Quebrar a cara na maturidade é mais comum do que se imagina
Kika Gama Lobo conta como quebrar a cara em um tombo pode despertar uma reavaliação de valores
Ontem, num jantar entre amigas, após uma noite excelente e rara nestes tempos pandêmicos, tropecei e caí de cara no chão. Um tombo violento. Não vi um degrau e me espatifei com o rosto em uma quina que me rendeu um galo na testa e um arroxeado na face.
Fiquei pensando sobre o significado por trás da obviedade do fato. “Quebrar a cara” na maturidade é mais comum do que se imagina. Um amor, um trabalho, um sonho… Por vezes acreditamos nas histórias que contamos para nós e seguimos na direção errada por muitas léguas. Será que meu tombo foi um alerta? Eu estava tão bem… Havia passado um dia bacana, produtivo, colhendo os frutos das minhas ações em torno do Dia Internacional da Mulher e pá! Levo uma porrada no meio da cara.
E assim, entre gelos, tandrilax e repouso ainda não tive uma resposta clara, mas saquei que preciso refletir mais sobre os meus passos. Acho que essa coisa de precisar de um trauma para acordar me levou para outra forma de pensar. Ao invés de ficar irritada com o fato, de reagir com revolta, agradeci. Primeiro porque não quebrei os dentes nem tive nada no cérebro (eu acho), e ainda serviu para eu reavaliar valores e premissas que a bobinha aqui achava que estavam sob controle.
A gente acredita que passou dos 50 e tem uma visão holística e completa da jornada. Que calcula com mais precisão o caminho. Que ilusão! A vida é sempre mais soberana em seus errantes passos e gosto com força daquela frase: “Enquanto você planeja, Deus ri”. E vocês, podem compartilhar comigo algo tão banal quanto o meu tombo, mas que revela tanta força escondida? Não sei se estou mais carinhosa comigo, menos ácida e dura, mas o fato é que esse tombaço foi uma alavanca para eu me reerguer. Vai entender né?