinge os Estados Unidos produziu, neste 2020, um que promete deixar seu rastro por vários anos no país. Seu nome é Kamala Harris.

Filha de mãe indiana e pai jamaicano, uma família miscigenada – algo não tão comum nos Estados Unidos na década de 1960 –, Kamala é a primogênita de quatro irmãos de uma família do sul da Índia. Ainda criança, morou em Quebec com a irmã e a mãe, uma cientista renomada que foi convidada para trabalhar em uma universidade canadense.

Durante toda sua adolescência, as experiências estudantis foram em escolas majoritariamente brancas. Por isso, quando fez faculdade, Kamala decidiu que estudaria em uma universidade com tradição negra. Escolheu Howard, em Washington, onde graduou-se em Economia e Ciência Política.

Mais tarde fez também Direito, pela Universidade da Califórnia – e tornou-se, anos depois, a primeira promotora distrital negra da história da Califórnia. Em janeiro de 2015, decidida a conseguir uma vaga como senadora pela Califórnia, Kamala lançou sua campanha e recebeu o apoio de gente como o então presidente americano Barack Obama.

Eleita – e de volta a Washington –, ela mostrou-se uma ferrenha adversária das pautas do presidente Donald Trump. E pensou em concorrer ela própria à presidência. Mas não era o momento para Kamala. Ainda.

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Veio dela o ataque mais duro que Joe Biden recebeu na campanha, em um debate nas primárias. Depois de desistir da disputa, no entanto, Kamala aceitou a oferta do agora presidente eleito de ser sua vice.

Quando for empossado ano que vem, Joe Biden será o homem mais velho a se tornar presidente dos Estados Unidos, aos 78 anos. E ele já disse algumas vezes que não vai trabalhar pela reeleição. Justamente por isso, escolheu uma vice jovem.

E, assim, Kamala Harris se torna a primeira mulher a ocupar a vice-presidência dos Estados Unidos da América. A primeira negra. “A primeira, mas não a última”, ela já avisou.

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Agora, toda garota negra, não só dos Estados Unidos, mas do mundo, vai poder sonhar grande. “Yes, we can”, dizia Barack Obama. Com Kamala, esse grito se expande. Atinge as mulheres pretas num país que ainda enfrenta o racismo. E vai ecoar aqui no nosso, não tenho dúvida.

Por isso, é provável que o furacão Kamala deixe seu rastro por muitos anos. No entanto, ao que tudo leva a crer, por sua trajetória, por sua luta pelos direitos humanos, o rastro vai ser de construção.

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