Natal pra quê?
Na maturidade, devemos nos libertar daquilo que todo mundo faz por obrigação
Uma amiga me contou que, há mais de 2 anos, desistiu de montar sua árvore de Natal. Pede emprestada a de sua portaria, ao porteiro-chefe de seu prédio na noite do dia 24, faz bonito durante a ceia, e a devolve no dia seguinte. Fiquei pensando como esse gesto simbólico, de apropriação alheia (consentida, é claro) é sensacional. Salvo a caretice do julgamento de alguns.
Como assim alguém, católico, não monta sua decoração natalina? Santa patrulha! Eu adorei a ideia. Acho que devemos nos libertar, sobretudo na maturidade, daquilo que todo mundo faz. Por que missa de 7º dia? Por que comemorar aniversários sem vontade? Por que almoços de domingo que sempre terminam em barraco? Cada vez mais precisamos de nosso salvo-conduto para tornar nossa existência mais leve. Essas amarras em tempos de mil.
Apps que facilitam a vida; em dias de empoderamento feminino; em gritas de tudo o que nos oprime, precisam ganhar mais auto-falantes. Eu quero menos convenção, moldura, ritos. Quero ser mais desabada em minha rotina e mais livre em meu porvir. O lance da árvore de Natal é emblemático. Fui postar a ousadia da colega no Facebook e recebi uma vomitação de julgamentos. Como se montar a árvore fosse obrigatório. Estamos vivendo numa época chata. Pessoas querendo comandar pessoas. Tô pensando até em ter uma DR com Papai Noel e pedir para transferir sua chegada para julho. Acharia mais civilizado no meio do ano. Quem me apoia?
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