SEXO? Não, obrigada
Vacinados, de volta ao novo normal, mas chipados de novos hábitos
Sim, estamos vivendo a era dos sem-sexo. A pandemia jogou as pessoas dentro de casa e a dança do acasalamento ficou prejudicada. O delivery de vibradores e todo o tipo de arsenal do autoamor, tudo na palma da mão. Pra que homem? Isso sem contar o sexo virtual, as peguetes e bofes que gemem, requebram, gozam na telinha sem contato físico. Tudo limpo, em 4K, tecnologia 5G , pago com pix.
Então a vida do rala e rola, sobretudo dos maduros, ficou quase um esforço atlético. Tomar banho, se emperequetar, colocar roupa de marca, bookar o restaurante, comer e beber muito, rachar o motel pro cara tomar um azulzinho e quem sabe nem performar? Ai que sono. Muito melhor fazer um miojo safado, ficar desgrenhada em casa, colocar um proibidão em canal adulto e mandar ver nos brinquedinhos que entram em todos os orifícios possíveis. Tudo no conforto de nossa cama, sem caras e bocas e ainda com direito a um Rivotril para espantar a melancolia.
Brincadeiras a parte, os 60+ só topam um date mais legal se tiver um plus no entretenimento. Quem sabe pedalar e aproveitar a vista deslumbrante do Rio? Um carteado na Serra? Um retiro mindfulness em algum balneário tipo Búzios ou Angra? E, se no meio disso rolar um clima ou a gente conhecer alguém mara, aí sim tiramos a lingerie do armário, espantamos a naftalina daquele vestido sexy, calçamos novamente aquela sandália vermelha que amarra na perna e tomamos um banho de Cleópatra.
Tudo para ganhar fôlego. Tempos estranhos. Vacinados, de volta ao novo normal, mas chipados de novos hábitos. Não sei se tenho saudade daquela cena erótica toda, mas um amasso na escada, mão naquilo, aquilo na mão, lambe daqui, arfa ali, quem não curte? Menos nudes por favor. Vê se anima aí e me liga pra sair.