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Por trás da moda

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Renata Brosina é jornalista, host de podcast e editora de moda com foco em luxo e sustentabilidade. Com 15 anos de carreira e alguns títulos internacionais no currículo, ela é curiosa, gosta de entrevistar e vestir pessoas, e analisar as transformações que vêm acontecendo no mercado.
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Os astros e o futuro da moda

Com tantas incertezas, a indústria da moda deveria buscar respostas em uma relação antiga com o sobrenatural

Por Renata Brosina
Atualizado em 18 ago 2024, 18h37 - Publicado em 17 ago 2024, 05h00
O leao no desfile da Chanel 2010
O leao no desfile da Chanel 2010 (Colagem de Catarina Moura sobre fotos de divulgação/Divulgação)
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À  primeira vista, a relação entre a moda e o misticismo aparece apenas no sentido literal.

Quando pensamos nas passarelas, é fácil lembrar das estranhezas de Alessandro Michele para a saudosa Gucci, que, volta e meia, explorava o mistério dos cosmos com tom doce e inocente. O mesmo vale para as coleções antigas de Alexander McQueen, que brincavam com criaturas que pareciam vindas de outros planetas distantes.  

A astrologia, por sua vez, apareceu no gigantesco leão dourado no centro do show de Inverno 2010 de Couture da Chanel, em homenagem à leonina Gabrielle Chanel, além de tratada com certo romantismo por Maria Grazia Chiuri nas criações de Alta Costura de Verão 2017, a sua primeira para a Dior. A estilista italiana levou bordados de constelações, que pareciam verdadeiras joias, e aquarelas de símbolos do zodíaco para os vestidos.

O misticismo de Dior

Anos mais tarde, o sobrenatural voltou à pauta da grife na Alta Costura de Verão 2021. Apresentada durante a pandemia de Covid-19, a coleção trazia uma estética inspirada nas cartas do tarô, reforçando a narrativa incerta do período. Resgatar as figuras dos arcanos nos 45 looks não foi mera coincidência.

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Christian Dior, fundador da maison, era conhecido por não tomar decisões sem antes consultar a sua astróloga e taróloga de confiança, Madame Delahaye. 

A superstição era uma — se não, a principal — característica do costureiro francês. Lembro que durante uma visita feita ao seu castelo La Colle Noire, localizado em Montauroux, percebi o quanto a cartomancia e a crença no invisível foram importantes para o Monsieur Dior. Em um dos cômodos estava guardado o baralho de tarô usado pelo estilista até a sua morte, em 1957.

Os cartões tinham ilustrações Lenormand, batizados assim para homenagear uma das mais famosas cartomantes francesas da era napoleônica, Marie-Anne-Adélaïde Lenormand, que viveu entre 1772 e 1843. A sensação de ver de perto cada uma das cartas, que, em algum momento, sinalizaram o destino do estilista aquariano foi arrepiante. 

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Entretanto, acredito que a maior emoção foi estar de frente às figuras que, antes de sua viagem de férias ao sul da Itália, o alertaram sobre um acontecimento fatal. Madame Delahaye avisou Christian para não embarcar e ficar na França. O mau presságio foi ignorado e, nos seus dias na Toscana, ele morreu de um ataque cardíaco. 

Elsa Schiaparelli e os astros

Outro nome guiado pelo universo, neste caso astrológico, foi a lendária Elsa Schiaparelli. Desde a infância, a estilista italiana tinha interesse pelas constelações, graças à influência do tio Giovanni Schiaparelli, um dos principais astrônomos do século XIX e o primeiro a esboçar um mapa de Marte. Nas bochechas de Elsa, Giovanni ligou suas pintas e desenhou uma Ursa Maior, a mais famosa constelação do hemisfério Norte. 

Ao longo da sua carreira, essa imagem se transformou em seu talismã — usava, inclusive, um broche com a figura. Como forma de homenagem à fundadora, Daniel Roseberry trouxe elementos excêntricos do sistema solar para a Couture de 2022. Maxibrincos de planetas e estrelas, e anéis de Saturno, representados em círculos contornando os vestidos, deram um novo tom ao surrealismo da maison

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Tempo de mudanças

Olhar para o passado, seja relacionado às coleções ou aos criadores, é uma maneira de compreender como as previsões podem também ser aplicadas ao futuro. Afinal, há décadas a indústria da moda não passava por tantas transformações e incertezas em um curto espaço de tempo como agora. Nos últimos três anos, diretores criativos foram trocados e movidos para cargos inesperados.

Alessandro Michele, que liderou as coleções da Gucci por quase oito anos, se tornou o novo comandante da Valentino — após a improvável saída de Pierpaolo Piccioli. Enquanto isso, a Gucci vem enfrentando desafios — difíceis, diria — para emplacar sua nova estética e seu novo nome, Sabato de Sarno. Como esperado, e sem necessidade de recorrer ao tarô, a queda nas vendas alcançou os 20%. 

Com tantos nomes soltos no mercado e lacunas a serem preenchidas nas grifes, ainda há previsões de trocas e anúncios surpreendentes nos próximos meses. Virginie Viard, ex-diretora criativa da Chanel, teve sua saída anunciada após o mais recente desfile de Cruise 2025.

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Sugestões para sucessores? Algumas teorias rodam por aí. A aposta mais forte é Hedi Slimane, atual diretor criativo da Celine, que tinha uma admiração fora do comum — e era a maior aposta — de Karl Lagerfeld para a maison

Há também Pierpaolo Piccioli, que é querido pelo mercado e, se o universo colaborar, deve salvar algumas casas de Alta Costura que precisam reviver suas raízes, como a Givenchy e a Balenciaga. Se ele não quiser sair de Roma, como é de se esperar, vale aguardar pelos próximos capítulos nos ateliês de prêt-à-porter da Fendi.

Com a decisão de pular a temporada de Alta Costura de Inverno 2024, a grife romana pode fazer algumas mudanças em breve. Isso, no entanto, ainda é uma previsão — com muitas cartas desse baralho a serem tiradas.

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