Ninguém é trouxa sozinho
A humilhação que pode te ajudar a criar vergonha na cara
Onze horas da noite mandei uma mensagem: Ainda está doendo. Estou com saudades.
A luz do celular acende e a resposta dele: aqui também está muito. Sdds.
Corta para onze da manhã, gosto de guarda-chuva na boca. Ressaca moral. A mensagem!
E sabe o que isso me ensinou? Que não há nada mais poderoso que uma autohumilhação, aquele dia seguinte com gosto amargo na boca de “meu deus, por que eu cheguei no fim do poço?”.
Relaxa. Todo mundo. Todo mundo um dia se declara para uma porta fechada. E por isso nada mais eficiente que uma humilhação pós-amor para você atravessar a calçada quando avistar seu ex.
Fale. demonstre. Chore na balada ouvindo I wanna be yours, do Artic Monkeys. E depois pare.
Porque ninguém aqui vive no the walking dead da carência.
A gente há de se recuperar e aparecer deslumbrante em uma festa e fingir que aquele mico jamais aconteceu. Acredite, já passei por isso um milhão de vezes e ainda tô aqui em pé e pegando gente.
Aquela Martchela do textão? Uau! Nem lembro, deve ter sido o zolpidem.
Passar bem.
“Quando olhaste bem nos olhos meus
E o teu olhar era de adeus
Juro que não acreditei
Eu te estranhei
Me debrucei
Sobre teu corpo e duvidei
E me arrastei e te arranhei
E me agarrei nos teus cabelos
Nos teus pelos
Teu pijama
Nos teus pés
Ao pé da cama”
Todo mundo merece um dia se despir do pudor e morrer de amor para nunca mais morrer de amor. Se até Elis Regina cantou e chorou com essa música, todas nós estamos permitidas.
Há licença para uma amor cafona e um fim trágico com lágrimas e textões.
Mas, por favor, se puder fazer terapia e evitar você vai se sentir melhor.
Primeiras medidas para um Brasil sem trouxas.